Pandemia: Identificado 1º caso de variante do coronavírus brasileiro em Minnesota

Autoridades de Minnesota anunciaram na segunda-feira (25) que identificaram uma pessoa infectada com uma variante altamente transmissível do coronavírus que tem se espalhado em índices alarmantes nas últimas semanas no Brasil. Este é o primeiro relato nos EUA da variante P.1, que tem sido de particular preocupação para os cientistas, devido ao desastroso aumento de infecções na cidade de Manaus (AM).

Uma pesquisa publicada na revista Science estimou que 76% da população de Manaus já havia sido infectada pelo coronavírus. Isso deveria ter colocado Manaus perto da "imunidade de rebanho". A nova onda levantou temores de que a variante P.1 tenha mutações que permitam que ela evite o sistema imunológico humano. As evidências para apoiar essa hipótese permanecem limitadas.

O Departamento de Saúde de Minnesota disse que o caso envolvia “um residente de Minnesota com histórico recente de viagens ao Brasil”, e a variante foi detectada por meio de sequenciamento genômico de amostras de sangue aleatórias como parte de um programa de vigilância.

O indivíduo, residente da área metropolitana de Twin Cities, relatou sentir-se mal na primeira semana de janeiro e foi testado em 9 de janeiro. O departamento de saúde disse que a pessoa estava isolada e continua investigando o caso.

“Isso não é surpreendente. É um desenvolvimento muito difícil, mas ao mesmo tempo não inesperado ”, disse Michael T. Osterholm, diretor do Centro de Pesquisa e Política de Doenças Infecciosas da Universidade de Minnesota e conselheiro da força-tarefa do presidente Biden contra o coronavírus.

Todos os vírus sofrem mutação e existem inúmeras variantes em circulação. A variante do Brasil é uma das 3 que têm atraído atenção global particular. Os outros 2 foram identificados pela primeira vez no Reino Unido e na África do Sul, e são conhecidos pelos virologistas como B.1.1.7 e B1.351.

Embora os cientistas saibam um pouco sobre a variante do Reino Unido, a variante do Brasil “é provavelmente a que causa mais preocupação entre as pessoas que estudam isso”, William Hanage, epidemiologista do Harvard T.H. Escola Chan de Saúde Pública, disse na segunda-feira (25). “É justo dizer que P.1 é objeto de atenção e preocupação muito séria entre os epidemiologistas. Não sabemos porque o vírus se espalha tanto em Manaus”.

A variante do Reino Unido, que já está se espalhando nos EUA, se tornou a mutação dominante no sul da Inglaterra, e os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) disseram que ela poderia se tornar dominante nos EUA em algum momento de março, se superar outras mutações. Minnesota detectou 8 casos envolvendo a variante do Reino Unido, disseram autoridades na segunda-feira (25).

A variante da África do Sul não foi identificada nos Estados Unidos.

“Esses casos ilustram porque é tão importante limitar as viagens durante uma pandemia o máximo possível”, disse a epidemiologista do estado de Minnesota, Ruth Lynfield, em um comunicado divulgado pelo departamento de saúde.

Há alguma sobreposição nas mutações nas 3 variantes, mas elas surgiram independentemente e, com outras variantes em revisão, fornecem um lembrete vívido de que o coronavírus não é um alvo estático para vacinas e o sistema imunológico humano. A maioria dos cientistas acredita que as vacinas permanecerão eficazes contra as variantes, uma crença reforçada por pesquisas divulgadas na segunda-feira (25) pela Moderna, fabricante de uma das duas vacinas autorizadas nos EUA.

Cientistas britânicos disseram na semana passada que têm evidências preliminares sugerindo que a variante do Reino Unido pode ser cerca de 30% mais letal do que o tipo mais comum do SARS-CoV-2. Os pesquisadores enfatizaram que se trata de uma nova variante e que ainda estão tentando entender seus efeitos clínicos. A comunidade científica não produziu evidências de que as variantes da África do Sul ou Brasil causem um nível diferente de gravidade da doença.

Entretanto, as variantes do Brasil e da África do Sul suscitaram particular preocupação entre os cientistas porque contêm mutações que podem permitir ao vírus escapar dos efeitos de alguns anticorpos, como os anticorpos monoclonais desenvolvidos como terapias para pacientes com covid-19, a doença causada pelo vírus.

“Esta é a nova realidade do Covid-19”, concluiu Osterholm. “Este é agora o amanhecer da era das variantes”.

 

 

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Fonte: Da redação