Publicado em 19/08/2008 as 12:00am
Brasileiros estão na cabeça dos políticos
São três candidatos, três plataformas, três cabeças muito diferentes, embora sejam todos três do Partido Democrata. E entre os três, a certeza de que, se eleitos, serão também representantes dos brasileiros
Por Miryam Wiley
São três candidatos, três plataformas, três cabeças muito diferentes, embora sejam todos três do Partido Democrata. E entre os três, a certeza de que, se eleitos, serão também representantes dos brasileiros.
Mas na hora H, na visão que denota uma preocupação mais direta, só Dawn Harkness parece ter uma idéia de onde encontrá-los. Ela foi pessoalmente à padaria Brazil e pediu para colocar um cartaz grande bem perto da porta.
“Eu estava aqui no dia em que ela botou o cartaz ali,” disse José Jordão, mineiro de Engenheiro Caldas, que não se impressionou. “Eu não dou atenção pra polítca, pra mim tanto faz aqui ou no Brasil, é a mesma coisa, só promessa.”
Entre outros onze brasileiros que estavam fazendo seu lanche na padaria, uma realidade: ninguém notou o cartaz perto da porta. Uma vez explicado o nome ( Dawn Harkness é de fato um nome difícil pra brasileiros), a conversa foi logo para a descrença ou simplesmente a certeza de que, como brasileiros, eles não fazem parte da população que importa.
“Eles entram lá e não muda nada,”disse uma mulher que se recusou a dar seu nome.
“A eleição me importa e tenho desejo que entrem pessoas que estejam do lado do imigrante,” disse Romeu Silva, de Belo Horizonte,” mas psicologicamente a gente sub-entende que a gente não pode fazer nada, não pode votar mesmo.”
A candidata Dawn Harkness disse, em entrevista por telefone, que se importa enormemente com os brasileiros e quer que eles saibam que vai lutar por eles em tudo que puder.
“É verdade que muitos brasileiros não podem votar, mas eles fazem parte da comunidade como todos as outras pessoas,” disse a advogada que está muito interessada em conhecer de perto os brasileiros. “Eu me interesso por eles e quero ser a pessoa em quem eles podem confiar se precisarem de alguém que lute por eles na comunidade. Às vezes alguém pode ficar sem aquecimento, ou ter problemas pra conseguir acesso às questões de saúde. O deputado é quem vai representar as pessoas, escrever cartas pra ajudar. O deputado é quem vai ouvir o que precisa ser comunicado a outros, que vai ser o que (em inglês) se chama um advocate.”
A deputada Pam Richardson, que está tentando se reeleger, disse que apoia legislação que vá ajudar os brasileiros a terem uma vida melhor em Framingham e que apoiou a aprovação de recursos para o ensino do inglês como segunda língua. Ela foi convidada a participar de um evento com o brasileiro Pablo Maia nesse próximo sábado na Civic League, entre 9 e 11 da manhã, aberto a todos.
Segundo Maia, esse vai ser um evento educativo, pra que as pessoas compreendam a importância das eleições.
“Os brasileiros em Framingham têm condição de decidir uma eleição,” disse Maia.
“Só falta registrar o pessoal pra votar. Muitos não estão registrados. Nós queremos explicar como é o processo de eleição, o que é que o deputado faz e como é o processo eleitoral de forma geral.”
De fato, entre vários brasileiros na padaria, só um soube explicar o que faz um deputado. Os outros se entreolharam, sedentos de uma resposta que pareciam estar procurando.
Dois brasileiros que estavam perto da padaria disseram que estão de saída, mas desejam ver o processo democrático correndo bem.
“Eu não sabia que tinha três candidatos em Framingham,” disse Gerson Santos, que veio do Pará. “Ainda há esperança de melhoras para os brasileiros, mesmo não sendo eu um dos beneficiados.”
Santos, estava conversando com Denilson Furtado, que veio de Goiás e se cansou de esperar por melhoras para o imigrante.
“Eu perdi o interesse e resolvi ir embora porque o governo daqui não tem interesse nenhum na gente,” disse. “É como se você não existisse. Eu trabalho há 8 anos, nunca fiz nada errado, agora desisti de esperar.”
Fonte: (Brazilian Times)