Publicado em 24/07/2008 as 12:00am
Cartões telefônicos na mira da justiça norte-americana
Entre os cartões investigados pela FTC estão Alô Mama, Coffee Time, Rey de Florida e Tree Monkey
Toda semana, milhões
de consumidores compram cartões telefônicos pré-pagos, basicamente para fazer
chamadas internacionais para a família e amigos. No entanto, muitos cartões que
oferecem números expressivos de minutos de ligações por preços baixos, não oferecem,
de fato, o prometido. Quem é estrangeiro e vive nos Estados Unidos há algum
tempo já está cansado de saber disso. A novidade é que, agora, as autoridades
norte-americanas abriram os olhos para este tipo de problema.
Na Flórida, o
procurador-geral do estado deu início a uma investigação que engloba práticas
de mercado e de publicidade de dez empresas que foram denunciadas por mais de
200 consumidores, insatisfeitos com os serviços prestados no ano passado.
Muitos consumidores,
incluindo uma grande parcela de brasileiros, alega que as empresas de cartões
telefônicos não informam claramente sobre as taxas embutidas no serviço, e que
não oferecem o número de minutos de chamadas prometido.
No início do semestre,
um juiz distrital concedeu à Comissão Federal de Comércio (FTC - Federal Trade
Comission) uma ordem restritiva (restraining order) contra a empresa CTA, maior
distribuidora do País de cartões pré-pagos, e outras cinco empresas, para que
sejam interrompidas o que a FTC chama de práticas inapropriadas de mercado. A
FTC testou os cartões e constatou que, rotineiramente, os consumidores pagam
por mais minutos do que os que são fornecidos.
Entre os cartões
investigados pela FTC estão Alô Mama, Coffee Time, Rey de Florida e Tree
Monkey.
- Todos os
consumidores têm sido enganados por essas empresas. Eles precisam falar com
amigos e parentes e estão sendo vítimas ? disse Gus West, presidente do
Hispanic Institute, uma organização sem fins lucrativos.
Créu
Lançado há alguns
meses, o cartão "Créu" conseguiu, em pouco tempo, conquistar a preferência da
clientela brasileira. Oferecia 750 minutos pelo preço
de $5. E de fato cumpria. A
alegria dos clientes, no entanto, durou pouco e a reputação da empresa
responsável entre os consumidores brasileiros, também.
"Falei uma hora para
telefone fixo no Brasil e, de 750 minutos tenho apenas 20. Paguei $5 pelo
cartão e vejo que fui enganado" diz o motorista Reginaldo Souza, morador de
Deerfield Beach.
Souza explica que
sempre teve problemas com outros cartões telefônicos, mas que toda vez que o
cartão não funcionava apropriadamente ligava para o Serviço de Atendimento ao
Consumidor (SAC) e seu problema era resolvido. "Agora achei que está na hora de
botar a boca no trombone. Estou falando pra todo mundo que esse cartão não dá
os minutos que promete", diz o consumidor que afirma sequer ter sido atendido
pelo SAC da GlobalNova, operadora do cartão.
"Liguei para lá,
tentei todas as opções. Só existe atendimento automático. Deixei duas mensagem
explicando o problema. Já faz três dias e ninguém entrou em contato", lamenta
Souza, que ficou sabendo do cartão por intermédio de amigas da esposa.
A propaganda boca-a-boca
também convenceu a faxineira Néia Alves. "Comprei esse cartão Créu duas vezes e
falei muito tempo. O terceiro já não vale nada. Falei apenas 30 minutos, e o cartão acabou.
Eles prometem 750 minutos. Tentei ligar para o telefone de reclamação que está
no cartão, mas não atendem. Vou falar pra todo mundo
que esse cartão é ruim. O problema é que eles mudam de nome e a pessoa cai de
novo. Eles querem é o dinheiro da
gente que precisa ligar para a família no Brasil. Eu vou voltar a usar o Voz do
Brasil que não engana a gente", diz Alves.
Diferentemente do que
determina a legislação que regula o tema, o cartão Créu não exibe nenhum aviso
esclarecendo sobre as taxas adicionais cobradas do usuário, a exemplo de taxas
de conexão, manutenção ou de serviço.
SAC
O serviço automatic do
cartão Créu oferece a opção para reclamações em casos de quantia de minutos
incorreta. Ao escolher a opção, no entanto, o cliente
tem apenas a possibilidade de deixar uma mensagem com sua reclamação, nome e
telefone. A mensagem informa: "Sua solicitação está sendo analisada. Caso seja
válida, será efetuado crédito em seu cartão". Porém não se tem resposta para
essa reclamação.
Denuncie
Há décadas os cartões
telefônicos pré-pagos tornaram-se a forma mais popular utilizada por imigrantes
de diversas nacionalidades para se comunicarem com familiares e amigos em seus
países de origem. Os preços, em geral, variam de $2 a $20 por cartão.
O mercado de cartões
telefônicos pré-pagos movimenta, por ano, um valor estimado em $4 bilhões. De acordo o Hispanic Institute, no ano passado, apenas 60% dos
cartões pré-pagos, de fato, ofereciam o número de minutos anunciado. O instituto estima que o prejuízo diário dos
consumidores de cartões pré-pagos chega a $1 milhão, diariamente.
O congressista Eliot
Engel, democrata de New York, propôs legislação com o objetivo de regular esta
indústria, depois de comprar um cartão telefônico que não oferecia os minutos
anunciados. O Calling Card Consumer Protection Act
pretende tornar ilegal ao provedor, ou distribuidor, cobrar qualquer taxa que
não seja claramente informada. O projeto também pretende proibir que as
empresas de cartões pré-pagos ofereçam menos minutos do que os prometidos. "É moralmente
errado enganar qualquer pessoa. Eles
(as empresas) podem fazer dinheiro dizendo a verdade", disse Engel.
Líderes da indústria
tais como IDT Telecom, Inc., de Newark, em New Jersey e sua distribuidora Union
Telecard Alliance, com base em New York, processaram seis competidores, em 2007,
por práticas ilegais de mercado. As queixas dos
consumidores também deram início à abertura de investigações federal e
estaduais.
Como denunciar
Fonte: (Gazeta News)