Direto da cadeia Plymouth County Correctional Facility, em Massachusetts, André Tiago Lucas, conhecido como Tiguinho, afirma que está detido por um crime que não cometeu.
Publicidade
Publicidade
Brasileiro preso em Massachusetts diz ter sido condenado injustamente por abuso no Brasil

Da redação
Direto da cadeia Plymouth County Correctional Facility, em Massachusetts, André Tiago Lucas, conhecido como Tiguinho, afirma que está detido por um crime que não cometeu. Ele alega que a condenação por abuso sexual no Brasil foi resultado de uma denúncia falsa, feita quando ele tinha 22 anos e mantinha um relacionamento com uma adolescente que, segundo ele, tinha consentimento da família.
De acordo com o jornalista Eduardo Oliveira, do A Hora da Notícia, por telefone, a voz gravada anuncia em inglês que a chamada é de um detento. Do outro lado da linha, está Tiguinho, natural de Serro, interior de Minas Gerais. Ele conta que conheceu A. E. P. P. em 2012, durante a Festa Agropecuária em Alvorada de Minas. Semanas depois, a adolescente o convidou para conversar em casa. Durante a visita, a mãe da jovem o surpreendeu com a pergunta: “Você sabe quantos anos ela tem?”
“Ela disse que tinha 16”, respondeu Tiguinho. A mãe então afirmou que a filha tinha apenas 13 anos. Segundo ele, uma discussão entre mãe e filha começou ali mesmo, quando a adolescente revelou que havia perdido a virgindade com um primo.
Tiguinho afirma que se afastou após esse episódio, mas dias depois foi abordado na rua pelo tio da jovem, um policial que já teria desavenças com ele por causa de som alto no carro. “Ele me parou, perguntou da sobrinha e eu disse que ia me afastar”, relata.
Apesar disso, o relacionamento entre os dois continuou e, segundo Tiguinho, evoluiu para um namoro com o consentimento da família da jovem. Ainda assim, ele foi denunciado por abuso sexual. “O tio dela que me denunciou”, afirma. Ele diz que pediu à então namorada que retirasse a queixa, mas, por ser menor de idade, a palavra dela não teve o mesmo peso que a acusação formal.
Tiguinho afirma que, na primeira audiência, até o promotor teria pedido sua absolvição. Mas, na segunda, com um advogado contratado por R$ 5 mil que ele considera inexperiente, a situação mudou. Anos depois, o processo foi transferido para Belo Horizonte, onde um juiz proferiu a condenação em primeira instância, sem sequer ouvi-lo, segundo ele. A pena foi de 9 anos de prisão, estabelecida em 2016. Ele recorreu da decisão e o caso ainda tramita na Justiça mineira.
Mesmo após a condenação, o relacionamento com A. E. P. P. durou mais um ano, até 2017. Pouco depois, Tiguinho se casou com Franciele Nunes, também de Serro. Em 2018, o casal se mudou para os Estados Unidos, via Cancún, no México.
Em Massachusetts, ele passou a trabalhar como carpinteiro especializado em acabamento, dividindo a rotina entre New Bedford, onde alugava um apartamento, e Hyannis, onde viviam a esposa e os dois filhos pequenos.
Mas em outubro do ano passado, ao sair para um serviço em Dennis, foi abordado por agentes do Departamento de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE, sigla em inglês), em Bourne. Eles informaram que havia um mandado de prisão em seu nome. Desde então, Tiguinho está detido na unidade de Plymouth County.
“Tem 13 anos que estou sofrendo com essa denúncia. Estou longe dos meus dois filhos por causa de um crime que eu não cometi”, desabafa.
Segundo ele, após sua prisão, a família de A. E. P. P. teria prometido colaborar com a Justiça brasileira, mas não prestou qualquer depoimento. Ele também revela que a ex-namorada veio para os EUA em 2020 e atualmente mora em Hyannis com o marido, um mineiro com status legal no país.
Franciele, esposa de Tiguinho, chegou a procurar A. E. P. P. para pedir ajuda. Em prints de conversas de novembro, mostrados à reportagem, A. E. P. P. se comprometeu a ajudar: “Não se preocupe, irei fazer tudo o que for possível… Conta comigo, e tenha fé!”, escreveu ela. No entanto, até agora nenhuma ação foi tomada por parte dela.
No final deste mês, André Tiago Lucas terá uma audiência nos EUA. Ele acredita que poderá provar sua inocência com a colaboração dos advogados no Brasil e nos Estados Unidos.
133 visualizações
Compartilhar
Publicidade