Publicado em 16/10/2008 as 12:00am
Pesquisadoras investigam e relatam a história do imigrante brasileiro
A criação da "Brazilian Community Heritage Foundation", entidade sem fins lucrativos, irá preservar para sempre a memória dos brasileiros nos Estados Unidos
Por Elizabeth M. Simões
Com o intuito de registrar e
preservar a história dos brasileiros no estado de Massachusetts, a “Brazilian
Community Heritage Foundation” ou Fundação da Herança Comunitária Brasileira,
estabelecida em Somerville-MA, está patrocinando o estudo “3 décadas de
imigração brasileira na América”, com foco especial para a Costa Leste
americana, que abrange fatos históricos no trecho geográfico desta orla
americana. Especificadamente, Edirson Paiva, idealizador da fundação, ilustrou
as principais cidades que deverão ter a história da comunidade brasileira
vinculada. “Vamos começar em Boston, passar por Danbury, chegar a Nova York.
Seguir para Newark, depois Filadélfia. E de lá, para a capital Washington, D.C.
Passando por Atlanta e descendo em Miami. A Costa West, ou seja, até a
Califórnia, quem sabe!”, exclamou Edirson.
Estudos preliminares foram feitos
pela professora e escritora Nadejsda Marques, que especializou-se em História e
também já exercia a função de pesquisadora. A Fundação irá arquivar os textos
extraídos dessa pesquisa, tanto quanto a cópia dessa edição do jornal, entre
outros periódicos, fotografias, imagens, gravuras e todos os fatos devidamente
comprovados, que ajudem a contar a história e a trajetória dos imigrantes nos
Estados Unidos.
O projeto da “Brazilian Community
Heritage Foundation” tem a missão de criar um acervo complexo, cuja informação
reproduza conhecimento acerca do modo de vida, comportamento, economia e todos
os aspectos da transformação cultural brasileira em contato com a
norte-americana.
Ao término de todos os
procedimentos para a abertura da sala “Brazilian Community Heritage
Foundation”, a visitação será aberta ao público e gratuita. “A jornalista
Miryan Willey foi recentemente contratada para dar continuidade ao trabalho de
pesquisa e coleta do material, com a finalidade de proporcionar contextura. Ao
término, esse trabalho será divulgado e exposto, num estilo museu” disse
Edirson. Os veteranos de América que tiverem interesse em colaborar com o
projeto, podem ligar para o telefone (617) 440-5135
“3 décadas de Imigração Brasileira na América”
Nas últimas três décadas, milhares
de brasileiros imigraram para os Estados Unidos. Formaram-se grandes colônias,
sendo as principais em Massachusetts, Connecticut, Nova York, New Jersey,
Pensilvânia, Washington, D.C, Georgia, Flórida e Califórnia.
Nos anos 80, os brasileiros chegaram
de várias regiões do Brasil, mas o maior grupo partia de Governador Valadares e
regiões nos Estado de Minas Gerais. Atualmente, o mapa da imigração
modificou-se apresentando maior evasão nos estados do Paraná, bem como Santa
Catarina, no sul do Brasil.
Para os pioneiros da década de 80,
o cotidiano representava maiores dificuldades na adaptação, “não existiam as
lojinhas brasileiras, o arroz com feijão, nem mesmo o guaraná”. Esses novatos
da imigração brasileira em Massachusetts deixaram o Brasil por razões políticas
e econômicas. Nesse período, o Brasil enfrentava a inflação e o desemprego, ao
mesmo tempo em que acontecia uma transição democrática, “todavia o Governo
ainda preservava os mecanismos de repressão e de censura da ditadura militar”.
Grande parte desses imigrantes
constituiu família nos EUA e investiram na abertura de pequenos
empreendimentos. Dez anos mais tarde, os imigrantes recém-chegados encontraram
novas perspectivas de adaptação, “esse processo estudado na sociologia é
conhecido como expansão de redes sociais, que possibilitaram o desenvolvimento
de comunidades”.
As novas comunidades de
brasileiros se auto-sustentavam e apoiavam os novos imigrantes. Elas eram formadas
sobretudo por famílias, parentes e amigos.
Os primeiros negócios facilitaram
os contatos pessoais e reduziram a barreira do idioma, essa oportunidade de
comunicação criou precedentes para encorajar novas famílias à imigrarem, dando continuidade
ao processo migratório. “Através dessas redes ou comunidades, os novos
imigrantes encontravam trabalho, escola, casa, igreja e assistência patriota.”
Aos poucos eles iam sendo notados
pelos norte-americanos e atualmente já existem placas de avisos e serviços de
intérpretes no idioma português. “Foram se reproduzindo bandeiras brasileiras
por toda parte”. Os empreendimentos brasileiros cresceram nos segmentos da
construção, alimentação, prestação de serviços e até mesmo abastecimento, como
por exemplo as lojas de conveniências, que importam mercadorias típicas. Segundo
o Departamento de Saúde Pública de Massachusetts, o português é a língua mais
falada no estado depois do inglês.
Os brasileiros lucram na América
do Norte, mas também investem no Brasil. Cerca de $1 bilhão de dólares, por ano,
são enviados para lá. Enquanto não voltam para a terra natal esforçam-se deliberadamente
onde residem, “Há uma notória iniciativa para construir uma imagem positiva e
participativa perante a sociedade norte-americana”. Órgãos institucionais
colaboram na organização comunitária e lideranças políticas reivindicam
representatividade do Governo Brasileiro na negociação dos direitos humanos e
cidadania.
Brazilian
Community Heritage Foundation
Edirson Paiva respondeu sobre a
dificuldade de manter uma Fundação desse porte, “Estamos em fase de formação e
o registro já foi encaminhado para a devida oficialização. Estamos fazendo um
trabalho paulatino e não poderia ser o contrário, pois não temos verbas. As
despesas iniciais estão sendo mantidas pelo jornal Brazilian Times” disse.
Os interessados em doar peças,
fotos, documentos, livros com temática sobre a comunidade, e outras fontes de
informação histórica, podem contatar a Brazilian Community Heritage Foundation,
provisoriamente pelo fone: (617)440-5135.
Fonte: (ANBT - Agência de Notícias Brazilian Times)