No próximo dia 13 de maio, os governadores Tarcísio de Freitas (São Paulo) e Cláudio Castro (Rio de Janeiro) participarão de um evento em Nova York patrocinado pela Refit, maior devedora de ICMS do Brasil.
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Governadores brasileiros participam de evento em NY patrocinado pela maior devedora do Brasil

No próximo dia 13 de maio, os governadores Tarcísio de Freitas (São Paulo) e Cláudio Castro (Rio de Janeiro) participarão de um evento em Nova York patrocinado pela Refit, maior devedora de ICMS do Brasil. A empresa de combustíveis deve R$ 7,4 bilhões ao estado paulista e R$ 8,2 bilhões ao estado fluminense, mas, mesmo diante desse passivo bilionário, os chefes do Executivo estadual confirmaram presença sem qualquer manifestação pública sobre a situação fiscal da companhia.
O encontro ocorrerá no Hotel St. Regis, um dos mais luxuosos da cidade americana, onde as diárias ultrapassam os R$ 11 mil. A presença de autoridades no evento, custeado por uma empresa acusada de sonegação fiscal e que já esteve em recuperação judicial, levanta questionamentos sobre ética, conflito de interesses e responsabilidade fiscal.
Além dos governadores, estarão presentes o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, e o senador Ciro Nogueira (PP-PI), aliado da Refit no Congresso Nacional. Também é aguardada a participação do governador de Goiás, Ronaldo Caiado.
A Refit, controlada por Ricardo Magro — ex-advogado de Eduardo Cunha e atualmente residente em Miami —, tem um histórico de mais de 16 anos de inadimplência fiscal e responde a diversas investigações em São Paulo e no Rio. Ainda assim, mantém 31% do mercado de gasolina e etanol na capital fluminense, em parte por sua estratégia de preços baixos, sustentada justamente pela ausência de pagamento de tributos.
A Receita Federal estima que o setor de combustíveis tem drenado bilhões de reais da economia brasileira por meio de esquemas de sonegação e elisão fiscal. Especialistas apontam que esse tipo de prática está frequentemente associado a redes de lavagem de dinheiro e, em alguns casos, ao financiamento de atividades do crime organizado.
Apesar disso, Tarcísio e Castro, cujos estados enfrentam desafios fiscais significativos, optaram por prestigiar o evento financiado pela empresa devedora. Nenhum dos dois governadores respondeu aos questionamentos da imprensa sobre a contradição entre a crise de arrecadação enfrentada por seus governos e a proximidade com uma empresa que não cumpre suas obrigações tributárias.
A participação de figuras do Judiciário e do Legislativo no evento amplia as críticas sobre a relação entre poder público e grandes devedores fiscais. Para analistas, o silêncio das autoridades diante da inadimplência da Refit pode ser interpretado como conivência, além de minar a credibilidade das instituições no combate à sonegação.
A realização do evento reforça o debate sobre os limites éticos do patrocínio corporativo na política brasileira e evidencia a influência de empresas investigadas na formulação de políticas públicas e decisões estratégicas que afetam diretamente os cofres públicos.
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