Publicado em 30/01/2009 as 12:00am
Policial que assassinou André Martins vai à jurí novamente por outro crime
Três semanas antes de assassinar à sangue frio o paraense André Martins numa blitz policial em West Yarmouth, o policial Christopher Van Ness abordou com violência, a motorista Nicole Silva
Antes mesmo de toda a polêmica envolvendo a morte do brasileiro André Martins, que comoveu toda a comunidade estrangeira nos EUA, o policial envolvido no incidente , Christopher Van Ness, teve que dar explicações por outra demonstração de má conduta profissional. No dia 6 de julho de 2008, ele abordou com uma arma e aos gritos a motorista Nicole Silva, que aparentemente estava com o farol traseiro quebrado
Em relatório policial, Van Ness fez um desenho descrevendo a sua atitude, na qual ordenou a brasileira que colocasse as mãos para cima. No tribunal tribunal na terça-feira, 27, ele disse ter colocado a arma de volta do coldre antes de abordar Nicole.
"Ela era somente uma motorista. Era inadequado o uso de força letal", disse o Juiz W. James O'Neill durante a audiência. "Como cidadão, eu estou com medo de comportamentos como o desse oficial que aqui se encontra" , completou.
Polícia Yarmouth novamente
defende Van Ness
Segundo o jornal CapeCodTimes, o Departamento de Polícia Yarmouth reportou essa
semana que Van Ness nunca teve quaisquer queixas apresentadas contra ele , e
nem mesmo antecedentes de má conduta na cidade. "Patrol Officer Van Ness
seguiu todos os procedimentos adequados", Yarmouth Lt. Steven Xiarhos
escreveu em um e-mail. "Os comentários do juiz O'Neill's sobre o tática de
sobrevivência utilizada pelo agente Van Ness foram , em nossa opinião,
contrária às nossas políticas e atuações" seguiu. Ainda no email , o Steven
disse que Van Ness ainda não estaria disponível para comentar o caso. “ Políticas
e protocolos sobre o uso da força, são determinados por cada departamento do
estado. Os agentes estão treinados para evitar utilizar a arma, assim como em
situações em que precisem do uso da força” disse Terrel Harris, diretor de
comunicações do Executive Office of Public Safety and Security. "Na
maioria dos casos, o uso da arma pode ser passível de julgamento, com base na
sua formação e sua experiência", disse Harris.
Segundo Steven Xiarhos, em razão das
circunstâncias - por ter sido durante
a madrugada, num bairro escuro, e pelo
carro possuir janelas com vidro fumê, Van Ness seguiu, no dia 6 de Julho, todos os procedimentos que o departamento determina para parar um veículo suspeito.
Versão da vítima
Na audiência de terça-feira, Nicole acusou Van Ness de apontar a arma na direção da sua face , gritando pra ela levantar suas mãos. A partir de tal atitude, ela aceitou realizar testes de sobriedade, ao passo que forneceu mais informações à polícia, após a sua detenção."Ele puxou uma arma, eu fiquei aterrorizada", disse a condutora do veículo, durante depoimento. "Eu resolvi fazer exatamente o que ele disse. Eu estava apavorada, meu coração estava batendo muito forte" completou.
O seu advogado, Arnold Lett, estava no tribunal para
argumentar que tal ato deve reprimido porque Van Ness tinha o direito de fazer
uso da arma e muito menos de se utilizar disso para forçar os exames, que é uma
decisão voluntária a ser tomada. "Nós concordamos com a opinião do juiz
sobre a sua interpretação do caso", disse Lett após a audiência.
Nicole é acusada de dirigir sob a influência de álcool, além de estar de posse
de uma garrafa aberta da bebida dentro do veículo. Ela ainda portava drogas do
tipo D.
O juiz O'Neill não emitiu uma decisão final. Uma nova audiência foi fixada parao dia 20 de março
Caso André Martins
O pintor André Luiz de Castro Martins, 25 anos, natural de Curitiba, morreu na madrugada do dia 27 de Julho em West Yarmouth, Massachusetts, nos Estados Unidos. Ele foi baleado por Christopher Van Ness quando estava no carro com a noiva, Camila Campos.
Ao fugir de uma blitz, o veículo do brasileiro, um modelo Ford Lincoln, foi perseguido durante 90 segundos, até a viatura bater no carro.
Segundo o jornal The Boston Globe, André foi socorrido, mas morreu na ambulância, a caminho do Hospital Cape Cod, na cidade de Hyannis.
Desde 2001 nos Estados Unidos, o brasileiro possuía um visto de turista, que já estaria vencido.
Para a então namorada de André na época, Camila Campos, o fato foi mais uma prova de Van Ness deve pagar pelas imprudências realizadas como policial. “ Queremos nos unir por justiça. Ele é um louco, deveria ser punido como tal” acusa. Segundo Camila, a polêmica não acaba por aí. “ O Michael O’Keefe, chefe do Departamento de Yarmouth, escondeu esse incidente na época do assassinato do André e somente agora estamos sabendo. Se ele tivesse sido suspenso, o André estaria vivo” afirma.
“ Eu espero a Nicole Silva fique do meu lado, para gente se unir e botar ele na cadeia. Um policial não pode agir como ele agiu por causa de uma luz quebrada. Quantas pessoas vão ter que morrer pra ele ser condenado ?” indaga, com revolta. “Vou até o fim para condená-lo” setencia Camila.
Fonte: (ANBT - Agência de Notícias Brazilian Times )