Publicado em 15/12/2008 as 12:00am
Scotland Yard sofre revés em caso da morte de Jean Charles
O brasileiro morto por engano pela polícia britânica no metrô de Londres não foi vítima de "homicídio legal", decidiu a Justiça nesta sexta-feira
O brasileiro morto por engano pela polícia britânica no metrô de Londres não foi vítima de "homicídio legal", decidiu a Justiça nesta sexta-feira.
Instado pelo promotor a decidir sobre apenas duas possibilidades -- homicídio legal ou veredicto aberto --, o júri escolheu a última, em uma derrota para a Scotland Yard.
Jean Charles de Menezes, eletricista que vivia e trabalhava em Londres, recebeu sete tiros na cabeça quando embarcava em um trem na estação de Stockwell, no sul de Londres, em 22 de julho de 2005.
Policiais à paisana confundiram o brasileiro de 27 anos com Hussein Osman, um dos quatro terroristas em fuga após tentar atacar com táticas suicidas o sistema de transporte de Londres no dia anterior.
A cidade ficou em alerta após os ataques suicidas no metrô e na rede de ônibus em 7 de julho de 2005, que causaram a morte de 52 pessoas.
O veredicto aberto era a opção mais crítica para o júri, após o promotor Michael Wright descartar um "assassinato fora da lei" em seu relatório, dizendo que não era justificável considerar a morte
A decisão levou vários membros da família de Menezes, que haviam ido a Londres para acompanhar o inquérito de sete semanas, a uma caminhada de protesto.
A morte de Jean Charles provocou revolta nos dias e meses seguintes, com o protesto de grupos contra o uso excessivo de força pela polícia.
Durante o inquérito, o júri ouviu
Nenhum indivíduo foi acusado pela morte do brasileiro.
FAMÍLIA COMEMORA
"Estou muito feliz com o veredicto de hoje", disse a mãe de Jean Charles, Maria Otone de Menezes, em um comunicado. "Desde que o promotor descartou a opção de "homicídio legal", eu estava muito triste. Mas hoje me sinto renascida".
O inquérito afirmou que a ação policial falha foi prejudicada por confusão e falta de comunicação com os bombeiros, que chegaram tarde ao local e acreditaram que Menezes era um homem-bomba prestes a detonar-se.
As testemunhas oculares também contradisseram a versão de que os policiais gritaram com o brasileiro antes de atirar nele e afirmaram que alguns policiais pareciam "descontrolados".
No veredicto, o júri decidiu que não houve aviso nem que Jean Charles teria se aproximado dos policiais, ao contrário do que eles tinham afirmado.
O atual chefe da Scotland Yard disse que sua força "assume toda responsabilidade" do caso, mas acrescentou que os policiais enfrentaram "desafios inéditos" ao tentar conter quatro homens-bomba capazes de "assassinatos em massa".
"Ouvimos as conclusões do júri e agora precisamos de tempo para considerá-las apropriadamente", disse Paul Stephenson. "Diante dos enormes desafios enfrentados pelos policiais naquele dia, cometemos um erro terrível. Sinto muito".
No ano passado, a polícia
O caso manchou severamente a reputação da polícia e influenciou a renúncia do ex-chefe da Scotland Yard Ian Blair, que foi muito criticado pela maneira
A polícia jurou que aprendeu com o erro, mas avisou durante o inquérito que não pode garantir que um erro semelhante não vá ser cometido novamente.
Fonte: (Reuters)