Um brasileiro que trabalha como policial na cidade de Belmont, Califórnia, foi preso na semana passada sob a acusação de estupro. Novas revelações feitas pelo I-Team levantam sérias dúvidas sobre o processo de contratação de Felipe Gomes, de 35 anos, que, antes mesmo de se tornar policial, já havia sido preso por violência doméstica.
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Contratado como policial mesmo com histórico de violência doméstica, brasileiro é agora acusado de estupro na Califórnia

Um brasileiro que trabalha como policial na cidade de Belmont, Califórnia, foi preso na semana passada sob a acusação de estupro. Novas revelações feitas pelo I-Team levantam sérias dúvidas sobre o processo de contratação de Felipe Gomes, de 35 anos, que, antes mesmo de se tornar policial, já havia sido preso por violência doméstica.
O caso remonta a 2017, quando ele e sua esposa, então em férias nos Estados Unidos, se hospedaram em um hotel em Kissimmee, na Flórida. Segundo o boletim de ocorrência, após ver mensagens de texto de um ex-namorado no celular da esposa, Gomes a agrediu com socos no rosto e no estômago.
A polícia local relatou hematomas visíveis no rosto da vítima. Ambos foram acusados de agressão, mas os promotores acabaram arquivando o caso um mês depois.
Apesar do histórico preocupante, Gomes foi contratado pela polícia de Belmont, mesmo após o chefe da corporação, Ken Stenquist, ter sido alertado por colegas da Polícia de East Palo Alto e do Gabinete do Xerife do Condado de San Mateo — duas agências que já haviam recusado Gomes justamente por causa desse incidente.
Na época da contratação, o chefe Stenquist exaltou a trajetória de Gomes, destacando sua experiência na Força Aérea Brasileira e sua atuação como policial militar no Brasil. “Ele gosta de praticar jiu-jitsu e frequentar a igreja em seu tempo livre”, disse o chefe em uma apresentação oficial há apenas quatro meses.
A situação se agravou quando, na semana passada, Gomes foi preso dentro da própria sede da polícia de Belmont por investigadores de Redwood City, sob o código penal 261(a)(1), que trata de estupro.
Além do histórico criminal, a condição imigratória de Gomes também chamou atenção. O I-Team confirmou que ele não é cidadão americano, mas possui autorização legal de trabalho. Sua contratação como policial foi possível graças à lei SB 960, sancionada pelo governador Gavin Newsom em 2022, que permite que imigrantes com visto, green card ou permissão de trabalho sirvam como oficiais de polícia na Califórnia.
Especialistas em segurança pública, como o ex-comandante da polícia de San Francisco, Rich Corriea, criticam a contratação. “Mesmo que os processos tenham sido arquivados, um histórico de violência doméstica deveria ser um fator desqualificante”, afirmou Corriea. “Queremos pessoas naturalmente capacitadas para desescalar conflitos, não o contrário.”
Felipe Gomes foi demitido após a prisão. O caso agora está nas mãos da Promotoria do Condado de San Mateo. O I-Team tentou contato com Gomes e com sua esposa, atualmente no Brasil, mas ambos se recusaram a comentar.
Enquanto outros estados norte-americanos também permitem que não-cidadãos se tornem policiais, muitas agências locais ainda exigem cidadania. O caso de Gomes reacende o debate sobre os critérios de seleção para quem carrega uma arma e tem autoridade para usá-la em nome da lei.
I-Team (abreviação de Investigative Team) é um time de jornalismo investigativo presente em várias emissoras de TV dos Estados Unidos, especialmente afiliadas da rede ABC, NBC, CBS ou Fox.
Essas equipes têm como missão fazer reportagens aprofundadas e investigativas sobre assuntos de interesse público — como corrupção, abusos de poder, falhas no sistema de justiça, ou má conduta de autoridades. Elas geralmente operam de forma independente dentro da redação, com mais tempo e recursos do que os jornalistas de cobertura diária.
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