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Publicado em 2/11/2008 as 12:00am

Polícia de Yarmouth ? MA busca reconciliação com comunidade brasileira

Passados 5 meses da morte do brasileiro André Martins, departamento de polícia da cidade promoveu reunião para dar a versão definitiva do caso


Por Marcelo Zicker / Phydias Barbosa
 

No dia 27 de julho desse ano, um incidente alimentou o sentimento de medo e desconfiança entre a polícia norte-americana e boa parte da comunidade imigrante que aqui reside, principalmente a brasileira. O paranaense André Martins, de 25 anos, foi morto à tiros após se recusar a parar numa blitz da polícia da cidade de Yarmouth. A revolta e o questionamento sobre a atitude tomada pelo policial Christopher Van Ness em tentar conter a fuga do brasileiro se espalhou por toda comunidade, que buscava respostas e justificativas.

 

Na sexta, 31,  o Departamento de Polícia de Yarmouth, chefiada por Michael J. Almonte, organizou um evento no local com o objetivo de ‘ ampliar o nível de conhecimento e entendimento dos oficiais de Yarmouth sobre a cultura do Brasil, como também melhorar a relação de confiança e compreensão da atuação da polícia por parte da comunidade brasileira’. O encontro contou com a presença da Comissão de Direitos Humanos da Região de Barnstable, alguns policiais do departamento de Yarmouth, além de alguns líderes comunitários e religiosos.


A decisão de atirar


Apesar da premissa conciliadora, a reunião foi , na verdade, o ‘pano de fundo’ para a explicação definitiva do caso. Após uma breve introdução de Michael, o evento prosseguiu com questões polêmicas. “ Como o policial conseguiu agir tão friamente ao disparar contra o brasileiro? ” indagou Phydias Barbosa, representando o BT.  “Tudo aconteceu em menos de 90 segundos. O oficial estava estacionado num local público e viu o carro do André em velocidade não permitida na área Era noite, muito longe para que ele pudesse anotar a placa. André parou em frente à entrada de uma casa e o carro do oficial Van Ness ficou à sua frente. O policial saiu do carro. Na posição em que estava, virou alvo fácil para André, que jogou seu carro contra o do policial e continuou avançando. Nesse momento, o policial atirou. Infelizmente, uma das balas acertou no peito de André, o que causou a sua morte”, relatou Michael.


Segundo ele, a decisão foi melhor a se tomar, tendo em vista que a integridade física do policial estava ameaçada naquele momento. “ No nosso ponto de vista, o policial, que também tem uma família e é um ser humano como outro qualquer, usou o seu direito de defender-se. Após o disparo, o carro ainda andou por uns 20 metros até parar. O policial foi até o carro e ainda aplicou os primeiros socorros, mas infelizmente já era tarde demais.”, completa.   

 

Dando seguimento com a discussão, mais dúvidas. “ Por que o policial não disparou contra os pneus, ao invés da vítima? Não seria a atitude mais sensata a se tomar para conter o avanço do veículo guiado por André ? ”. Dessa vez, o Sargento John K. Fallon, interveio justificando que “ Não somos autorizados a atirar no pneu de um carro porque está provado que um tiro não vai fazer o carro parar. O que se vê no cinema nem sempre é real. Além disso, é perigoso fazer isso porque a bala pode ricochetear e atingir algum cidadão que esteja passando, ou voltar e atingir o próprio policial. Quando um policial saca da arma é somente por uma razão: parar uma ameaça perigosa”. O Sargento, que se apresentou como ‘João’, é casado com uma portuguesa e foi o único dentre os policiais presentes a se comunicar em português.


A voz da comissão de direitos humanos


A comissão de direitos humanos da região de Barnstable esteve presente no encontro alertando para que novos casos não ocorram. “ Queremos discutir como podemos agir de outra forma, numa próxima situação parecida. Não devemos acreditar que a atitude foi a melhor a ser tomada, devemos tentar entendê-la buscando alternativas pra uma situação futura” afirmou Ernest Hadley. Já Jaccqueline Fields, salientou que muitas das tragédias ocorrem por questões de ordem discriminatória. “ Todos nós sabemos que a questão racial é levada em conta nessas situações, devemos sempre ficar atentos para identificar os casos que se inserem nesse contexto. Como negra e por ter vivido diversas vezes atos discriminatórias pela minha raça, levanto essa bandeira” afirmou Jaccqueline, presidente da comissão.



Fonte: (ANBT - Agência de Notícias Brazilian Times)

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