Publicado em 15/07/2008 as 12:00am
Brasileiro manda na maior cerveja americana
Como executivo-chefe da cervejaria belgo-brasileira InBev NV, Brito fechou um ciclo, fazendo uma oferta de US$ 52 bilhões para a compra da Budweiser e Michelob.
O estilo de
administração de Brito é chamado de agressivo por líderes sindicais do Brasil à
Bélgica, suas metas de vendas são consideradas exigentes e inflexíveis e os
cortes de custos que implementou são tidos como brutais.
Ele começou a carreira
na indústria cervejeira no departamento de finanças da Brahma, que havia sido
adquirida pelo banqueiro de investimentos Jorge Paulo Lemann e seus parceiros
do banco Garantia, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira. Os três banqueiros
são hoje os maiores acionistas individuais da InBev, formada depois que eles venderam
a AmBev para a Interbrew em 2004.
A cultura de banco de
investimentos, de recompensa com base no desempenho e intensa competição entre
os empregados, ainda é mantida e ajudou a InBev a dobrar seu lucro desde que
Brito assumiu a direção da empresa em dezembro de 2005.
'Eu os comparo (Brito
e sua equipe da administração) a banqueiros de investimento de posse de um
machete', disse Ann Gilpin, analista no instituto de pesquisa Morningstar.
Brito, de 48 anos,
teve uma ascensão meteórica na Brahma, dirigindo os negócios do ramo da empresa
dedicado a refrigerantes, o departamento de vendas e a chefia de operações
antes de assumir o maior cargo na AmBev, em 2004. Sua estreita ligação com
Lemann, que financiou o MBA de Brito na escola de negócios de Stanford, e o
fato de ele ter superado todas as expectativas ajudaram a impulsionar Brito para
a posição de CEO na InBev.
'Brito sempre foi um a
pessoa muito focada, ele não é do tipo cheio de rodeios', disse Alberto
Cerqueira Lima, ex-diretor de marketing da Brahma e AmBev que hoje dirige a
consultoria de marketing Copernicus no Brasil.
Direto ao ponto
Uma das principais
contribuições de Brito depois de começar na Brahma foi um relatório de
desempenho que avaliava como cada vendedor agia contra uma meta da empresa. Ele
interrompia com frequência vendedores durante reuniões, por ficar impaciente
diante de desculpas pela perda de fatias de mercado para concorrentes ou fracasso
no cumprimento de metas.
'Vamos direto ao
ponto, o que isso significa para o ponto principal?', ele dizia frequentemente,
segundo pessoas que participaram das reuniões.
Os planos de fechar as
fábricas da Labatt em Toronto e Vancouver em 2005 foram típicos de sua política
de ir ao ponto principal nos resultados. Planos semelhantes de demissões na
Europa Ocidental em 2006 levaram a protestos de trabalhadores na sede da
empresa em Leuven, na Bélgica, e no encontro anual de acionistas. Depois de uma
greve, as demissões forçadas na Bélgica foram reduzidas do número original de
295 para 40.
'O clima social mudou
totalmente. É 100 por cento pior. ntes era uma empresa muito social', disse
Roger Van Vlasselaer, um dirigente do sindicato BBTK, que representa os trabalhadores
na parte administrativa.
O estilo duro de Brito
veio à tona várias vezes desde que a empresa fez uma proposta formal de US$
46,3 bilhões para comprar a Anheuser cerca de um mês atrás, recusando
inicialmente a elevar oferta de 65 dólares por ação e depois apresentando uma
proposta de desalojar os diretores da empresa norte-americana.
Por fim, o desejo de
formar a maior cervejaria do mundo e evitar uma batalha prolongada prevaleceram
e Brito elevou a oferta da InBev.
'Não é segredo que
eles estavam há muito tempo de olho na Anheuser-Busch', disse Gilpin, do
Morningstar. 'A Anheuser-Busch se concentrou no domínio do mercado dos EUA e a
InBev tinha como foco o domínio mundial, e essa é a fronteira final para eles.'
Fonte: (Brazilian Times)