Pai acusado de fugir com o filho para o Egito fala com exclusividade ao BT

Ahmed Tarek Mohamed Fayz Abdelkalek, teve seu nome repercutido na mídia após uma denúncia feita por sua então esposa Karin Fayz, de ele ter fugido com o filho do Brasil para o Egito. Ahmed procurou a redação do Brazilian Times para contar a sua versão da história. A princípio, declarou que seu objetivo é se defender das acusações que ele vem sofrendo. O BT ouviu ambas as partes envolvidas no caso da criança que fora levada pelo pai para o Egito, no dia 19 de setembro de 2022. De um lado, o pai que levou para o Egito o filho de três anos que estava sob os seus cuidados no Brasil enquanto a mãe Karin, estava trabalhando como faxineira na Inglaterra. Quando ela chegou ao Brasil no dia 20 de setembro de 2022, encontrou a casa vazia.

A primeira questão refere-se à saída de Ahmed do Brasil para o Egito com o filho de três anos, supostamente com documentos falsos. Dr. Júlio César Balerini Silva que faz a defesa de Karin esclarece que eles vão investigar sobre a saída do menor do território brasileiro: “De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, para a criança sair do país deve haver autorização dos genitores. Ou seja, a mãe ou o pai não pode sair do país sem autorização expressa de quem fica”. Melhor explicando, o pai não poderia sair do país com a criança sem a autorização da mãe.

Ahmed esclarece que o filho que é cidadão americano, viajou com o passaporte americano com vencimento em 20 de junho de 2026. E que, no passaporte brasileiro, com data de vencimento em 20 de dezembro de 2019, ou seja, o passaporte já vencido, consta que: “O (a) titular está autorizado (a), pelos genitores, pelo prazo deste passaporte, a viajar com um deles, indistintamente (Res. CNJ 131/11, ART.13).

Ahmed informa que, ao passar pela polícia Federal no Brasil ele falou ao agente federal que tinha essa autorização de viagem no passaporte vencido, não lhe foi pedido nenhuma autorização, mas ele se adiantou em esclarecer, e foi tudo bem, assim como também apresentou os mesmos documentos no departamento de imigração da Europa. Em Madri o agente pediu uma autorização e ele apresentou o passaporte brasileiro e foi aceito, ele atesta que não teve nenhum problema com a viagem e que não fez uso de nenhum documento falso.  Ahmed informa que passou por três continentes sem nenhuma dificuldade. Eles Saíram do Brasil, passaram pela Europa e depois pela África.

Quanto à ida de Karin para a Inglaterra, Ahmed explica que, o combinado era de ela ficar por três meses, ou seja, até a validade do visto na Inglaterra. Mas ela decidiu ficar por lá, conforme mensagem enviada pelo WhatsApp: Karin escreve: “Fod... -se tudo, vou ficar por aqui” Ahmed, responde: “Vc estraga tudo e fala foda-se segura em mim, eu tô segurando vc”. Karen responde: “vou ter dor de cabeça se eu voltar”. Ahmed contesta: “Como vc sabe a gente tava planejando pra arrumar o que quebrou. Agora vc não quer. Karen responde: Boa noite. Ahmed: “Não tô entendendo você”. Karen finaliza: “Boa noite” (Essa mensagem foi enviada por Ahmed e transcrita na íntegra pelo Brazilian Times).

Ao ser questionada sobre o período que permaneceria na Inglaterra, Karin alega que tudo foi de comum acordo e que o marido sabia que ela regressaria no dia 20 de setembro de 2022.

Ahmed alega que Karin apresenta um desequilíbrio mental: “Eu sempre fui o pai e a mãe do meu filho, sempre quis protegê-lo. Ela nunca levava a criança ao médico. Eu é que levava ele para a escola todos os dias. Certa vez, saí para trabalhar ela tomou o medicamento de tarja preta, meu filho acordou e não me viu, ele abriu a porta do apartamento, pegou o elevador sozinho e desceu para a área externa do prédio. Ele tinha apenas dois anos na época.  O porteiro ligou para mim informando que a criança estava sozinha fora de casa, um bebê de 2 anos, enquanto a mãe estava dopada de remédio”.

Quanto ao uso de medicamentos psicotrópicos o Dr. Mohamad Jamil Itani, também defensor da Karin, esclarece que, “por indicação médica, por 15 dias ela fez uso de um medicamento que auxilia no sono, mas ela usou este medicamento tão somente por 15 dias. Quanto ao episódio da criança ter saído de casa, o advogado esclarece que, o pai que é atleta saiu de casa muito cedo para dar aula e não fechou as portas do apartamento, um pai responsável não deixaria a porta do apartamento aberta sabendo que uma criança de 3 anos estaria lá dentro acordada”. Argumentou o advogado. Karin complementa: “meu filho mais velho estava, e ele é testemunha de que o pequeno escapou porque Ahmed deixou a porta aberta. A gente estava em casa e foi uma questão de cinco minutos, ele deixou a porta do apartamento aberta e agora quer colocar a culpa em mim, justifica Karin”.

Ahmed declara que não tem coragem de deixar o filho sozinho com a mãe porque ela tem pouca paciência com a criança. Ele diz: “Você deve estar se questionando, porque não é comum o pai cuidar, mas no meu caso, eu cuido, eu tenho paciência com o meu filho que não para quieto, ela se irrita, mas eu já me acostumei com o jeito dele”.

Em um áudio do dia 11 de setembro de 2021 o senhor Ahmed conversa com Karin, e tem uma voz de criança ao fundo. (Esse áudio enviado para a redação pelo senhor Ahmed foi transcrito na íntegra).

Ahmed pergunta: Chegou um dia que você deu nele, assim...? Karin responde: chegou, já dei já, na bunda. Ahmed: humrum... Ahmed: Isso é quando você estava em crise? Karin: Nossa, ele estava me irritando, ele não estava deixando eu trocar a fralda, ele me deu uma pesada aqui no peito. Ahmed: Aí você bateu? Karin: Eu bati - Ahmed: Ele chorou? Karin: Porra! - Ahmed: Você deu com raiva? -Karin: Dei com força, até ficou as marcas dos meus dedos nele. Ahmed: Marcas dos seus dedos, o loco!

Ao ser questionada se ela batia no filho de dois anos, Karin responde: que o filho fazia birra e que ela deu um tapa na bunda dele sim. “Mas não foi uma porrada”, e questiona, se Ahmed tiver uma foto do filho machucado é para ele apresentar.

O advogado de defesa, Dr. Jamil reitera: “A Karin sempre foi muito carinhosa com o filho e por isso está sofrendo com a ausência dele”.

Dr Julio César Balerini Silva, advogado de defesa da Karin, explica: “O depósito era feito para o proveito do menor. Karin contribuiu com esforço próprio dela. No direito brasileiro existe o furto de coisa comum, Art. 156 do código penal”.

O advogado acrescenta que, “não há nada que desabone a Karin enquanto mãe, não há nada que pela legislação brasileira a proíba de desempenhar ou de disputar essa guarda. Não competia ao pai retirar do país a fórceps, (ou seja, à força). Isso é criminoso, exercício arbitrário das próprias razões. Ele sabia que não poderia retirar a criança do país a Manu militari (expressão em latim que significa “força militar”, ou seja, de forma autoritária) como fez. Ele leva embora, sabe que no país dele não tem tratado de reciprocidade para extradição, e faz de um jeito que pode comprometer a psiquê do menor, ele está adotando posturas que não são recomendáveis para a criação de uma criança”.

Sobre a questão da vaquinha, o Dr. Julio explica: “A mãe ficou totalmente depauperada, com o outro filho para criar e sem casa para morar. É o mínimo. Tendo que ter várias despesas legais, processuais, várias taxas para pagar. Embora haja previsão de que alguns atos sejam gratuitos, ela ainda é complexa e de certa medida muito cara. Não está havendo um aproveitamento da situação, não é disso que se trata, inclusive ela está pronta para que se audite. Não há nada de indevido por trás disso.

Karin, reitera que ele levou os documentos pessoais dela: “RG, carteira de trabalho, CPF, passaporte vencido, tudo isso ele levou, para quê?” .Para o advogado isso dificulta o próprio acesso à cidadania, o acesso a ordem jurídica. Para ela pedir um direito, primeiro ela tem que provar que ela é ela mesma. Olha que dificuldade, que transtorno. Vá me dizer que isso foi feito de boa fé?

O Brazilian Times pergunta aos advogados da Karin se eles têm algum posicionamento da justiça brasileira, relacionado à questão do garoto. Como poderão ter acesso a trazê-lo de volta para o Brasil? Dr. Julio Cesar esclarece: “A gente vê aí um mar de burocracia e complexidade muito grande a ser enfrentado. A burocracia estatal brasileira é gigante, já comecei com ingerências no plano do direito internacional, porque por exemplo, como a criança tem passaporte norte americano, eu enviei para o Departamento de Estado Norte Americano, que tem uma criança   norte americana com passaporte norte americano, que está levada para o Egito de modo indevido violando a Convenção de HAIA. Estamos comunicando ao COI, Comitê Olímpico Internacional porque tem a Carta Olímpica, é um compromisso de todos os países com federações atletas que eles devem cumprir, devem prezar por valores éticos. Não entendo que ele como esportista esteja honrando por isso. E quero que o COI se manifeste, no sentido de que só vai participar de modalidade internacional se primeiro apresentar à justiça brasileira, não estou dizendo nem apresentar para a mãe. Mas, que pelo menos, apresente como a lei determina para que a justiça brasileira defina pelas provas com quem vai ficar essa criança.

Dr. Jamil esclarece que todas as medidas estão sendo tomadas, sendo o mais importante de tudo isso é tentar preservar a criança: “O bem-estar dessa criança é o principal, eu acho que os adultos conseguem, se acabar, ou judicialmente ou não, se chega a uma definição, mas o problema é que uma criança com esta idade de três anos e meio pode prejudicar muito o psíquico dessa criança no futuro. Então a gente precisa tomar muito cuidado com o que vai ser veiculado. O nosso emprenho é sempre procurar o melhor para a criança”.

Karin alega que há dez dias não está tendo contato com o filho, ela esclarece que está bloqueada de tudo: “Ele me tirou o direito de eu ver o meu filho, isso nenhum pai pode fazer com uma mãe, ele não tem esse direito, faz dez dias que eu não vejo o meu filho”.

Quanto a isso Ahmed explica: Com certeza, eu a bloqueei das redes, porque na última reportagem dela, ela gravou a nossa conversa, foi uma chamada de vídeo, eu vi aparece no meu celular quando se faz a gravação de tela, ela mostrou a gravação usando como matéria. Inclusive se você entrar no Instagram dela vai ver todas as fotos que eu mandei quando cheguei aqui. Ela está usando as fotos do meu filho que eu mandei, quando cheguei aqui para mostrar que está tudo bem com ele, ela está usando como matéria para chamar a atenção do povo, de fazer aquele drama todo, entendeu?  ‘ah ele está desaparecido, não sei nada dele’. Como ela não sabe nada dele se eu estou mandando fotos  e ela mesma está colocando na mídia as fotos que eu mandei, entendeu? Eu simplesmente vi que ela está usando a nossa conversa como matéria contra mim ainda. Inclusive quando a gente faz chamada de vídeo, o menino não quer falar com ela, ele fala, “eu não quero, quero brincar, quer fazer outra coisa, entendeu? Juro! Eu posso mandar uma gravação disso também, ele fala eu não quero. Eu falo, vamos falar com a mamãe, ele fala: não quero, não quero mamãe, quero brincar. Ela nunca acostumou a ele a fazer chamada de vídeo durante dez meses. Durante dez meses nós fizemos chamada de vídeo com ele estourando cinco vezes, ele não estava acostumado a ver ela direito todos os dias, ele não estava acostumado, ela apenas falava, manda foto dele, só isso. Eu falava pra ela, vamos fazer uma chamada e ela falava, não, tem um pessoal do meu lado e eu não posso, sempre tem um pessoal do seu lado, entendeu? Ele já se acostumou com a ausência dela”.

A redação recebeu da senhora Karin, cópia de um boletim de ocorrência policial datado em 21/03/2021 constando que ela sofreu agressões físicas. Ahmed enviou fotos dele com arranhões e queimaduras no corpo. Ambos denunciam brigas entre eles, porém, esse não é o foco da matéria, a questão que está em pauta é a segurança, integridade física e mental de uma criança de três anos e meio. Existe um conflito entre o casal, e a criança se converteu em um objeto de disputa, lamentavelmente quem mais sofre é o mais vulnerável, neste caso, a criança. Compete às autoridades brasileiras e internacionais cooperar para evitar maiores danos na vida deste pequeno cidadão, brasileiro-americano-egípcio. Uma criança inocente que só quer saber de brincar e ser feliz.

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