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Publicado em 28/07/2008 as 12:00am

"Ele não teve chance de se defender", diz mulher de brasileiro morto nos EUA

O brasileiro André Martins, 25, morto na madrugada deste domingo nos Estados Unidos, não teve chance de se defender ou de se explicar antes de ser morto a tiros pela polícia do distrito de West Yarmouth, disse a sua mulher, a brasileira Camila Miranda Cam

O brasileiro André Martins, 25, morto na madrugada deste domingo nos Estados Unidos, não teve chance de se defender ou de se explicar antes de ser morto a tiros pela polícia do distrito de West Yarmouth, disse a sua mulher, a brasileira Camila Miranda Campos.

Segundo ela, que estava no banco de passageiro do veículo dirigido pelo noivo, os dois voltavam de um restaurante à 1h (0h de Brasília), quando um carro policial se aproximou e deu sinal de luz.

O incidente ocorreu a cerca de 3 quilômetros da casa do casal, em Hyannis (Massachussetts).

"O policial conversou por rádio com um segundo carro de polícia, que fechou a rua. Como viu que não ia conseguir parar a tempo, André virou o carro. O policial que bloqueou a rua desceu do veículo, apareceu na janela aberta e começou a atirar. Foram três tiros contra ele", relatou Camila, que está há 18 anos legalmente nos EUA, em entrevista por telefone à Folha Online.

"Ele não portava drogas nem armas, e não teve nem tempo de se defender. O policial que atirou no André agiu errado, ele tinha que ter atirado no pneu do carro", acrescentou.

De acordo com a versão da polícia, uma blitz de trânsito foi montada e o brasileiro não parou quando solicitado. Em seguida, iniciou-se uma perseguição que terminou quando o veículo de Martins colidiu com um carro da polícia. Neste momento, o policial teria atirado no motorista.

No entanto, segundo Camila, o policial atirou à queima-roupa em André, deu a volta no carro e atirou na parte de trás do veículo. "Eles não pediram para pararmos nem para descermos do carro. Ele [o policial] só não acertou em mim porque eu abaixei no banco", disse ela sobre a morte de André, com quem teve dois filhos --de 2 e 6 anos-- que estavam em casa.

Camila, que trabalha em um consultório médico, disse ainda que vai processar o Estado de Massachusetts pela morte do marido. "Eu estou sozinha para criar meus filhos. Isso foi assassinato, eles atiraram a queima-roupa."

Martins estava nos EUA desde 2001, trabalhava como pintor e não estava regularizado no país.

O Departamento de Polícia de West Yarmouth não deu mais informações sobre o ocorrido e deve divulgar um comunicado à imprensa na tarde de hoje.

Indignação

O pai de André, Luiz Carlos de Castro Martins, policial da reserva de Tapejara, no Paraná, disse que o filho era um trabalhador, e que pode ter ficado com medo de parar porque estava irregular no país.

Ele criticou, contudo, a ação agressiva do policial. "Sou policial de reserva, o policial tem que estar preparado. Tem como anotar a placa [do carro], agir depois é o mais certo. Não precisa correr nem metralhar ninguém. Ou atira no pneu, o carro você recupera, a vida não", lamenta.

Luiz Carlos disse que o filho nunca teve problemas com a polícia, e que sua morte é uma "lição" para os policiais. "Eles têm que pensar antes de agir, ter mais cautela. Sei que a situação é difícil, mas não se pode simplesmente atirar em alguém. [...] Meu filho trabalhava honestamente nos EUA, mas os imigrantes são esquecidos naquele país".

"Estamos indignados. Ele era um trabalhador Tapejara inteira está chocada com o que aconteceu", disse Elisângela Cardoso Teodoro, tia de André, por telefone à Folha Online.

A família do brasileiro quer trazer o corpo do brasileiro para ser enterrado em Tapejara.

Tiros

Segundo reportagem do jornal local "Cape Cod Times", o tiroteio ocorreu na avenida Baxter, por volta da 1h10 (0h10 em Brasília).

A polícia, citada pelo jornal, informou que os tiros foram dados após uma perseguição de 90 segundos, em uma blitz de trânsito rotineira em Harbor Road, paralela a avenida Baster.

Ainda segundo o jornal, um policial sinalizou para Martins encostar o carro, mas ele se recusou a parar. Isso levou à perseguição do veículo dos brasileiros e terminou com tiroteio e a morte de André.

Médicos de uma equipe de resgate tentaram reanimá-lo enquanto o levavam para o Cape Cod Hospital, em Hyannis, onde ele foi declarado morto em seguida. O tenente do distrito policial de West Yarmouth, Steven G. Xiarhos, disse que a "tragédia" já está sendo investigada, mas não deu mais nenhum detalhe.

Na manhã de domingo, a polícia foi até o local onde estava o carro do brasileiro e removeu o veículo.

Um morador da região, entrevistado pelo jornal "The Boston Globe", disse ter ouvido a batida e o policial mandar o motorista sair do carro. Em seguida, teriam sido dados três ou quatro tiros.

Outra testemunha disse ter visto o carro do brasileiro trafegando por mais alguns metros após a batida e o tiroteio.

 

Fonte: (Brazilian Times)

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