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Publicado em 5/12/2016 as 2:00pm

Casal de brasileiros atravessa os EUA alimentando cães de rua

Casal de brasileiros atravessa os EUA alimentando cães de rua

Sergio Medeiros e Eleni Alvejan viajaram mais de 13 mil km desde 2015, quando venderam tudo e saíram de São Caetano, na Grande São Paulo, até o Alasca.

O Projeto Mundo Cão, criado pelo casal em 2013 para ajudar animais abandonados nas ruas, ganhou o mundo e viajou até a América do Norte resgatando bichos pela estrada.

Tiveram experiências tristes ao lado de esperançosas. Viram uma cachorra morrer dentro do carro ao tentar socorrê-la de um envenenamento, mas também conseguiram salvar um cão com "o pescoço aberto de fora a fora" e arrumaram abrigo para filhotes encontrados pela estrada.

Enfrentaram vários percalços pelo caminho: foram roubados no México. No Equador, sentiram um terremoto. Em El Salvador, acamparam no vulcão Masaia, de onde precisaram sair às pressas porque o gigante começou a despertar.

Não foi uma viagem fácil. Eles administravam uma verba entre US$ 700 e US$ 800 por mês (entre R$ 2.390 e R$ 2.730), proveniente da venda de alguns produtos e de apoiadores do projeto. Eram gastos principalmente com combustível, lugar para tomar banho e comida para eles e para os cachorros. Para economizar, sempre dormiam no carro, a menos que lhes oferecessem hospedagem gratuita.

Não fazem ideia de quantos cachorros atenderam ou quanto distribuíram de alimento pelo caminho, mas não se importam. Sabem que a ajuda foi grande e se sentem bem.

Eles se depararam com muitos cães que evitavam a aproximação, temendo ser novamente maltratados. Em outros casos, os bichos se aproximavam em puro desespero, na esperança de algo que aplacasse a fome. Engoliam a ração sem mastigar. Outros, com a pele colada aos ossos, não tinham forças para comer e tinham de ser alimentados na mão.

"Encontramos muitas cadelas prenhes ou com sinais de que haviam dado cria. Esse é o maior problema dos cães abandonados: eles seguem procriando descontroladamente e isso aumenta absurdamente a quantidade de cães nas ruas", diz Medeiros.

"Talvez nossa maior dificuldade tenha sido a impotência cada vez que encontrávamos um cachorro pelas ruas. Virar as costas e ir embora é o pior sentimento que temos provado. Muitas vezes nem olhamos para trás, nos sentimos covardes e sentimos vergonha de pertencer a uma raça que chega aos extremos da maldade e crueldade achando tudo normal."

Súplicas e adoções

Na América Central e no México, a situação que encontraram é bastante semelhante à da América do Sul: muitos cães perambulando pela rua e uma mistura de pessoas indiferentes e desrespeitosas com quem ama os bichos e tenta fazer algo por eles.

"Se tem uma palavra que define os cães abandonados é 'tristeza', tanto faz se estão no Brasil, na Nicarágua ou no México, eles têm sempre o mesmo olhar de súplica, esse olhar é a principal característica destes cães", diz.

Já nos Estados Unidos e no Canadá, segundo eles, há pouco desses animais pelas ruas e estradas.

"Temos de tudo na América: vulcões, desertos, lindas praias, altiplanos, comidas deliciosas, fauna, flora e cultura riquíssima. Viajando de carro mergulhamos nas pequenas cidades onde estão escondidos verdadeiros tesouros", lista Medeiros sobre a peregrinação.

A viagem

Para celebrar a viagem, o casal uma feijoada em Inuvik, região do Circulo Polar Ártico canadense. "Impressionante ver uma paisagem e saber que além disso não existe mais nada. Que você está literalmente chegando no finalzinho do mundo", diz Medeiros.

E depois do Alasca? "Não nos importa o que digam, somente eu e a Eleni sabemos como foi cada encontro com esses cães e a reação deles por terem um pouco de comida e carinho, mesmo que por um instante", diz Medeiros.

Por isso, o casal afirma que a aventura ainda não terminou --nem sabem se um dia terminará. "O que antes era uma 'viagem' de ida e volta ao Alasca, agora se tornou um estilo de vida", conta ele, diretamente do Oregon, na Costa Oeste dos EUA, onde estão.

Planejam levar o carro para a Europa no início de 2017 e iniciar uma nova fase do que agora, pretendem, se tornará uma andança por todo o mundo. A nova rota traçada contempla a África, o Oriente Médio e a Ásia.

"Nosso projeto continua. Mesmo porque sem ele perderíamos uma grande oportunidade de aprender", define ele. "Não temos ideia do que vamos encontrar pela frente com relação aos animais em todos os países que pretendemos visitar, mas, com certeza, sempre vamos alimentar um cão abandonado, simplesmente porque os amamos e isso nos faz bem."

"Hoje vivemos na estrada, somos viajantes, não temos um destino totalmente certo, temos apenas alguns planos e a vida vai se encarregar do resto. Queremos viver e ser parte de nossas histórias."

Como ajudar

Procura-se Cachorro: www.facebook.com/ProcuraseCachorro

O projeto é um buscador de animais desaparecidos em todo o Brasil. O ponto de encontro inteligente acompanha informações na região e é um serviço é gratuito para a população. Mais de 2.850 cães já voltaram para casa

Projeto SalvaCão: www.facebook.com/ProjSalvacao

O grupo de proteção animal não tem fins lucrativos e trabalha apenas com voluntários. A ideia é tratar, castrar e encaminhar para adoção cães e gatos retirados das ruas ou de locais onde sofriam maus-tratos.

Hopet: www.facebook.com/ProjetoHopet

Um projeto independente que busca meios de reverter fundos para ONGs e abrigos. A Hopet arrecada toneladas de ração e distribui entre as instituições necessitadas.

Celebridade Vira-Lata: www.facebook.com/celebridade.viralata

O projeto produz calendários com imagens de cães vira-latas. A renda é destinada à realização de mutirões de castração de animais carentes e, em cinco anos, os números já passam de 5.200. A ideia é ajudar a diminuir a quantidade de bichos nas ruas

Animais da Aldeia: www.facebook.com/AnimaisdaAldeia

Projeto realizado por voluntários para arrecadar fundos para cães e gatos abandonados na Aldeia do Jaraguá. São muitos animais deixados na região e os índios vivem em uma situação extremamente carente para sustentá-los.

Asseama: www.facebook.com/ASSEAMA

O Centro Espírita Asseama possui um Santuário que acolhe animais silvestres. Hoje são 176 bichos e a renda para mantê-los vem das vendas no restaurante vegano instalado dentro da instituição.

Fonte: Brazilian Times

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