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ICE amplia uso de agentes de trânsito para prender imigrantes nos EUA

Apesar das críticas, autoridades locais que aderiram aos acordos defendem a medida como uma ferramenta de segurança pública.


O Departamento de Imigração (ICE, sigla em inglês) tem intensificado sua presença nas ruas dos Estados Unidos ao firmar acordos com autoridades de trânsito estaduais e locais para identificar e prender imigrantes em situação irregular. A medida, que já atinge cerca de 40 estados, representa uma expansão significativa da cooperação entre agências de imigração e forças de segurança locais.

Desde o início de 2025, mais de 500 parcerias foram estabelecidas com departamentos de polícia e patrulhas rodoviárias, segundo dados oficiais. Em estados como Flórida, Texas e Tennessee, motoristas têm sido parados por infrações banais de trânsito — como farol queimado ou excesso de velocidade — e, após checagens em bancos de dados federais, repassados ao ICE.

Em Nashville, capital do Tennessee, blitzes realizadas por agentes estaduais resultaram na prisão de mais de 100 imigrantes em menos de uma semana. Em Houston, Texas, condutores relataram terem sido detidos e interrogados sobre seu status migratório mesmo sem qualquer histórico criminal.

As ações têm causado forte reação de organizações de direitos civis e imigrantes. Ativistas denunciam que essas operações alimentam práticas de perfilamento racial e desestimulam o contato da comunidade com as autoridades, mesmo em situações de emergência.

“Quando a polícia de trânsito começa a agir como extensão do ICE, isso quebra o vínculo de confiança que levamos anos para construir com essas comunidades”, disse Carla Méndez, diretora da Coalizão pelos Direitos dos Imigrantes da Flórida.

A tensão aumentou ainda mais após o condado de Nassau, em Nova York, ser processado por violar leis estaduais ao assinar um acordo com o ICE. O caso reacendeu o debate sobre até que ponto governos locais devem colaborar com a aplicação das políticas federais de imigração.

Durante a conferência nacional de chefes de polícia, realizada este mês em Miami, milhares de manifestantes foram às ruas para exigir o fim dessas cooperações. Cartazes pediam o respeito aos direitos humanos e denunciavam o uso de recursos policiais para fins migratórios.

Apesar das críticas, autoridades locais que aderiram aos acordos defendem a medida como uma ferramenta de segurança pública. O governo federal, por sua vez, alega que o programa é voluntário e tem como foco criminosos com ordens de deportação pendentes.

Na prática, no entanto, a maioria dos detidos não possui condenações ou antecedentes criminais. São pessoas que estavam indo ao trabalho, levando os filhos à escola ou cumprindo atividades rotineiras — e que agora enfrentam o risco de deportação simplesmente por terem sido paradas no trânsito.

A intensificação das parcerias entre ICE e agências de trânsito indica uma nova fase na repressão migratória nos EUA — uma fase em que até uma simples infração pode se tornar o começo de uma deportação.

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