Bolsonaro nega extradição imediata e STF solta cofundador da Telexfree

Da redação

O presidente Jair Bolsonaro negou a imediata extradição do cofundador da Telexfree, Carlos Wanzeler, para os Estados Unidos. Depois disso, ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, decidiu, no dia 20, pela revogação da prisão preventiva.

De acordo com as informações, através da Advocacia-Geral da União, Bolsonaro argumentou que a extradição só deve ocorrer ao final do processo criminal e Lewandowski determinou que a detenção fosse revogada. A alegação do juiz é que "a prisão mostra-se desproporcional manter o extraditando preso preventivamente em regime fechado até data incerta".

Carlos Wanzeler foi preso pela Polícia Federal brasileira em fevereiro de 2020. Ele é considerado foragido pela Justiça dos Estados Unidos, onde é acusado de comandar a TelexFree, uma pirâmide financeira que movimentou US$ 1 bilhão. O esquema prejudicou milhares de brasileiros neste país e todos esperam que ele seja penalizado pelo crime.

“Ante o exposto, revogo a prisão cautelar de Carlos Nataniel Wanzeler, determinada nos autos apensos (PPE 904), para que o extraditando responda em liberdade até a efetiva entrega ao Estado estrangeiro, nos termos do art. 86 da Lei 13.445/17, salvo se por outro motivo estiver preso, dispensada a oitiva do Ministério Público dada a urgência desta medida”, parte de um trecho de decisão de Lewandowski.

Para ser libertado, o juiz exigiu que Carlos não deixe o Brasil e deve entregar os passaportes do Brasil e dos Estados Unidos, haja vista que ele tem dupla cidadania.  Lewandowski determinou ainda o recolhimento domiciliar de Wanzeler no período noturno e nos dias de folga.

Ele deve comparecer, de 15 em 15 dias, perante um juiz competente para julgar as ações penais. Além disso, Carlos deve usar tornozeleiras eletrônica.

O cofundador da Telexfree não podia ser extraditado até então porque a Constituição do Brasil impede a extradição de brasileiros ao exterior. Porém, no ano passado, a segunda turma do STF confirmou a decisão de retirar a cidadania dele, pois adquiriu a cidadania norte-americana em 2009.

 

Entenda o caso

Entre fevereiro de 2012 e abril de 2014, ao lado do sócio James Merril, Carlos Wanzeler comandou vendia serviços de telefonia pela internet (VOIP). No entanto a empresa era um esquema de pirâmide financeira e todo o dinheiro arrecadado pela companhia não era proveniente da venda dos serviços e sim dos novos participantes que eram convencidos a investir sob a promessa de que faria muito dinheiro com recrutamentos.

Começando no final de 2012, o esquema se espalhou rapidamente e em abril de 1014, mais de um milhão de pessoas em todo o mundo tinha assinado com a empresa. Isso inclui dezenas de milhares de pessoas somente em Massachusetts.

Nesse esquema, quase um milhão de participantes perderam dinheiro, o que totalizou um prejuízo de US$1,8 bilhão. A maioria das vítimas é dos Estados Unidos, Brasil, China, Portugal, Peru e outros da América Central e América do Sul, Itália e Rússia.

James Merril foi preso e Carlos Wanzeler fugiu para o Brasil pouco depois que o esquema foi desmantelado. Desde então, a justiça norte-americana luta para conseguir a extradição do brasileiro e julgá-lo nos Estados Unidos.

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