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Publicado em 30/06/2008 as 12:00am

Fazendeiros americanos tentam a sorte no Brasil

Apesar de algumas dificuldades, encontram oportunidade e aventura

            Pode ser que eles nem se achem agentes da globalização, mas o número crescente de fazendeiros americanos que agora vivem no Brasil, mostra que muitos preferiram juntar forças ao rápido crescimento do país como um dos maiores centros agriculturais do Mundo.

Desde há algumas décadas, o Brasil tem se transformado em "home" para algumas comunidades de fazendeiros seguidores da religião Mennonita.

·        Os Mennonitas são um grupo de cristãos Anabatistas, batizados com esse nome por Menno Simons, que viveu entre 1496 e 1561. Seus ensinamentos estão comprometidos com a não-violência, resistência não violenta à violência e totalmente voltados ao pacifismo.

 

Uma onda moderna, formada, na sua maioria, por jovens fazendeiros investidores, resolveu tomar o caminho do Sul, buscando mais lucros. Talvez, para descobrir novas formas de como enfrentar desafios que mais parecem reminiscentes das fronteiras americanas do passado, nada similar ao cinturão agricultural dos EUA nos dias atuais.

"O que estamos fazendo aqui não é nada diferente do que nossos avós e bisavós fizeram no passado", comenta Matthew Kruse, um nativo da cidade de Royal, Iowa.

Ele dirige as operações de 3 fazendas agrupadas num total de 23 mil acres, para uma franchise já conhecida pelo nome de Fazendas Iowa. Ele foi ao Brasil pela primeira vez em 2001, depois mudou-se permanentemente em 2004. Tem uma namorada brasileira e, nas fazendas, administra entre 90 a 150 trabalhadores, dependendo da época do ano. Quando visitou o Brasil pela primeira vez, "parecia que estavámos olhando a alguma coisa saida do National Geographic. Parecia que tínhamos caído em outro planeta. Hoje, posso chamar isso aqui de Home".

Muitos desses americanos deixaram o Midwest dos EUA, aonde as fazendas se transformaram em investimentos carísissimos e as oportunidades para administrar um espaço grande ficaram esparsas.  No Brasil, o custo fica 40% abaixo do preço. Alguns anos atrás, o custo era ainda mais atraente.

Os ganhos, algumas vezes incertos, vêm da forma de administrar os lucros e a valorização da terra cultivada.

 

John e Kelly Carrol consideram um acerto, terem ido ao Brasil cultivar terras. "Colocamos todo o nosso dinheiro nesse negócio",  disse John, de 27 anos. Os dois se formaram na faculdade em 2003, casaram-se e foram passar a lua de mel no Brasil.

A família do John possui uma fazenda em Illinois, EUA. Lá, eles plantam milho, soja e criam porcos. Na Bahia, onde está localizada sua fazenda, ele trabalha com algodão e fabrica alguns produtos derivados. Junto com outros investidores, supervisiona 100 empregados full time num espaço de 20 mil acres. Uma operação diferente do que se nota típicamente no centro-oeste americano.

Entretanto, como previsível, a mudança para o Brasil teria que passar por inúmeras adaptações. John teve dengue e dificuldade em aprender o português. As temperaturas anuais e o serrado brasileiro são bem diferentes ao que ele estava habituado. Além disso, a burocracia que os americanos enfrentam, também monta um nó meio kafkiano em suas cabeças. "Tente tirar uma carteira de motorista por aqui", disse Tyler Bruch, um fazendeiro de Iowa que se mudou para o Brasil em 2003. "Há que ter muita paciência e o Brasil ensina isso", completou.

Kelly, a esposa do John, teve que fazer mudanças na rotina, também. "Fiquei chocada quando cheguei. Meus amigos me perguntavam lá dos EUA: O que é que você está fazendo aí?"

Eles moram numa confortável casa de 3 quartos com piscina e têm um bebê de 1 ano e meio, Audra. Ela faz o trabalho de contabilidade e prepara o imposto de renda. Sentem saudade de certos tipos de alimentos, como o "peanut butter", que não dá para encontrar na cidade conhecida pela alcunha de LEM (Luis Eduardo Magalhães), na Bahia.

O prefeito de LEM, Oziel Oliveira, afirma que os "americanos já estão se transformando em brasileiros".

Scott e Mandy Harker também decidiram mudar para LEM. Em Idaho, Scott plantavam tomate, milho, feno e trigo, mas o custo da terra fez mais tudo mais difícil para operações maiores. "Lá, parecia que estávamos num navio que afundava, somente esperando que submergisse completamente". Venderam tudo no Idaho e mudaram-se para a fazenda na Bahia, com os dois filhos, Henry e Kyle.

Eles planejam plantar feijão e milho depois da soja, que está sendo colhida esta semana.

Mandy pensa todos os dias na comida do Taco Bell. Scott diz que sente saudade do seu programa de rádio favorito e a camaradagem nas conversas com os fazendeiros no Café local.

Mas ainda consideram a decisão muito bem tomada e mostram-se bastante otimistas. "Gosto de aventura", ele disse. "Eu podia quebrar totalmente em Idaho. No Brasil, seu não der certo, ao menos terei muito o que contar, um dia, se voltar".

 

Fonte: (tradução: Phydias Barbosa)

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