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Publicado em 7/07/2016 as 11:00am

Falhas em aviões ocorrem, mas não impedem voo seguro; conheça algumas

Até o piloto automático pode falhar, mas será que é motivo de desespero?

Longe do chão, todo mundo que viaja de avião gostaria de imaginar que a aeronave está na mais perfeita condição, sem o mínimo defeito. Na prática, os aviões, assim como qualquer máquina, são suscetíveis a falhas mecânicas e eletrônicas. Nem sempre esses problemas impedem o voo, mas nunca podem ser graves o suficiente para colocar a segurança dos passageiros e da tripulação em risco.

"Faz parte do dia a dia do piloto a solução dos problemas e o gerenciamento de crises. Acontece da aeronave ter itens inoperantes ou com eficácia reduzida, desde que não afetem a operação", explica o piloto Mateus Ghisleni, diretor da Secretaria de Segurança de Voo do SNA (Sindicato Nacional dos Aeronautas).

A redundância de diversos sistemas -- a existência de mais de um equipamento capaz de executar a mesma função -- permite a realização do voo sem prejuízos, mesmo com um componente defeituoso. "Não é diariamente que ocorre alguma falha, mas quando acontece temos o respaldo do manual do fabricante e mais de um sistema de backup", diz o co-piloto de linha aérea Thiago Pessanha. O manual traz a relação dos equipamentos mínimos necessários para a aeronave voar sem riscos, além das restrições que o item com mau funcionamento trará e o prazo para a manutenção. 

Cada modelo de avião tem suas particularidades e diferentes situações podem surgir e serem contornadas, como falhas no piloto automático, problemas em algum instrumento de voo e até pane em um gerador de energia (veja exemplos abaixo). Contudo, o prosseguimento da viagem vai depender da importância daquele equipamento conforme as condições de voo. Alguns itens são chamados de "NO GO", que significa que a aeronave não deve voar sem eles.

O comandante e instrutor de voo Raphael Scalzaretto, piloto profissional há 10 anos, faz uma analogia com o farol queimado do carro para explicar o que seria um problema aceitável ou não na aviação. "Durante o dia você pode andar tranquilamente sem o farol, porém, durante a noite seu carro não está em condições de uso. Já a luz de freio seria em qualquer condição um item 'NO GO'. Basicamente, com as aeronaves é assim que funciona, mas com um pouco mais de complexidade", compara.

Problemas humanos
Com o avanço das novas tecnologias e dos sistemas automatizados, os aviões estão cada vez mais seguros e menos sujeitos a falhas mecânicas. Segundo levantamento da ASA (Aviation Safety Network), 2015 foi o ano com menor número de acidentes fatais da história da aviação. Houve 14 acidentes, sem considerar dois atentados. O relatório leva em conta aeronaves comerciais com mais de 14 passageiros. Para efeito comparativo, a ASA registrou 20 desastres aéreos em 2014 e 29 no ano anterior.

No Brasil, dados do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), ligado ao Comaer (Comando da Aeronáutica), mostram que, depois de uma fase de ascensão, o número de acidentes tem diminuído nos últimos três anos. Em 2012 foram 178, enquanto 145 foram registrados em 2014. 

Vale destacar que a metodologia do registro de ocorrências do Cenipa é diferente da ASA. Para o Cenipa, são considerados acidentes asa situações em qualquer aeronave tripulada que resultem em vítimas (fatais ou não), danos graves ou desaparecimento do avião.

As falhas humanas são as principais causas de acidentes no Brasil e no mundo. "A aeronave mudou completamente porque a máquina evoluiu muito, mas o ser humano é programado para falhar. Por isso, é muito difícil diminuir as falhas humanas na aviação", diz o major aviador Daniel Duarte Moreira Peixoto, especialista em prevenção de acidentes aeronáuticos da FAB (Força Aérea Brasileira).

Segundo o levantamento do Cenipa, os três maiores fatores contribuintes para os acidentes aéreos no Brasil nos últimos dez anos foram: julgamento de pilotagem (13,23%), supervisão gerencial (10,55%) e planejamento de voo (9,08%). "Percebemos muito presente em nossos relatórios os problemas relacionados ao processo decisório do piloto e à supervisão. Eles deixam de seguir o que é previsto. Às vezes existe uma falta de aderência às normas", destaca Peixoto.

Para tentar minimizar os erros, as companhias aéreas investem massivamente em treinamentos. "Temos aulas, provas orais e práticas a cada seis meses. Desconheço outra profissão em que isso aconteça", diz Mateus Ghisleni.

Do outro lado da cabine, as questões humanas também atrapalham mais do que as falhas mecânicas. "Passageiros com problemas de saúde, embriagados, com crise de pânico por medo de voar e brigas são algumas das situações que temos de lidar dentro do avião e acabam sendo mais frequentes do que os problemas mecânicos", revela o piloto e diretor do SNA. 

Conheça 5 panes contornáveis 

  1. Ar-condicionado
    Já sentiu calor dentro do avião antes da decolagem ou depois do pouso? Pode ser problema no ar-condicionado, já que esse não é considerado um item essencial em todas as fases do voo. Quando a aeronave está em solo, o sistema funciona graças à energia gerada por uma unidade auxiliar chamada de APU (Auxiliary Power Unit), localizada na parte traseira do avião. O mau funcionamento da APU ou outra razão que exija que a unidade permaneça desligada afetam a refrigeração. Entretanto, durante o voo outros geradores elétricos fazem o ar-condicionado funcionar, não sendo empecilho para a viagem, apesar do incômodo em solo.
     
  2. Piloto automático
    Se você tem medo de voar, respire fundo agora: falhas nos sistemas de piloto automático podem ocorrer sem que isso impeça o prosseguimento do voo. Porém, a ausência desses equipamentos irá gerar uma sobrecarga de trabalho. Os pilotos deverão fazer manualmente todo o manejo da aeronave e o controle do voo. Além de fornecer informações, o sistema auxilia o trabalho dos pilotos por meio de compensações de velocidade conforme o vento e outros aspectos que influenciam o voo. Sem piloto automático, o avião terá restrições com relação à altitude e a entrada em alguns espaços aéreos, como o chamado RSVM (Separação Vertical Mínima Reduzida), estipulado em mil pés.
     
  3. Indicador de combustível
    Será que chega? Às vezes, alguns indicadores do painel de cabine entram em pane, assim como acontece com os mostradores do carro. O indicador de combustível é um dos itens sujeitos a esse tipo de problema. Contudo, existem outras formas externas de medir a quantidade de combustível armazenada na aeronave, permitindo estimar com segurança o necessário para a realização do voo previsto. A medição, nesse caso, é feita de maneira manual por meio de uma régua.
     
  4. Radar meteorológico
    Esse é um equipamento importante que guia os pilotos fornecendo informações com relação às condições meteorológicas, como chuva, densidade das nuvens, quantidade de gelo e outros fatores que podem exigir desvios da aeronave. Se falhar durante o voo, vai obrigar os pilotos a operarem de forma visual, o que é inviável em um voo noturno. Um problema no radar meteorológico pode ser um item "NO GO", dependendo das condições de tempo. Se a previsão for boa durante o voo e no aeroporto do destino, será possível prosseguir sem prejuízos. Caso contrário, poderá demandar um pouso no aeroporto mais próximo.
     
  5. Gerador elétrico
    Toda aeronave comercial tem mais de um gerador elétrico e uma bateria. Por mais que exista mais de uma fonte de energia, uma pane em um dos geradores é uma situação mais complexa e desconfortável para a tripulação. Apesar de funcionar plenamente sem um dos geradores, haveria algumas perdas nos sistemas controlados por essa unidade. Entretanto, o voo poderia ser finalizado com segurança. 

Fonte: http://viagem.uol.com.br/

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