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Publicado em 25/07/2011 as 12:00am

Estrangeiros presos em São Paulo contam suas histórias em documentário

A húngara que transportaria do Rio de Janeiro para Budapeste diamantes camuflados em três quilos de cocaína; o eslovaco que, afundado em dívidas de jogo, pensou em uma forma "rápida e fácil de ganhar muito dinheiro"; o líbio que teve "alguma coisa ilegal"

A húngara que transportaria do Rio de Janeiro para Budapeste diamantes camuflados em três quilos de cocaína; o eslovaco que, afundado em dívidas de jogo, pensou em uma forma “rápida e fácil de ganhar muito dinheiro”; o líbio que teve “alguma coisa ilegal” encontrada na mala. Esses são alguns dos oito personagens do documentário “Ela sonhou que eu morri”, dos paulistanos Matias Mariani e Maíra Bühler, premiado este mês no Festival de Paulínia (SP). Todos os presos são estrangeiros que relatam não apenas o que os levou à prisão, mas também passagens da vida pessoal anterior às grades e o sonho de deixá-las em busca de um recomeço.

A reportagem do UOL Notícias assistiu ao documentário, a convite da produção, e conversou com os diretores. Parceiros de trabalho desde “Elevado 3.5” (produção de 2006 sobre o Minhocão, em São Paulo), eles contaram que a ideia de mostrar estrangeiros presos no Brasil surgiu há dois anos, durante os trabalhos de um longa-metragem de ficção sobre os nigerianos que vivem em território paulistano.

Desde então, afirmam, foi um trabalho extenso junto a órgãos oficiais e na coleta de depoimentos para fazer a triagem de personagens. Foram entrevistadas mulheres presas em um prédio anexo do Carandiru e homens do presídio de segurança máxima de Itaí.

De 30 histórias ouvidas, oito foram selecionadas para os 78 minutos do documentário.

As nacionalidades

Além de Eslováquia, Líbia e Hungria, o filme traz também relatos de três presos oriundos da África do Sul, um da Espanha e outra da República Tcheca. Apesar das peculiaridades nas histórias de vida de cada um, em comum, todos os oito estão presos nas duas penitenciárias brasileiras acusados de tráfico internacional de drogas.

De acordo com os diretores, a pesquisa sobre os nigerianos e a participação posterior no comitê paulista para imigrantes e refugiados --composto por representantes de entidades públicas e privadas e vinculado à secretaria municipal de Direitos Humanos --deram um suporte importante ao trabalho com os estrangeiros presos.

A burocracia anterior às filmagens

“Foi bem difícil o acesso [aos presos], pois sabemos que o tema é delicado. Demorou muito para termos uma posição oficial, o que nos gerou até uma certa frustração”, admite Matias Mariani. “Mas, depois, acabamos até nos surpreendendo; tínhamos as piores expectativas”, completou.

Antropóloga formada pela USP (Universidade de São Paulo), Maíra Bühler destacou: “Deixamos claro [às autoridades do setor] que o objetivo não era fazer um filme a respeito da situação carcerária dessas pessoas, mas deixar que cada uma delas nos contasse sua história, ou não seria esse o filme. Tivemos ajuda do pessoal da SAP (Secretaria de Administração Penitenciária do Estado de SP) e de pessoas pontuais lá dentro, pessoas em cargos mais baixos”, afirmou.

De acordo com a dupla, a produção precisou de autorização dos presos, de um juiz de cada cidade onde ficam as penitenciárias e da SAP, além do contato constante com os diretores das unidades prisionais --afinal, a cada sessão de filmagens também era necessária a entrada da equipe com uma série de equipamentos para as cerca de 4h de depoimentos de cada personagem.

Dificuldades dos estrangeiros presos

Indagados sobre a situação desses presos em penitenciárias brasileiras, os dois diretores lamentaram a dificuldade de acesso deles a advogados ou mesmo a seus familiares.

“O acesso a telefones e a visitantes praticamente não existe. No caso da estrutura física para as mulheres, percebemos que há mais problemas [uma personagem menciona que na cela para seis, dormem nove --três, no chão]. Mas o que preocupa é ver que a maioria dos defensores públicos têm dificuldades para se comunicar em inglês com esses presos e de entendê-los, além dos consulados, que são muito ausentes”, diz Maíra.

Já o contato com os presos surpreendeu os dois jovens cineastas. “Vivemos tudo muito intensamente, e não tem como a gente não se comover nesse encontro com pessoas que estão em espaços, em realidades históricas. E confesso que sofri pela história de alguns; ficam esses resíduos biográficos --e a história de vida ali é muito menos romântica, com pedaços e estilhaços, ainda que tivéssemos tido o tempo todo o cuidado de não julgar ninguém”, conta a diretora.

“Esperamos que o público tenha generosidade ao ouvir essas histórias e que se encantem como a gente por essa fragmentação de situações histórias e políticas diferentes”, reforçou Matias.

No documentário, os presos falam na maior do tempo sentados em uma carteira escolar --uma maneira, segundo os diretores, de unificar os espaços das duas penitenciárias e de remeter a uma instituição (no caso, a escola) onde as regras também são uma constante.

Finalizado e premiado, agora o documentário está em busca de uma distribuidora para que possa ser exibido nos cinemas brasileiros.

Além de Eslováquia, Líbia e Hungria, o filme traz também relatos de três presos oriundos da África do Sul, um da Espanha e outra da República Tcheca. Apesar das peculiaridades nas histórias de vida de cada um, em comum, todos os oito estão presos nas duas penitenciárias brasileiras acusados de tráfico internacional de drogas.

De acordo com os diretores, a pesquisa sobre os nigerianos e a participação posterior no comitê paulista para imigrantes e refugiados --composto por representantes de entidades públicas e privadas e vinculado à secretaria municipal de Direitos Humanos --deram um suporte importante ao trabalho com os estrangeiros presos.

A burocracia anterior às filmagens

“Foi bem difícil o acesso [aos presos], pois sabemos que o tema é delicado. Demorou muito para termos uma posição oficial, o que nos gerou até uma certa frustração”, admite Matias Mariani. “Mas, depois, acabamos até nos surpreendendo; tínhamos as piores expectativas”, completou.

Antropóloga formada pela USP (Universidade de São Paulo), Maíra Bühler destacou: “Deixamos claro [às autoridades do setor] que o objetivo não era fazer um filme a respeito da situação carcerária dessas pessoas, mas deixar que cada uma delas nos contasse sua história, ou não seria esse o filme. Tivemos ajuda do pessoal da SAP (Secretaria de Administração Penitenciária do Estado de SP) e de pessoas pontuais lá dentro, pessoas em cargos mais baixos”, afirmou.

De acordo com a dupla, a produção precisou de autorização dos presos, de um juiz de cada cidade onde ficam as penitenciárias e da SAP, além do contato constante com os diretores das unidades prisionais --afinal, a cada sessão de filmagens também era necessária a entrada da equipe com uma série de equipamentos para as cerca de 4h de depoimentos de cada personagem.

Dificuldades dos estrangeiros presos

Indagados sobre a situação desses presos em penitenciárias brasileiras, os dois diretores lamentaram a dificuldade de acesso deles a advogados ou mesmo a seus familiares.

“O acesso a telefones e a visitantes praticamente não existe. No caso da estrutura física para as mulheres, percebemos que há mais problemas [uma personagem menciona que na cela para seis, dormem nove --três, no chão]. Mas o que preocupa é ver que a maioria dos defensores públicos têm dificuldades para se comunicar em inglês com esses presos e de entendê-los, além dos consulados, que são muito ausentes”, diz Maíra.

Já o contato com os presos surpreendeu os dois jovens cineastas. “Vivemos tudo muito intensamente, e não tem como a gente não se comover nesse encontro com pessoas que estão em espaços, em realidades históricas. E confesso que sofri pela história de alguns; ficam esses resíduos biográficos --e a história de vida ali é muito menos romântica, com pedaços e estilhaços, ainda que tivéssemos tido o tempo todo o cuidado de não julgar ninguém”, conta a diretora.

“Esperamos que o público tenha generosidade ao ouvir essas histórias e que se encantem como a gente por essa fragmentação de situações histórias e políticas diferentes”, reforçou Matias.

No documentário, os presos falam na maior do tempo sentados em uma carteira escolar --uma maneira, segundo os diretores, de unificar os espaços das duas penitenciárias e de remeter a uma instituição (no caso, a escola) onde as regras também são uma constante.

Finalizado e premiado, agora o documentário está em busca de uma distribuidora para que possa ser exibido nos cinemas brasileiros.

Fonte: UOL.COM.BR

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