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Publicado em 25/01/2023 as 2:00pm

Brasileira se destaca após participar de videoclipe nos EUA

Luísa chegou a Nova York em setembro de 2014 e ingressou na escola da Martha Graham, onde se formou nessa técnica.


Luisa Righeto em cena do videoclipe Indecisão, da cantora Nina Alves. Foto - Raphael Felisbino

No fim de dezembro, a estreia do clipe Indecisão, da cantora Nina Alves – uma versão em português de Torn, sucesso na voz de Natalie Imbruglia -, foi mais um desafio na carreira da bailarina brasileira Luísa Righeto, que vive em Nova York há oito anos: o roteiro é inteiramente guiado pela dança e ela é uma das figuras centrais da cena. “A ideia da Nina era trazer bailarinos da dança contemporânea e moderna para dar vida à letra da música. Ela me chamou e eu estendi o convite ao também bailarino brasileiro Alexandre Barranco”.

O videoclipe é um passo novo na carreira de Luísa, que se estabeleceu na cidade americana como artista da dança moderna e contemporânea: desde 2018, ela integra o elenco da Infinity Dance Theater, com direção de Kitty Lunn, uma companhia com dançarinos com e sem deficiência dedicados a expandir os limites da dança. ”Nesse último ano, Kitty me nomeou artista associada da companhia (artistic associate) devido às minhas colaborações em relação à sua metodologia de Transposição das Técnicas da Dança para corpos dançantes que usam a cadeira de rodas”, revela a bailarina brasileira. 

Luísa chegou a Nova York em setembro de 2014 e ingressou na escola da Martha Graham, onde se formou nessa técnica. Para ela, essa formação foi essencial em sua carreira ao abrir portas para trabalhos profissionais como bailarina e professora. “Incluo aqui, mais uma vez, o trabalho que faço com Infinity Dance Theater de trazer a arte da dança para outros corpos, que procuram se apresentar artisticamente”, coloca a bailarina.

Além da ligação com a companhia, Luísa também dá aulas de dança criativa e moderna para crianças (de 4-11 anos) nas escolas públicas de Nova York. E também está sempre atenta a possíveis colaborações com outros artistas em Nova York, como foi o caso do videoclipe.

Parceria

Luísa e Kitty estabeleceram estreita parceria desde 2017, quando se conheceram. Luísa se encantou ao ver a atuação de Kitty dançando em uma cadeira de rodas e pediu para assistir aos ensaios da artista. A partir desse primeiro contato, não deixaram de trabalhar juntas. “Danço com a Infinity e venho fazendo palestras e workshops ao lado de Kitty sobre sua metodologia de transposição das técnicas de balé, Martha Graham e Lester Horton para bailarinos e bailarinas em cadeira de rodas. Como me formei na escola da Martha Graham, meu foco é trabalhar na transposição dessa técnica para artistas que utilizam a cadeira de rodas”, diz Luísa.

O recente dueto criado e apresentado pelas duas, Etude, pode ser considerado uma síntese do trabalho que vêm compartilhando: em cena elas demonstram como inserem essas técnicas em uma coreografia (da sala de aula para o palco). “Pode-se dizer que Etude é o resultado da metodologia que Kitty traz para a companhia. A peça estreou em Atlanta, Georgia, no fim do Workshop-Palestra ‘Transposição das Técnicas da Dança Clássica e da Dança Moderna para Alunos e Dançarinos profissionais que usam cadeiras de rodas’, realizado na Conferência da Organização Nacional de Educação em Dança (NDEO – National Dance Education Organization)”, conta Luísa.

Luisa e Kitty Lunn usam técnicas do balé e de dança modernas para diferentes corpos. Foto - divulgação

Com a Infinity, Luísa também apresentou Ghosts in the machine, com coreografia de Kitty Lunn, e MAHAWAY: Spring Eternal, peça completa de Alison Cook Beatty. Durante a pandemia, o grupo realizou dois projetos virtuais que surpreenderam pelo alcance, “The Women's Stories Project” e “Infinity Breathing Together”. As aulas e palestras chegaram até artistas, educadores de dança e alunos da Austrália, Brasil, Escócia, Itália, entre outros.

“Eu me senti desafiada a continuar aqui nos Estados Unidos após a pandemia. Muitos artistas voltaram para seus países de origem. Eu consegui continuar em Nova York, pois estou ligada a um trabalho diferenciado que traz a dança para diferentes corpos. Algumas perguntas guiam meu trabalho: como é possível esses corpos também se apresentarem, comunicarem aquilo que vem de dentro e se expressarem por meio de inúmeras possibilidades que talvez antes estivessem presas dentro dos limites uma vez impostos a eles? Como é possível descobrir que aquele ‘limite’ talvez não seja o ‘limite’ antes definido?”, questiona Luísa Righeto. “Essa arte da dança apresentada por esses corpos ainda tem pouca visibilidade tanto aqui em Nova York como no Brasil ou no mundo. Eu acredito nesse trabalho e é o que eu gostaria de espalhar para o mundo e mostrar o que é possível”, conclui.

Movimentação e inspiração videoclipe 

Há pouco mais de seis meses, a bailarina Luísa Righeto conheceu a cantora Nina Alves em um evento em Nova York. Atuavam artisticamente em suas áreas. Dois meses após este encontro, Nina convidou Luísa para participar de seu clipe Indecisão, versão em português de Torn, original de Natalie Imbruglia. 

Luísa e Alexandre Barranco, bailarino brasileiro que também vive em Nova York hoje, dividem a cena que tem a dança com grande destaque.  

Luísa conta que a inspiração para a movimentação veio primeiramente da música, da melodia e da letra, e depois do espaço onde a gravação ocorreu. “Eu e Alexandre tivemos ensaios anteriores ao dia da gravação para, por meio da improvisação a dois, chegarmos a uma frase coreográfica base que mais tarde serviria para o refrão da música”, conta Luísa. 

Desta forma, o videoclipe teve momentos coreografados e momentos de pura improvisação como nos solos de cada bailarino em diferentes espaços (quartos e salas) no clipe.         

Todos os envolvidos no videoclipe são brasileiros: Nova York tem uma grande comunidade de artistas brasileiros. “Aqui estamos sempre nos ajudando, colaborando e trabalhando juntos em algum projeto artístico”, finaliza Luísa.

Luísa Righeto - Luísa Righeto é bailarina e professora formada pelo método de Martha Graham. Vive em Nova York desde 2014 e recentemente foi nomeada artista associada da Infinity Dance Theater, companhia com a qual atua desde 2018. Também ensina balé, dança criativa e técnica Graham. Na cidade americana, fez parte do projeto House of the Roses, dançou com a Coyote Dance Company e com a Alison Cook Beatty Dance. É Bacharel e Licenciada no curso de Dança, pela Universidade Anhembi Morumbi (2012). No Brasil, como bailarina, dançou no Grupo Jovem Cia Danças Claudia de Souza, na Caleidos Cia de Dança, ambas em São Paulo. 



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