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Publicado em 17/08/2008 as 12:00am

Acusado de fraudar documentos imigratórios é absolvido

Fábio Santonione Almeida foi a jurí sob a acusação de vender Green Cards e Social Security Cards

Na tarde da última sexta-feira, o mineiro Fábio Santonione Almeida adentrou a Federal Court de Boston para aquele que seria o “desfecho feliz de um verdadeiro pesadelo”. Há um ano, no dia 8 de agosto de 2007,  ele e outros  26 brasileiros foram presos no estacio­namento de um supermercado sob a acusação de falsificação de Permissões de Trabalho e Green Cards. O flagrante foi o ‘gran finale’ de um ano de uma investigação secreta organizada pelo Immigrantion and Customs Enforcement - ICE e ele foi o acusado de ser peça-chave no esquema criminoso.

A operação consistia em colocar um agente do ICE se passando por um oficial do Departamento de Imigração se oferecendo para vender autênticos papéis para imigrantes ilegais. O Cartão para Permissão de Trabalho custava U$ 4 mil, enquanto que Green Card tinha um custo adicional de U$ 9 mil.

Ao solicitar o seu Green Card junto ao suposto agente, Fábio foi informado que poderia indicar amigos que estivessem irregulares no país (até mesmo os indocumentados, que vieram pelo México)  e que caso conseguisse muitas indicações, ganharia o custeamento das suas despesas consulares. “ Foi uma verdadeira arapuca. O agente me prometeu fornecer gratuitamente meus documentos caso eu indicasse outras pessoas para fazer parte do negócio, e como tinha muitos amigos em situação ilegal, recomendei o esquema, no intuito somente de ajudá-los”, afirma o mineiro, natural de Fernandes Tourinho, que há 16 anos desembarcou nos EUA, onde se tornou um bem-sucedido empresário do ramo de construção civil.

Ele revela que todos os seus encontros com o agente e intermediação junto aos amigos foram filmados e grampeados, deixando provas cabais de que se tratava de uma ação organizada pela Imigração, que o utilizou como bode expiatório para pegar indocumentados, e não como uma rede de tráfico de documentos falsos, como inicialmente teria sido especulado. “Me usaram para pegar brasileiros que estavam sem documentação no país, e ainda por cima fui incriminado por isso, acusado de ser peça chave desse esquema. Graças a deus a verdade veio à tona, apesar de quase um ano de sofrimento”, desabafa o empresário, que foi absolvido de todas as acusações (que poderiam lhe custar até 5 anos de prisão e $250 mil doláres de multa), restando apenas a já esperada ordem de deportação. Ele deverá deixar o país nos próximos dias.

 

Prisão domiciliar

Após a ação da ICE, no ano passado, Fábio permaneceu 43 dias preso em regime fechado até que lhe fosse concedida a prisão domiciliar. Para que não fugisse  e praticasse atividades suspeitas, ele permaneceu 11 meses acompanhado de uma tornozeleira eletrônica, que indicava sua localização, monitorada por satélite.

Foi estabelecido um limite de distância que ele poderia circular e, caso atravessasse o limite, um aviso sonoro seria acionado. “Eu posso ir somente até aquele poste (ele aponta um poste a poucos metros da sua casa). Se eu passar dele, a tornozeleira apita e em poucos minutos já teria um agente da imigração aqui”, explica.

Sobre aqueles que foram deportados por se juntarem ao esquema, Fábio se diz solidário. “Eu só queria que todos regularizassem sua situação neste país. Eu só indiquei amigos, pessoas queridas, não queria fazer dinheiro, queria era ver todo mundo legalizado”, reintera. Infelizmente nem todos os envolvidos no caso têm pensado como ele, o qual vem recebendo sucessivas ameaças de morte. “Já ouvi muitos boatos de pessoas no Brasil que querem a minha cabeça, mas não me preocupo, tenho a consciência limpa de que fui enganado e o resultado ficou confirmado na Corte”, finaliza.

 

Recomeço

Com a passagem comprada para o Brasil, Fábio pretende recomeçar juntamente com a sua esposa Lorena Fontes, que daqui há 4 meses dará a luz Sofia, a primeira filha do casal. Ela foi quem deu o suporte financeiro à Fábio durante seu período encarcerado em casa e foi quem mais acreditou na sua  inocência. “Eu precisei ter a cabeça fria em todo esse momento, ver meu marido sendo acusado de uma coisa que não praticou. Ele teve depressão, problemas cardíacos, uma séria de complicações advindas desse processo. Porém a verdade prevaleceu. A resposta da justiça foi o reconhecimento da inocência dele”, desabafa a esposa.

Em relação aos planos futuros, o casal pretende recomeçar no Brasil, procurando novos empregos e reconstruindo uma nova vida. Quanto à uma volta aos EUA, eles estão bem decididos. “Não voltaremos nunca mais. Não tenho a menor vontade de voltar. Foi tudo muito traumático e, se Deus quiser, ano que vem estou trabalhando duro de novo, só que no Brasil”, revela um agora sorridente Fábio, que transparece o alívio da absolvição.

Fonte: (Brazilian Times)

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