Publicado em 26/10/2008 as 12:00am
Brasileiro é condenado por atentado a bomba nos EUA
A pena pode ultrapassar 20 anos de prisão e será divulgada quarta-feira (29)
Por Luciano Sodré
Depois de
aproximadamente três anos, o catarinense Joel Lemos, foi considerado culpado de
uma explosão que feriu outro brasileiro. A decisão foi divulgada na noite de
quinta-feira (23), pela Côrte da cidade de Woburn, em Massachusetts. Mas a pena
será divulgada apenas na quarta-feira (29) e pode ultrapassar 20 anos de prisão
em regime fechado.
Contra Joel existia,
segundo informações de funcionários da Côrte, oito acusações, entre elas, uma
tentativa de homicídio, agressão e explosão. A decisão deixou a família
transtornada, mas ainda está lutando para tentar extraditar o brasileiro para o
Brasil e culpa a ex-namorada, Cheri Ellis, uma norte-americana, pelo ocorrido.
Por telefone, a irmã
do catarinense, Dinagel Lemos Lima, informou ao site de notícias G1, que
considera o julgamento uma injustiça e que seu irmão está bastante abalado. “Ele
não está nada bem tanto fisica como psicologicamente”, ressalta ela salientando
que Joel sofreu um acidente na cadeia e está se locomovendo com uso de muletas.
A mãe de Joel, Deomir
Cardoso Lemos, relata, ao mesmo site, que seu filho conheceu a norte-americana,
quando ela trabalhava como garçonete em uma pizzaria que ele tinha em
Somerville-MA. “Em cartas, ele me disse que estava com problemas com a Governo
dos Estados Unidos por causa de sonegação de impostos. Foi então que a namorada
o aconselhou a viajar para a Europa e depois, ela venderia os bens do
brasileiro e iria encontrar-se com ele”, afirma Deomir.
Depois de um ano que Joel
havia viajado para a Espanha, a namorada o informou de que estava vivendo com
outra pessoa e quebrou o relacionamento com ele. “Meu filho ficou transtornando
e tentou até suicídio”, se emociona.
Depois de superar a
crise, conforme relata a mãe, Joel retornou aos Estados Unidos e descobriu que
sua ex-namorada estava vivendo com um outro brasileiro, Fernando Araújo,
funcionário da pizzaria. “Esse foi o motivo do atentado a bomba”, fala tentando
colocar a norte-americana como culpada.
Depois do crime
cometido, Joel foi preso, mas a situação dele se complicou depois que a polícia
encontrou em seu apartamento um Alcorão e um desenho de uma bomba em uma folha
de caderno. A irmã nega que o catarinense soubesse armar uma bomba. “Quando
estava acontecendo o julgamento, foi citado que ele aprendeu armar uma bomba
quando estava no Exército brasileiro, mas durante o serviço militar ele apenas
trabalhou no hospital da base, como motorista”, defende. “Eles não me deixaram testemunhar
em favor do meu irmão”, acrescenta Dinagel, que vive nos Estados Unidos há 19
anos.
Ela disse que recebeu,
das mãos do advogado do brasileiro, uma carta na qual ele pede ajuda ao
presidente Lula, no sentido de ser extraditado para o Brasil. “Tentaremos o possível
e impossível, porque temos medo de que meu irmão morra na cadeia”, finaliza.
“Sem mágoas no coração,
mas marcas para a vida toda”
Até mesmo a pessoa
mais prejudicada neste crime de Joel, o mineiro Fernando Araújo, diz não
guardar rancor. “No meu coração ele está perdoado”, disse ele em uma entrevista
exclusiva ao jornal Brazilian Times, feita pelo repórter Eduardo de Oliveira.
Fernando não guarda
mágoas em seu coração, mas exibe as marcas desta atitude criminosa. Cego de um
olho e parte do corpo queimado, são sequelas que o irão acompanhar o resto de
sua vida.
Lembrando o dia do
crime, emocionado, ele relata na entrevista que “às 3h30 da manhã da
quinta-feira de Thanksgiving (24 de novembro de 2005), Fernando foi acordado
pelos vizinhos. O carro de Cheri pegava fogo no estacionamento da sua casa, na
Wheatland Street, em Somerville. Os bombeiros chegaram em um minuto e apagaram
o rastro de fogo que subiu da bateria até a teto do Honda Civic. Os oito
brasileiros que moravam na casa voltaram a dormir após a polícia garantir que foi
apenas curto-circuito. Às 8 horas, Fernando e Cheri levantaram-se dispostos a
comprar o jornal The Boston Globe para procurar as promoções de feriado. Eu
queria comprar algumas ferramentas para abrir um negócio no ramo de construção.
Ao perceber o porta-malas do seu carro entreaberto, Fernando esticou o braço
para alcançar a caixa preta suspeita dentro da mala. Só deu tempo de gritar:
Cheri!”, recorda ele durante a entrevista com Eduardo.
Depois da explosão,
parte do lado esquerdo do brasileiro ficou em chamas e ele foi levado para o
Mass General Hospital, onde ficou em coma
por 37 dias. Fernando passou por 10 cirurgias, mas não se abalou e continuou
tocando a vida pra frente.
Caso tivesse a chance
de se encontrar do com Joel, Fernando afirma que faria apenas uma pergunta:
“Por que você fez isso com alguém conhecido?”
Fonte: (ANBT - Agência de Notícias Brazilian Times )