Publicado em 16/09/2008 as 12:00am
O programa "Homens contra a violência" chega a Framingham
Muitos brasileiros da área de Malboro e Milford descobriram que podem se transformar em homens amáveis, carinhosos. E agora essa chance chega a Framingham: Grátis!
Por Miryam Wiley
O médico brasileiro Percy Andreazi, que é psicoterapeura licenciado nos Estados Unidos, lembra-se de um homem que chegou ao seu consultório brigado com o mundo.
“Ele foi encaminhado pra nós ( na Wayside de Marlboro) porque ele tinha uma ordem de restrição( em inglês: restraining order) proibindo-o de ver a mulher,” disse Andreazi “Ele estava arrasado. Mas depois de algumas seções ele melhorou tanto, cortou a barba comprida, ficou mais limpo, parecia outra pessoa.”
A sorte dele é que ele chegou no lugar certo. Andreazi é o líder do programa “Homens contra a violência,” que já ajudou a mais de 100 homens ( incluindo brasileiros, americanos e hispanos) graças a uma grant (verba especial) da Metrowest Community Healthcare Foundation, que permite que o programa seja oferecido sem nenhum custo para os interessados.A mágica da mudança, segundo Andreazi, vem da oportunidade de conversar e entender o que está acontecendo.
“O trabalho exigia que ele acordasse de madrugada e isso alterava o ciclo biológico dele, então ele começou a ter explosões,” disse Andreazi. “ Fazendo a terapia ele começou a ver que já fazia alguns anos que tinha perdido a paciência com as filhas e se isolado da família.”
Exercício em vez de remédio
A terapia oferecida a esse homem funcionou bem. “Ele não quis tomar remédio e eu expliquei pra ele que a gente podia tentar primeiro o exercício,” disse Andreazi. “Ele começou a fazer exercício e começou a mudar fisicamente, começou a procurar a família, voltou a ser alegre, interagir com as pessoas.”
O programa inclui palestras educativas e terapias individuais. Uma vez chegou a reunir 200 homens na igreja de São Tarcísio em Framingham. Os resultados são visíveis e muitas famílias são gratas ao que começam a observar, mas há quem não saiba que a ajuda está por perto e casais se separam.
“Quando o homem está estressado, ele perde a capacidade de amar,” disse Andreazi. “Amor é uma ação em direção ao seu parceiro. Quando o homem está deprimido, ele não consegue expressar a sua ação em relação ao parceiro. O que acontece é que muitas vezes acaba o relacionamento.”
Mudanças na sociedade precisam ser explicadas
Segundo Andreazi, o que acontece entre os imigrantes é que alguns homens se sentem ameaçados quando não podem tomar todas as decisões da família.
“O homen imigrante não entende bem essa visão do papel da mulher, de como a mulher se tornou participativa,” disse Andreazi. “Muitas vezes ele acha que é um problema da mulher dele! Por exemplo, ele fala assim: ‘A mulher aqui quer participar do orcamento de casa, quer decidir o que vai fazer com o dinheiro.’ E fica chateado quando ela chega tarde porque está trabalhando. Mas na verdade, ele sozinho não sustenta mais a família. A mulher aqui logo se torna independente, tem seu carro.. Às vezes a mulher ganha mais que o homem. Isso é uma reviravolta da sociedade moderna.”
E é assim que muitos de repente começam a assustar os que estão em volta.
“Todos os homens que têm stress correm o risco de cometer algum tipo de violência, contra outros e até contra si próprios,” disse Andreazi. “Eles não conseguem pedir ajuda porque isso é visto como um sinal de fraqueza,”
E se de repente cometem um ato de violência e vão dar satisfações à justica ( em inglês “go to court”) são obrigados a frequentar 40 sessões de terapia a $40 de cada vez, enquanto nesse programa preventivo, a terapia é gratuita.
Homens gostam da vida democrática, responsabilidades divididas
Andreazi disse que já viu mudanças radicais entre os participantes.
“Eu vejo muitos homens se sentirem aliviados quando passam pelo programa, “ disse. “Na verdade, o homem carrega um fardo, que passa de geração em geração.
Quando eles entendem o que está acontecendo na sociedade, que as mudanças não são na familia deles só, e que é mais fácil viver de uma maneira mais democrática, eles tiram esse peso das costas, esse peso de que eles não podem chorar, mostrar fraqueza. Isso vem da história da evolução – homens tinham que ser fortes, tinham que caçar, ser fortes pra proteger a família. Mas as coisas mudaram.”
Segundo Martin Cohen, diretor-executivo da Metrowest Community Healthcare Foundation, foi o sucesso do programa em Marlboro e Milford que chamou a atenção do pessoal da South Middlesex Opportunity Council, que administra o programa chamado Voices Against Violence e assim os Homens contra a Violência chega a Framingham.
“Eles começaram a ver que a tentativa de intervir para ajudar os homens é uma parte importante do trabalho que fazem para ajudar a vítimas,” disse Cohen. “Eles tinham ouvido falar do Percy ( Andreazi), que é um profissional talentoso e foi assim que o convidaram pra fazer o mesmo trabalho em Framingham.”
Mary Gianakis, que coordena o programa Vozez Contra a Violência ( em inglês, Voices Against Violence), está entusiasmada com a extensão do programa a Framingham, mas insiste:
“É importante entender que esse programa não é pra homens que já são violentos em suas relações – é para os homens que estão sofrendo com depressão e stress, com a sensação de isolamento e por isso são considerados “at risk” de cometer violência contra os seus parceirosm” disse Gianakis. “O que o Dr. Andreazi faz é proporcionar a eles a educação e apoio pra que voltem a ter relações familiares saudáveis.”
Se você quiser se inscrever, ligue para o número 508-478-6888 ext. 165
E para maiores informações sobre esse programa gratuito e confidencial, cheque o site www.waysidemen.org
Fonte: (ANBT - Agência de Notícias Brazilian Times)