Mesmo com a remoção da lista do site, o governo Trump promete atualizações frequentes e reforça que sua meta é fazer com que todas as jurisdições estejam alinhadas com as diretrizes federais de imigração — sob pena de perder recursos e enfrentar ações legais. A batalha entre cidades santuário e Washington parece longe do fim.
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Trump retira do ar lista de cidades que “protegem imigrantes indocumentados” e eram alvos das operações do ICE

A lista publicada pelo governo Trump com nomes de cidades que supostamente adotam políticas de proteção a imigrantes indocumentados foi removida do site do Departamento de Segurança Interna (DHS) apenas dias após sua divulgação. O documento, baseado na Ordem Executiva 14287 — “Protegendo Comunidades Americanas de Criminosos Estrangeiros” — havia apontado mais de três dezenas de jurisdições nos estados de Nova York, New Jersey e Connecticut como não cooperativas com autoridades federais de imigração.
O objetivo do governo é pressionar administrações locais a revogarem leis que restringem a colaboração com o ICE (Serviço de Imigração e Alfândega), ameaçando cortar recursos federais. O DHS acusou essas cidades de “obstruir deliberadamente” a aplicação das leis imigratórias e, com isso, “colocar comunidades americanas em risco”.
Entretanto, no domingo, quem acessava o link da lista encontrava apenas um aviso de “Página não encontrada”. A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, confirmou que houve forte reação de prefeitos e autoridades locais, mas não explicou claramente o motivo da remoção. “Algumas cidades protestaram, dizendo que por não possuírem certas leis específicas não se encaixariam na definição. Mas elas qualificam, sim, como santuários”, afirmou Noem à Fox News.
Estados Tri-State entre os mais citados
Nova York foi listada com 12 cidades, incluindo a própria cidade de Nova York, além de Rochester, Syracuse, Ithaca, Albany e outras. O estado também teve 15 condados incluídos, como Westchester, Suffolk, Dutchess e Rockland. Em resposta, o advogado de Rockland County afirmou à imprensa que o documento seria retirado “devido a sérias dúvidas quanto à metodologia utilizada”.
O prefeito de Nova York, Eric Adams, já havia defendido as políticas locais e chegou a negociar com o chamado “czar da fronteira” de Trump, Tom Homan, a abertura de um escritório do ICE em Rikers Island. Mesmo assim, Adams sustenta que “imigrantes não devem ter medo de usar os serviços da cidade”. A administração municipal promete continuar lutando por “cada dólar federal que os nova-iorquinos merecem”.
O deputado Dan Goldman, que representa partes de Manhattan e Brooklyn, criticou a postura do governo Trump: “Isso é uma chantagem. Dizem que se a cidade não seguir a política federal, perde financiamento. É um ataque direto à autonomia local”.
New Jersey e Connecticut também reagem
Em New Jersey, 18 cidades foram mencionadas, entre elas Newark, Paterson, Hoboken, Jersey City e Camden. O Departamento de Justiça chegou a abrir processos judiciais contra algumas delas. Já em Connecticut, seis cidades estavam na lista, como Hartford, New Haven e East Haven.
O governador Ned Lamont repudiou a classificação, defendendo a “Trust Act”, lei estadual que limita a cooperação entre autoridades locais e o ICE. “Nada disso faz de Connecticut um ‘santuário’ do ponto de vista legal. Nosso foco é a segurança pública e o respeito à Constituição”, declarou Lamont.
Debate jurídico permanece acirrado
Apesar da ofensiva da Casa Branca, tribunais federais já decidiram, em casos anteriores, que o governo federal não pode usar o corte de verbas como punição a estados ou cidades que adotam políticas próprias em relação à imigração. Em diversas decisões, juízes reconheceram a autonomia dos entes federativos para criarem ou manterem legislações locais nesse tema.
Especialistas, como Murad Awawdeh, diretor da New York Immigration Coalition, pedem que autoridades locais “parem de contornar as leis santuário” e invistam mais em serviços jurídicos para imigrantes. Para ele, a colaboração com o ICE em locais como Rikers representa um retrocesso.
Mesmo com a remoção da lista do site, o governo Trump promete atualizações frequentes e reforça que sua meta é fazer com que todas as jurisdições estejam alinhadas com as diretrizes federais de imigração — sob pena de perder recursos e enfrentar ações legais. A batalha entre cidades santuário e Washington parece longe do fim.
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