Chegou o Classificado do Brazilian Times. Divulgue ou busque produtos e serviços agora mesmo!

Acessar os Classificados

Publicado em 24/04/2015 as 12:00am

Falta de testamento atrasa sepultamento de brasileira em NY

Natural do Ceará, Raimunda nasceu no dia 15 de dezembro de 1947. Segundo informações, a brasileira teria vivido por muitos anos no Rio de Janeiro e nos Estados Unidos morou por cerca de 25 anos.

A advogada Sulene Freitas Schubert, residente em New York, tem passado por dias de intensa luta para poder garantir à sua amiga, Raimunda Lírio Fontenele, velório e sepultamento dignos. São mais de dez dias tentando solucionar o caso, porém a falta de laços sanguíneos ou um testamento tem impedido a amiga da falecida de poder agir com mais eficácia.

Na manhã do último dia nove de abril o corpo de Raimunda foi encontrado, em seu apartamento, pelo administrador do prédio onde morava, em New York. O aquecimento estava passando por consertos e, ao não responder à campainha, os trabalhadores procuraram o administrador que abriu a porta e se deparou com a faxineira já sem vida. Vítima de ataque cardíaco a brasileira também lutava contra o câncer. “Fui pega de surpresa com o telefonema da polícia comunicando o falecimento. O administrador, ao abrir a porta, encontrou o corpo no chão, junto à mesa a qual tinha um prato de comida. Ligaram para o 911 e através do documento que assinei a respeito do seu tratamento de câncer, o ‘health proxy’, eles me acionaram”, comenta a advogada e amiga da falecida.

Natural do Ceará, Raimunda nasceu no dia 15 de dezembro de 1947. Segundo informações, a brasileira teria vivido por muitos anos no Rio de Janeiro e nos Estados Unidos morou por cerca de 25 anos. Trabalhava como faxineira e há mais de dez anos conviveu com a família de Sulene.

Apesar do choque da notícia a advogada precisava agir rápido para providenciar o velório e sepultamento, porém não tinha ideia da burocracia que ia enfrentar. Sem ter o contato dos familiares no Brasil ela iniciou uma busca, através das mídias sociais, para encontrar alguns dos parentes a fim de comunicar o falecimento e, em paralelo, corre atrás das autoridades a fim de solucionar o caso.

“Minha maior dificuldade está em achar os familiares, pois Raimunda falava muito pouco da família. Logo que foi diagnosticada com o câncer eu insisti para que ela me passasse um contato no Brasil. Até agora não consegui. Comuniquei o Consulado Brasileiro e também a rádio da cidade de origem, Ipueras-CE, através da igreja que frequentava localizei uma amiga próxima”.

Outro problema no qual Sulene tem esbarrado é a preparação do funeral. “Ray (era assim que a chamava) não chegou a assinar um testamento que comecei a fazer onde ela me nomeava para cuidar de tudo após a morte! Com isso a falta de laços sanguíneos e sem documento mencionado, não pude ter acesso ao apartamento para dar uma busca de agenda, números telefônicos que poderiam me levar até a família. Cheguei a pleitear na Court! Resposta negativa! Mas a polícia de New York começa a me dar alguma credibilidade quando mencionei que o dinheiro do sepultamento estava em local determinado no apartamento e eles encontraram conforme descrevi. Quando Ray estava em tratamento ela havia mencionado sobre isso. E já que não era permitido meu acesso ao local pedi que eles também encontrassem alguma agenda ou números telefônicos. Os números que recebi não eram da família”, comenta desapontada.

Sulene conta que em outubro de 2014 a amiga tinha sido diagnosticada com câncer no pulmão e o médico teria dado a ela entre um e dois anos de vida. Devido ao fato de Raimunda não ter parentes residindo na América foi Sulene quem assinou os documentos do hospital (health proxy) como o contato imediato da paciente. “O tratamento iniciou-se imediatamente fazendo quimioterapia a cada 21 dias. Na ocasião cheguei a perguntar a Raimunda se ela queria voltar para o Brasil. Ela foi enfática: ‘Não! Farei o tratamento aqui’. A acompanhei em muitas das consultas e conversei com oncologista que me confirmou que ela estava respondendo muito bem ao tratamento. Na última consulta em que a acompanhei, no início de março o laudo foi que 90% do câncer estava curado. Aos poucos ela estava voltando a sua rotina nos serviços de limpeza.  Como ela dizia: ‘preciso pegar o comando da minha vida de volta’!”

Confira um pouco mais da conversa que tivemos com Sulene.

Nas tuas idas e vindas da delegacia, o que conseguiu até agora?

Sem os laços sanguíneos e sem o testamento, pequenas coisas que consigo são grandes vitórias! Por exemplo: fui chamada para reconhecer o corpo na sexta-feira 18 de abril. Hoje, com minha insistência junto NYPD, consegui a informação que serei comunicada data e local do velório!

Quais são as suas frustrações?

Ajudei a Ray em vida o que pude fazer. Isso me conforta! Para completar o ciclo da nossa passagem por aqui a falta de um comunicado a família me frustra.

Como era Raimunda em vida e seu relacionamento com ela?

Alegre, brincalhona, fazia do limão a limonada, direta em suas respostas e muito honesta. A Ray tinha amor de mãe comigo! Tinha o zelo muito grande por tudo que me cercava!

Qual seu apelo neste momento para os leitores do jornal?

De toda história uma lição: se não tem parentesco consanguíneo no local que escolheu viver, faça um testamento nomeado alguém da sua confiança para cuidar dos seus pertences e corpo após a sua morte! Isso pode acontecer com qualquer um e a qualquer momento!

Fonte: Da Redação do Brazilian Times | Texto de Marisa Abel

Top News