Prefeito lidera protesto ao amanhecer contra prisão de imigrantes; empresa gestora é acusada de operar sem licenças válidas
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Impasse em centro de detenção do ICE em Newark (NJ) ganha apoio do Prefeito Ras Baraka

Um confronto tenso e prolongado marcou a manhã de terça-feira (6) nos arredores do novo centro de detenção de imigrantes em Newark (New Jersey), quando o prefeito da cidade, Ras J. Baraka, se juntou a ativistas em um protesto contra o funcionamento da unidade administrada pela GEO Group, uma das maiores empresas privadas de prisões dos Estados Unidos.
O prefeito alega que a instalação opera sem licenças válidas, em violação às leis municipais.
O centro, conhecido como Delaney Hall, começou a receber imigrantes na semana passada, segundo confirmou a GEO Group. A capacidade estimada é de até mil pessoas por dia, o que o tornaria peça-chave nos esforços do governo do presidente Donald Trump para ampliar deportações em massa. A instalação está estrategicamente localizada próxima ao Aeroporto Internacional de Newark Liberty e a poucos quilômetros de Nova York, cidade com grande população imigrante.
De acordo com Baraka, a prefeitura vinha tentando barrar o funcionamento do centro por vias legais, sustentando que a GEO Group não possui um certificado de ocupação válido e tampouco passou pelas inspeções necessárias de segurança e saúde. “Eles estão nos impedindo de entrar pelos portões e cercas, mas vamos voltar aqui todos os dias até conseguirmos acesso”, declarou o prefeito, que é pré-candidato ao governo de Nova Jersey.
Na manhã do protesto, sob chuva e diante de um portão trancado com corrente por um funcionário da GEO Group, fiscais do Corpo de Bombeiros de Newark emitiram três autuações por violações de código. Ainda assim, a empresa manteve a resistência e argumentou que quem determina o acesso à instalação é a agência federal ICE (Immigration and Customs Enforcement).
Em nota, o porta-voz da GEO Group, Christopher Ferreira, classificou a ação de Baraka como “um teatro político” e acusou o prefeito de tentar sabotar os esforços federais de deportação. O Departamento de Segurança Interna, que supervisiona a ICE, sustentou que a instalação tem “permissões válidas” e “nenhuma ameaça à segurança”.
O contrato entre a ICE e a GEO Group, assinado em fevereiro, prevê o uso da instalação por 15 anos e é avaliado em US$ 1 bilhão. Segundo a cidade, as recentes reformas feitas em Delaney Hall e o novo uso do prédio tornariam inválido o certificado de ocupação original, datado de 2007.
Durante o protesto, cerca de duas dezenas de ativistas se uniram ao prefeito. Entre eles, religiosos e membros de organizações pró-imigrantes como Make the Road New Jersey e Movimiento Cosecha. Kathy O’Leary, da Pax Christi USA, lembrou que o uso do local como prisão migratória já é alvo de críticas desde governos anteriores, incluindo os de Barack Obama e Joe Biden. “Pessoas presas são vulneráveis. Agora, além disso, temos um sistema onde o lucro dita o cuidado que elas recebem”, disse.
Apesar da mobilização, o centro continuou operando normalmente após o protesto. Caminhões de entrega e funcionários circulavam pela área, enquanto os manifestantes prometiam manter vigílias diárias às 6h30 da manhã.
Para o padre Gene Squeo, também advogado, o uso do centro representa uma afronta à dignidade humana: “A política de deportações em massa e detenção de pessoas que não cometeram crimes precisa ser questionada. Isso é desumano”.
A disputa reflete o cenário nacional: a ICE detém hoje cerca de 50 mil imigrantes, número que supera em 20% a capacidade operacional do início do ano. O governo Trump busca ampliar drasticamente essa estrutura, com planos de investir até US$ 45 bilhões em novas instalações, caso o Congresso aprove os recursos.
Enquanto isso, em Newark, o prefeito promete resistência diária. “Se algo acontecer aqui e nossos socorristas tiverem que entrar sem saber o que há dentro, todos estarão em risco”, alertou Baraka.
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