Publicado em 24/02/2023 as 9:00am
Criança vira refém entre briga dos pais
O garoto é cidadão americano-brasileiro, foi levado ilegalmente pelo pai para o Egito. A mãe luta na justiça para ter o filho de volta.
Esta é a história de uma criança de apenas 4 anos que fora levada pelo pai para o Egito, no dia 19 de setembro de 2022. Ahmed levou o filho para o Egito quando ele tinha três anos e estava sob os seus cuidados no Brasil, enquanto a mãe Karin, trabalhava como faxineira na Inglaterra. Quando ela regressou ao Brasil, no dia 20 de setembro de 2022, encontrou a casa vazia. Karin denuncia o pai da criança por ter fugido com o filho para o Egito, Ahmed acusa a mãe de negligência com o filho. E o inocente está no meio da briga do casal, sem imaginar o que o futuro lhe reserva, já que a sua vida se converteu em uma disputa judicial.
Os advogados de Karin, Dr. Mohamad Jamil Itani e Dr.Julio César Balerini Silva, estão otimistas diante da liminar da Justiça brasileira que garante a guarda provisória do filho à Karin Fayz.
Além do processo na vara civil, também há um inquérito na vara criminal, já que Ahmed é acusado de outros crimes, como violência doméstica e outras infrações à legislação brasileira. Argumentam os defensores de Karin.
De acordo com os advogados, o processo está caminhando bem, considerando os trâmites burocráticos inerentes à justiça brasileira. “Ter uma decisão judicial em dois meses de luta, já é uma vitória”.
Além das instâncias jurídicas, os advogados apelam às instâncias políticas. A senadora Mara Gabrilli (PSD-SP) enviou ofício aos ministros das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e da Justiça, Flávio Dino, pedindo apoio para que o garoto seja repatriado e retorne ao convívio da mãe, no Brasil.
Embora haja esperança neste pleito, os advogados são enfáticos ao denunciarem o distanciamento do filho, eles alegam que o pai não está permitindo Karin de ter o contato com o filho por telefone. Além disso, eles relatam que Ahmed está construindo um discurso de ódio em torno da imagem de Karin no Egito, cujo objetivo é macular a imagem da mulher já que nesse país a prostituição é crime passível de pena de morte.
Do outro lado do oceano, Ahmed Tarek Mohamed Fayz Abdelkalek, fala ao Brazilian Times e se defende, dizendo que o filho está bem: “Adam está nas melhores escolas francesas aqui em Cairo, faz natação e está se desenvolvendo muito bem, fala árabe francês, inglês e português somente comigo, estou ensinando-o a nossa religião e tá tudo certo e bem feliz, quem me acompanha e também os brasileiros que moram aqui no Egito veem”.
Ahmed não poupa críticas à ex-esposa Karin. “A mãe não está mostrando nenhum interesse pelo filho, portanto, ela apenas entra em contato comigo antes de qualquer reportagem para eu ter uma reação para ela usar contra mim e me mostrar como um cara criminoso”.
“Na verdade, eu apenas estou focado mais em criar ele e fazer ele não sentir nada do que está acontecendo, por isso não entro nas tretas dela, infelizmente ainda fala mentira, pior que a prova que tá comigo que ela trabalhava como garota de programa digital enquanto ela cuidava do nosso filho e eu trabalhando em dois empregos, essa foi a razão da saída para Londres, te juro que não é por conta de dinheiro, porque meu pai ajudava e eu trabalhava em dois empregos, como nós vamos precisar de algo, me fala? Ela só fala mal de mim e nunca fala do Adam. Só uma vingança. Mas eu não ligo, importa, que meu filho está bem! “Meu filho aqui tem um amor enorme pela minha mãe e minhas irmãs e ele está muito querido pela família, ele se sente amado, ele sentiu cuidado que ele nunca teve quando ela cuidava dele, eu não falei isso foi a babá do Adam que falou, ela nos acompanhou sempre, desde que ele era pequeno”.
Karin apresenta ao Brazilian Times uma certidão de movimentos imigratórios dos aeroportos brasileiros no qual consta que não há nenhum registro de saída de Ahmed pelos aeroportos, ou seja, a hipótese é de que ele fugiu do Brasil com o filho por via terrestre. Doutor Jamil reitera: “O levantamento de tráfego internacional revela que não existe registro de saída da criança em nenhum aeroporto, o que leva as autoridades acreditarem que eles saíram por via terrestre”.
Ao ser questionado novamente sobre a saída do Brasil, Ahmed responde: “Se não existe um registro mesmo, como existe carimbo da saída e entrada? e outra, eu falei na reportagem se vc lembra como foi, então não sei o que ela está questionando?”.
Na reportagem publicada pelo Brazilian Times no dia 14 de outubro de 2022. Ahmed deu a sua versão de como eles saíram do Brasil: “O filho que é cidadão americano, viajou com o passaporte americano com vencimento em 20 de junho de 2026. E que, no passaporte brasileiro, com data de vencimento em 20 de dezembro de 2019, ou seja, o passaporte já vencido, consta que: “O (a) titular está autorizado (a), pelos genitores, pelo prazo deste passaporte, a viajar com um deles, indistintamente (Res. CNJ 131/11, ART.13). Ahmed informa que, ao passar pela Polícia Federal no Brasil, ele falou ao agente federal que tinha essa autorização de viagem no passaporte vencido, não lhe foi pedido nenhuma autorização, mas ele se adiantou em esclarecer, e foi tudo bem, assim como também apresentou os mesmos documentos no departamento de imigração da Europa”.
Os advogados esclarecem que, “O grande desafio neste processo é contar com a cooperação do Egito, já que o país não faz parte da Convenção de Haia sobre os Aspectos Civis da Subtração Internacional de Crianças”.
Dr. Mohamad Jamil Itani pede apoio às autoridades norte americanas, já que o menor é cidadão norte americano, que contribuam junto às autoridades egípcias para que o pequeno seja repatriado ao Brasil.
Enquanto o processo caminha nas lentas engrenagens da justiça, a mãe tem insônia, o pai aparenta-se tranquilo diante das circunstâncias. E a criança? Dorme o tranquilo sono da inocência, sem ao menos saber o que a vida lhe reserva. Refém da própria sorte, paga por um alto preço para custear a briga dos pais. É sempre assim, a chibatada mais forte recai sobre as costas do filho entre a briga de um casal.
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