Publicado em 16/11/2008 as 12:00am
Pílulas brasileiras para emagrecimento na mira da justiça
Por muitos anos, os brasileiros que desejassem perder alguns quilos, contavam com um mercado negro de pílulas, que eram vendidas ilegalmente e facilmente encontradas nas lojas de conveniência brasileiras espalhadas por Boston e adjacências
Por muitos anos, os
brasileiros que desejassem perder alguns quilos, contavam com um mercado negro
de pílulas, que eram vendidas ilegalmente e facilmente encontradas nas lojas de
conveniência brasileiras espalhadas por Boston e adjacências.
Até que, em maio desse
ano, após um ano inteiro de investigações, a polícia prendeu uma quadrilha de
brasileiros que vendia as pílulas na cidade de Malrborough. Elas continham
drogas ilegais no estado de Massachusetts. A polícia interrompeu, ainda que
temporariamente, o que era um negócio altamente rentável. As pílulas, além de
ilegais, causavam efeitos colaterais de extremo desconforto a quem as tomasse.
As pessoas se sentiam
muito mal, com dores de cabeça constantes, pressão alta e criaram problemas
imensos para a família de Eron Alves, de 33 anos. Ele, sua mãe dona Maria Aniz,
de 69 anos, sua esposa Neuza, de 48, foram presos em maio passado com a
acusação de portarem drogas ilegais, no mesmo dia que receberam uma caixa
enviada do Brasil com mais de 3000
pílulas.
Eron e sua esposa, que
foram libertados ao pagarem fiança, tiveram uma audiência na corte de
Marlborough na última segunda feira. Os dois continuam com sua loja, Braz
America Travel, em Hudson, de onde se presume que vendiam as pílulas,
principalmente para imigrantes brasileiros. Segundo informações colhidas com o
jornal Daily News e sua repórter Liz Mineo, não se sabe ainda o resultado dessa
última corte e o casal não se manifestou sobre o assunto com os repórteres.
Ninguém está livre do alcaguete
A polícia ficou a par
das ações do casal quando recebeu uma informação anônima de um morador da
cidade de Hudson. Ele contou que a loja vendia pílulas emagrecedoras contendo
substâncias ilegais. Disse também que as pílulas eram chamadas informalmente de
Dr. Caveirinha (em inglês, Dr.
Skeleton) e se presume que funcionavam muito bem para fazer as pessoas perderem
peso.
No mês de abril desse
ano, a alfândega americana (US Customs and Border Patrol) interceptou nove
pacotes contendo pílulas que continham componentes proibidos, no setor de carga
internacional em Nova York. Um desses pacotes se destinava a Eron Alves em
Marlborough e, quando a caixa foi inspecionada por agentes especiais da Food
and Drug Administration (FDA), foram encontradas centenas de cápsulas contendo
substâncias tais como: chlordiazepoxide,
um ingrediente que combate a ansiedade, fenproporex, um estimulante que é
convertido em anfetamina quando atinge o sistema sanguíneo e fluoxetine, um anti-depressivo.
Os rótulos em
português avisavam que a caixa continha “remédios naturais”. Um bilhete escrito
à mão, por uma mulher de Anápolis, cidade localizada em Goiás, dizia: “ Neuza,
na graça de Deus, estou enviando 27 cartelas, porque o correio aqui está em
greve”.
Numa tarde de maio, a
caixa foi entregue a Eron Alves por um policial disfarçado de carteiro, em
cooperação com a polícia de Hudson e Marlborough. Com um mandado de prisão, a
polícia fez uma busca no apartamento de Eron, uma vez que a caixa tinha sido
aceita. Lá, foram encontradas diversas caixas com pílulas e rótulos em
português que diziam: “Não se deve abusar de remédios que causem dependência” e
“Só pode ser vendido com receita médica”.
Médicos ficaram perplexos
“A prisão da suspeita
quadrilha de Marlborough trouxe preocupações em muitas áreas médicas de
Massachusetts, que notaram o aumento no uso de pílulas desse gênero por parte
dos imigrantes brasileiros”, disse um médico da Harvard Medical School, Dr. Pieter
Cohen, que trabalha no Cambridge Health Alliance, onde metade dos pacientes é
de origem brasileira. Ele publicou um estudo no final de 2007, comentando que
18% de seus clientes reclamaram de efeitos colaterais, como tremedeira,
palpitação, hipertensão, insônia e ansiedade quando usaram a famosa pílula.
Embora tenha liderado um programa para desencorajar as pessoas de usarem esse
tipo de “medicina”, ele afirmou que ainda é preciso muito trabalho nesse
sentido, pois muita gente continua usando esses produtos.
Dr. Cohen também disse
que, no Brasil, o público toma muito desses ingredientes até mesmo sem receita
e que é comum os médicos receitarem pílulas contendo anfetaminas,
antidepressantes, diuréticos e laxativos. Entretanto, as quadrilhas de falsificadores
e vendedores de remédios ilegais continuam atuando, algumas impunemente. Muitos
imigrantes continuam pedindo a seus parentes para comprarem as pílulas e
enviarem pelo correio. Outros, as conseguem nas lojas de brasileiros.
Então, leitores, não
façam como F., de Framingham, que comprou as pílulas por 130 dólares, perdeu 50
libras e teve diversos efeitos colaterais. Perdeu peso, mas o remédio a fez
adoecer ao ponto de sentir tremores, náusea, insônia e depressão.
Remédio de Rato
Esse remedinho, que já
foi chamado de muitos como Remédio de Matar Rato, pela sua eficácia em secar as
pessoas, funciona como uma febre que se alastra, que funciona no boca a boca;
um toma, o outro segue e daí por diante, todo mundo toma porque o amigo ou
amiga tomou. Só que a ingenuidade e falta de preparo faz muita gente passar
mal, o que prejudica o trabalho e a rotina da vida doméstica.
E o produto, caros
leitores, pode ser encontrado em muitos lugares, em lojas, cabeleireiros, com
amigos. Porém, a sorte está lançada, você não quer ter seus órgãos deteriorados
simplesmente porque deseja perder uns quilinhos. Melhor enfrentar uma academia,
fazer ginástica e praticar uma alimentação saudável.
Fonte: (Metrowest Daily News) - Tradução de Phydias Barbosa