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Publicado em 7/07/2011 as 12:00am

pescador ficou 23 dias à deriva no mar

"Pescar agora nem pensar", resume Zenildo de Oliveira Pacheco, 31, ao lembrar da experiência que, segundo ele, marcou sua vida e deixou um trauma. Ele, que ficou à deriva no mar por 23 dias junto com outros cinco pescadores, viveu momentos de muita angúst

“Pescar agora nem pensar", resume Zenildo de Oliveira Pacheco, 31, ao lembrar da experiência que, segundo ele, marcou sua vida e deixou um trauma. Ele, que ficou à deriva no mar por 23 dias junto com outros cinco pescadores, viveu momentos de muita angústia sem água e sem comida.

O grupo de pescadores saiu de Itapemirim, no Espírito Santo, passou em Cabo Frio, na região dos Lagos, no Rio de Janeiro, para abastecer e previa voltar para casa no dia 4 de junho, após 12 dias de viagem na área da Bacia de Campos. Mas, naquela noite, durante um forte temporal, uma onda de 10 metros de altura atingiu a embarcação onde estavam e causou uma pane no sistema elétrico, deixando à deriva o barco pesqueiro Witamar 3º de 12,5 m de comprimento e 4 m de largura.

A embarcação só foi resgatada no dia 27 de junho, a mais de 200 quilômetros da costa de Santa Catarina. “Nunca perdi a esperança de que eu seria resgatado, eu pensava muito na família e na minha esposa”, lembra Zenildo, que era o mestre do barco e quem tentava dar apoio aos colegas pescadores.

O clima da tripulação era de revolta e medo, diz. “A gente estava cansado, passando fome e sede. Não tinha água. Tivemos que tomar urina. No final das contas, a gente estava fraco, se arrastando e não aguentava andar mais. Alguns queriam até mesmo se suicidar pelo sofrimento. Eu sempre ajudava a rapaziada a não fazer besteira, tinha gente que já estava delirando”, relata.

Zenildo conta que durante os 23 dias no mar, várias embarcações passaram perto do grupo, sem avistá-lo. “A gente estava praticamente invisível. Nós quase botamos fogo no barco para sermos vistos”, disse o mestre do barco, que há 12 anos trabalha como pescador. O pesqueiro, segundo ele, estava em boas condições e não era antigo.

O grupo foi resgatado por um navio mercante de bandeira italiana e o momento do resgate foi de tensão, recorda Zenildo. Alguns pescadores conseguiram subir as escadas, mas muitos não tinham forças para se mexer.

“O importante é que todo mundo saiu vivo. Eu não pretendo pescar mais, é muito arriscado. Agora vou me dedicar mais à minha família. Quando eu saía para pescar, ficava três ou quatro meses fora de casa, é muito tempo longe da família.”

Pressentimento

Casada há nove anos com Zenildo, Gleice da Silva Pacheco, 26, veio ao Rio de Janeiro para acompanhar de perto a chegada do marido e dos outros cinco pescadores. “Eu já tive um pressentimento quando ele saiu de casa, eu estava com medo de acontecer alguma coisa. Eu disse que queria que ele trabalhasse em terra. No dia 22 de maio, foi a última vez que a gente conversou por telefone, ele disse que estava tudo bem e que a viagem seria rapidinha.”

Foram 23 dias de angústia para a família, lembra Gleice. “O que mais me angustiou é que a gente fica esperando algo que não sabe se vem ou não. Depois foi um alívio muito grande, mas quando o vi ele estava muito fraco”, disse.

Gleice acompanha o marido desde o dia que desembarcou no Rio. Zenildo está há nove dias no hospital Miguel Couto, no Rio de Janeiro.

Segundo informações da Secretaria municipal de Saúde, Zenildo está clinicamente bem e é o que está melhor de saúde dos quatro que ainda permanecem internados. “Ele se recuperou muito bem”, confirma Gleice.

A previsão é de que ele receba alta médica nesta próxima sexta-feira (8). Depois de liberado, Zenildo ainda deve dar depoimento na Capitania dos Portos, tirar a segunda via dos documentos e, no sábado, retorna para Itapemirim, no Espírito Santo.

Gleice promete que o retorno para casa será emocionante. Zenildo será recebido com festa por amigos e familiares e poderá rever seus três filhos pequenos, de 9, 7 e 5 anos. “Não quero que ele volte a pescar, pelo que ele passou e o que eu passei, não vamos mais dormir tranquilos. Antes a gente vivia mais sozinho do que casado.”

Problemas renais

A Secretaria municipal de Saúde informou ainda que alguns dos pescadores tiveram que fazer hemodiálise e que o quadro de insuficiência renal era generalizado para todos os pacientes que foram medicados e hidratados.

Leandro Vidal Martim, 34, é o que permanece em estado mais grave, internado no CTI do Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, com problemas renais. Ele respira com ajuda de aparelhos e não recebeu previsão de alta.

Gilnei Bahense da Silva, 56, está no mesmo hospital e apresenta quadro clínico estável. Tinha previsão de receber alta nesta quarta-feira (6), mas teve uma febre e está em observação.

Já José Cláudio da Conceição Sacramento, 36, segue internado no Hospital Souza Aguiar, no centro do Rio, com quadro estável. Deixou o CTI, está no quarto sob observação e reverteu a condição de insuficiência renal. Ele respira sem ajuda de aparelhos, mas ainda não tem previsão de alta.

Os pescadores Cristiano Pereira de Souza, 33, e Maicon Lima dos Santos, 24, já deixaram os hospitais e retornaram para casa no Espírito Santo.

Fonte: UOL.COM.BR

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