Publicado em 11/12/2008 as 12:00am
Como contar ao sobrinho que o pai matou a mãe?
Imagine que você se muda para um país distante a pedido da sua irmã. Pouco tempo depois ela é assassinada pelo próprio companheiro. Agora, cabe a você cuidar do bebê do casal
Eduardo A. de Oliveira
Imagine que você se muda para um país distante a pedido da sua irmã. Pouco tempo depois ela é assassinada pelo próprio companheiro. Agora, cabe a você cuidar do bebê do casal.
É exatamente isso que está vivendo o baiano Élvio Maia, que perdeu a irmã Carla, e o enteado Caíque de Souza, mortos a golpes de martelo por Jeremias Bins em maio de 2006.
No dia 4 de novembro, a Corte Superior de Woburn condenou Jeremas Bins a cumprir duas prisões perpétuas. Na época, a notícia foi difundida também na imprensa no Brasil e muitos brasileiros deixaram comentários parabenizando a Justiça americana.
Mas a vida continua para Philippe, o bebê que foi a maior de todas as vítimas do caso que envergonhou toda a comunidade brasileira dos EUA. Maia tem a custódia de Phillipe, mas sofre só em pensar quando e como contará ao menino dos olhos brilhantes que seu pai matou a sua mãe e o meio-irmão.
“Tudo o que eu faço é pensando nele,” disse Maia, um artista de mão-cheia, proprietário da Cottom Candy, uma loja de decoração de festas em Milford, Massachusetts.
Phillipe chama Maia de “pai,” tratamento que ao mesmo tempo em que emociona, também alerta para a responsabilidade adquirida.
“Um filho se planeja durante nove meses. Não reclamo, mas eu ganhei mais um da noite para o dia,” diz Maia.
Ainda durante o julgamento, Maia foi confrontado com um dilema familiar. Ele foi ordenando pelo Departamento de Serviços Sociais a levar Phillipe para visitar Bins na cadeia.
“Parecia que ele não queria ir. Ele ficava agitado na noite anterior e quase sempre após voltar de lá, ficava doente,” disse Maia.
Para superar a grande dor, Maia mergulhou de cabeça no seu trabalho, e resolveu cuidar ainda mais dos detalhes das festas que alegram as famílias de tantos conterrâneos seus. Após a tragédia familiar, o castelo da cinderela, ou os mickeys e minnies esculpidos em isopor ganharam um toque a mais: o talento fruto da dor.
Élvio Maia está escrevendo um livro sobre o incidente. Um amigo da família estaria revisando os orginais, que segundo Maia, deve “conter algumas informações que podem desagradar muita gente.”
Fonte: (EthnicNewz.org)