Publicado em 23/09/2008 as 12:00am
Família pede 'verdade' no começo do inquérito do caso Jean Charles
Mais de três anos depois de o brasileiro Jean Charles de Menezes ter sido morto por um suposto erro da polícia britânica, a investigação pública sobre as circunstâncias da morte recomeçou nesta segunda-feira (22), em um tribunal improvisado em um campo de
Mais de três anos depois de o brasileiro Jean Charles de Menezes ter
sido morto por um suposto erro da polícia britânica, a investigação pública
sobre as circunstâncias da morte recomeçou nesta segunda-feira , 22, em um
tribunal improvisado em um campo de críquete no sul Londres.
"Estamos aqui para buscar a verdade sobre as circunstâncias da morte
de De Menezes", disse ao júri o chefe do inquérito judicial, Michael
Wright. "Desde o início deve ficar claro que De Menezes não estava de
maneira alguma associado a bombas, artefatos explosivos ou qualquer forma de
terrorismo."
"Este foi o primeiro dia de inquérito
e esperamos que nos leve à verdade, depois desses longos e dolorosos meses.
Esperamos que, quando isso terminar, saibamos como morreu meu primo",
afirmou Patrícia da Silva Armani, prima de Jean Charles.
A corte, instalada no salão John Mayor do campo de críquete, estava repleta de
advogados das duas partes, separados do público por grandes telas, atrás das
quais estavam posicionados alguns jornalistas - a maioria foi agrupada em um
edifício anexo - e membros da família.
"É preciso responder a quatro perguntas. Quem, onde e onde morreu, e isso
será fácil. A quarta pergunta é muito mais difícil, como foi que De Menezes foi
morto", disse Wright ao júri.
Por parte da família estavam presentes Alex Pereira, Alessandro Pereira e
Patrícia, primos do brasileiro de 27 anos que foi atingido por sete tiros na
cabeça em um vagão do metrô londrino por policiais da Scotland Yard que o
confundiram com um terrorista suicida.
No total, 50 policiais prestarão depoimento de maneira anônima e ocultos por
telas de divisória, sobre os acontecimentos de 22 de julho de 2005, quando o
brasileiro, que seguia para o trabalho como todos os dias, foi morto com tiros
à queima-roupa por dois policiais.
A morte de Jean Charles aconteceu duas semanas depois dos atentados contra os
transportes públicos londrinos, que deixaram 52 mortos, e no dia seguinte a uma
série de atentados frustrados em Londres.
No edifício em frente ao campo de críquete, com forte esquema de segurança,
ativistas da campanha Justiça para Jean exibiam uma faixa com a frase
"Investigação, não acobertamento", enquanto outros exibiam cartazes
com a frase "Três anos sem justiça".
No tribunal também estão presentes membros da campanha, que desde a morte do
brasileiro lutam, ao lado dos familiares e de seus representantes legais, para
que se investigue o que qualificam de "assassinato".
Fonte: (Da redação)