Manifestação no Aeroporto de New Haven denuncia parceria da companhia aérea com o governo federal para transporte de imigrantes deportados
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Líderes religiosos protestam contra voos de deportação operados pela Avelo Airlines em Connecticut

Líderes religiosos de várias denominações protestaram na noite de segunda-feira (13) em frente ao Aeroporto Tweed New Haven contra a Avelo Airlines, empresa contratada pelo Departamento de Segurança Interna (DHS, sigla em inglês) dos Estados Unidos para operar voos de deportação de imigrantes. A manifestação coincidiu com o primeiro voo fretado pela companhia, que transportou imigrantes do Arizona para El Salvador.
Cerca de 15 clérigos de todo o estado se reuniram com cartazes e entoaram palavras de ordem como “Shame on Avelo!” (“Vergonha, Avelo!”), denunciando o envolvimento da companhia em ações que, segundo eles, violam princípios éticos, espirituais e de justiça social.
“O que é fácil, barato e conveniente nem sempre é o que é certo”, declarou o pastor Josh Williams, da Elm City Vineyard Church, em New Haven. Ao perguntar quem ali já havia voado com a Avelo, diversas mãos se levantaram. “Eu também voei. Mas agora vejo que há um custo que vai além do preço da passagem.”
Outros líderes religiosos também se manifestaram com base em valores espirituais. O bispo John Selders, da Amistad United Church of Christ, em Hartford, afirmou: “Quando os sistemas falham, temos a obrigação moral e espiritual de reagir. Estamos respondendo à depravação moral de decisões que colocam o lucro acima da dignidade humana”.
O pastor Jamie Michaels, da First and Summerfield United Methodist Church, lembrou: “As Escrituras não falam sobre tarifas aéreas ou inteligência artificial, mas são claras sobre como tratar o estrangeiro. O Livro de Levítico diz que devemos acolher o imigrante como a nós mesmos”.
A reverenda episcopal e doutoranda em Yale, Helena Martin, reforçou: “O verdadeiro cristianismo não separa famílias nem deporta pessoas com frieza. Ele exige compaixão”.
O rabino Herbert Brockman, da Congregação Mishkan Israel, em Hamden, emocionou o público ao lembrar da trajetória de seus pais imigrantes: “Eles fugiram da pobreza e da violência. Para nós, o juramento de lealdade com ‘justiça para todos’ sempre foi mais do que palavras — é uma promessa sagrada”.
Durante o protesto, uma imigrante equatoriana identificada como Margarita compartilhou sua história. Com auxílio de intérprete, contou que seu marido foi deportado após uma abordagem de rotina por agentes de imigração em Hartford.
“Quatro dias depois ele já estava fora. Agora vivo com meu filho de 9 anos numa igreja. Ele chora e diz: ‘Sinto falta do meu pai’.”
A organização Unidad Latina en Acción lançou uma campanha no GoFundMe para arrecadar fundos e ajudar mãe e filho a se reunirem com o pai no Equador.
O episódio não foi isolado. Em abril, o senador Richard Blumenthal (D-CT) já havia participado de outro protesto contra a Avelo e pediu publicamente que a companhia encerrasse o contrato com o DHS. Uma petição online nesse sentido já ultrapassou 37.800 assinaturas.
No âmbito legislativo, o Comitê Judiciário da Assembleia Legislativa de Connecticut aprovou uma emenda que amplia as restrições de colaboração entre empresas privadas e autoridades federais de imigração. A proposta prevê barrar empresas envolvidas em detenções ou transportes de imigrantes de firmarem contratos com o governo estadual.
O procurador-geral de Connecticut, William Tong, também se posicionou. Em carta enviada ao CEO da Avelo, Andrew Levy, expressou “profunda decepção” com o contrato. Em resposta, Levy alegou que havia “um mal-entendido fundamental” sobre a estrutura dos acordos com o governo federal e sugeriu que Tong solicitasse mais informações via a Lei de Acesso à Informação (FOIA).
O deputado estadual Steve Stafstrom (D-Bridgeport) ainda chamou atenção para o fato de a Avelo não pagar o imposto estadual sobre combustível de aviação, levantando dúvidas sobre os reais benefícios oferecidos pela empresa ao estado.
Posicionamento da Avelo Airlines
Procurada pela imprensa, a Avelo informou que sua prioridade durante a manifestação foi “garantir a segurança de todos os envolvidos”. Em nota, a gerente de comunicação Courtney Goff declarou: “Embora reconheçamos o direito à manifestação pacífica, nossa prioridade continua sendo a segurança e pontualidade de nossas operações”.
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