Publicado em 9/11/2008 as 12:00am
Pai de Caíque Souza desabafa em entrevista
Passados dois anos da tragédia, na terça ? feira (04) saiu a sentença , condenando o rondoniense à prisão perpétua. O pai de Caíque, Antônio Souza Júnior, acompanhou todas as audiências até o resultado final , sempre clamando por justiça, exigindo a cond
Por Marcelo Zicker
No 20 de maio de 2006, o marceneiro Jeremias Bins se apossou de seu
instrumento de trabalho, um martelo, para realizar um crime brutal, que aterrorizou
a comunidade brasileira de Framimgham, Massachusetts. Após meses de ameaças, ele assassinou, à
sangue frio, a esposa, Carla Souza, de 37 anos
e o enteado Caíque Souza, de 11 anos à materladas.
Passados dois anos da
tragédia, na terça – feira (04) saiu a
sentença , condenando o rondoniense à prisão perpétua. O pai de Caíque, Antônio
Souza Júnior, acompanhou todas as audiências até o resultado final , sempre
clamando por justiça, exigindo a condenação de Bins.
O BT entrevistou o baiano, há
13 anos residindo nos EUA, que se mostrou
aliviado com o fim do julgamento, ‘ apesar de tudo não ter curado a dor do
acontecimento’.
Brazilian
Times - Como foi pra você receber a sentença final do caso? Qual o sentimento
que lhe passou pela cabeca no momento em que o juiz deliberou o resultado?
Alívio?
Antônio - Olha,
pode parecer mentira mas nao sinto
nenhum tipo de ódio , mágoa ou ressentimento por ele, e sim um grande desprezo.
O que senti, na verdade, foi um peso retirado das minhas costas. Não vai
trazer meu filho de volta mas pelo menos o sentimento de impunidade nao vai me
machucar.
Quando eu o vi sendo sentenciado, quando
presenciei aquela cena, me deu uma tristeza muito grande. Sabemos que ele foi
culpado pela maldade e crueldade que ele praticou, mas na minha cabeça, no meu
coração, sei que ele também é um ser humano e não estou certo se ele realmente
merecia a prisão perpetua. Gostaria somente que a justiça fosse feita de alguma
forma, que ele fosse punido pelo que cometeu. Ele representa uma ameaça à
nossas famílias, à sociedade em geral.
Brazilian
Times - Você acha que a dor vai perdurar pelo resto da sua vida? É possivel seguir vivendo da mesma maneira após
uma tragédia como essa ?
Tenho muita
fé em Deus e só ele tem me mantido de pé. Muitos amigos e até pessoas que não
conheço que estão comigo nesta corrente de fé e oração. Tenho certeza que essa
ferida que nunca vai parar de sangrar, não poderá ser esquecida pois em alguma
hora ela será tocada, como agora durante
o julgamento.
Brazilian Times - Você pensa em se envolver ( ou já se envolve) em projetos de apoio à vitima da violência doméstica? Será que o fato pode se tornar um exemplo para fazer desse caso um exemplo para que novas tragédias não ocorram?
O que eu
quero agora é descansar minha cabeça, ou seja, ocupar com alguma coisa que me
de prazer e alegria pois tenho sentido um cansaço emocional muito grande. Claro
que não descarto a minha ajuda caso alguém precise. Quem sabe mais para frente
possa me envolver com esse tipo de projeto.
Essas 2
últimas semanas foram demais pra mim, não queria imaginar o que vi, ouvi e até
mesmo as que somente imaginei, as que me recusei a ver. Só peço misericórdia, paz,
alegria e muito amor na minha vida.
Brazilian Times - O resultado final do julgamento era o que vc esperava?
Sim. Porém,
com todas as provas que tínhamos, eu sempre me mantive cauteloso pelo fato de
ter a consciência de que os jurados são seres humanos e podem interpretar de
maneira diferente tudo que ouviram e viram.
Brazilian Times - Você acha que a tragédia poderia ter sido evitada de alguma forma?
O que mais
eu lamento é que eu não sabia de nada do que estava acontecendo com eles, porque
sempre perguntava a Caíque como estava o relacionamento dele com o Jeremias, se
ele o respeitava, e ele sempre me dizendo que estava bem. Acho que ele agiu com sensatez, sendo maduro,
pois so queria proteger a mãe, que com
certeza deveria ter pedido pra ele nao me contar nada, com medo de que eu
tentasse pedir a guarda dele, ou algo do tipo.
Brazilian Times - Se você pudesse mandar um recado para o Jeremias, falar algumas palavras com ele, quais seriam?
Que não guardo rancor nem ódio dele, e que
Deus tivesse compaixão e perdão pelo ato brutal. Porém, para isso ele teria que
fazer a parte dele, ou seja, se arrepender e agir com humildade e com o coracao
bom, porque atualmente ele possui um
coração de pedra.Diria a ele também que iria poder descansar em paz, refletir
sobre tudo com calma. Essas são as
palavras que com certeza iria lhe dizer se tivesse oportunidade.
Fonte: (ANBT - Agência de Notícias Brazilian Times)