Publicado em 19/02/2009 as 12:00am
Trabalhadores lutam contra exploração em hotéis em Massachusetts
Trabalhar semanas sem receber virou rotina para centenas de trabalhadores da Capital Cleaning, uma prestadora nacional de serviços para hotéis
Trabalhar semanas sem
receber virou rotina para centenas de trabalhadores da Capital Cleaning, uma
prestadora nacional de serviços para hotéis. Moradores de Massachusetts, muitos
brasileiros, contam a mesma história: na
hora do pagamento, em vez do dinheiro recebem ameaças. A maioria das
reclamações é de ex-funcionários de três empresas terceirizadas da Capital
Cleaning, a Capital Hospitality, da brasileira Marlúcia Spellmeyer, a Boston Office
Cleaning, do brasileiro Adriano Silva, e a Nice Cleaning, do brasileiro
conhecido como Junior. Os tabalhadores da Hospitality Staffing - que asumiu
alguns dos contratos de Capital – também reclamam das mesmas infrações.
Fátima (nome fictício)
trabalhou dois meses para a Boston Office Cleaning e só recebeu dois pagamentos
que deveriam ser semanais. Mesmo diante das ameaças de Silva, Fátima procurou
ajuda e no fim do ano passado a Procuradoria recuperou o salário da brasileira.
"Ele disse que chamaria a Imigração se eu fosse atrás de ajuda para receber
o meu dinheiro", conta a trabalhadora que recebia US$8 por hora e depois
de um mês passou a receber US$ 8 por quarto. "Valeu a pena vencer o medo.
Antes eu não acreditava que um imigrante indocumentado tivesse algum direito.
Hoje eu sou a prova de que tem", diz Fátima.
Os atrasos e a falta
de pagamento justificam a troca frequente de funcionários. Depois de um mês de trabalho
para Capital Hospitality no hotel Sheraton em Newton, Sônia (nome fictício)
também procurou ajuda para recuperar mais de US$1 mil em salários atrasados.
"Cansei de ouvir 'te pago na próxima semana'. Eu não ia mais trabalhar de graça,
nem perder o dinheiro pelo qual trabalhei".
A advogada Audrey
Richardson, do Greater Boston Legal Services (GBLS), que já encaminhou dezenas
de casos contra essas companhias para a Procuradoria Geral de Massachusetts e
resolveu outras dezenas, diz que esses empregadores aplicam a política do medo,
se aproveitando da vulnerabilidade dos trabalhadores imigrantes. "São empresas
que têm alguma relação umas com as outras e adotam a prática de tirar vantagem
em cima dos brasileiros. Elas prestam serviços por toda a Nova Inglaterra",
explica. Em tempo: Hyatt, Intercontinental, Sheraton, Westin, Hotel 140 e
Marriot, incluindo Residence Inn and Wentworth by the Sea em New Hampshire, são
alguns dos hoteis onde os brasileiros trabalharam e não receberam.
Só em um hotel em New
Hampshire pelo menos 12 trabalhadores foram lesados de uma só vez.
"Frequentemente aparecem grupos de trabalhadores que não recebem o salário
e que são ameaçados quando tentam recuperar o dinheiro. Muitas vezes são
pequenas quantias e o medo é maior, por isso desistem de receber", observa
Diego Low, diretor da Casa do Trabalhador do MetroWest que atua junto com o GBLS
no caso. "Mas juntos os trabalhadores podem recuperar o dinheiro pelo seu
trabalho e inibir uma prática crescente contra os imigrantes," completa.
Audrey acrescenta que
muitos trabalhadores que procuraram pelos direitos recuperaram os seus
salários, mas o problema se repete. "Diante de tantas infrações,
precisamos juntar esses grupos para entrar com um processo mais forte contra os
infratores. Podemos fazer um trabalho melhor se várias pessoas vierem juntas
procurar por seus direitos," enfatiza. "As
pessoas não precisam ter medo. É tudo
confidencial e o status migratório não é questionado pela Justiça."
Golpe de venda -
Alguns donos dessas companhias também vendem franquias da Capital para os seus
funcionários e exigem o dinheiro adiantado. No entanto, quando chega a data de
entregar o negócio argumentam que a Capital Cleaning desistiu da venda e não
devolvem o dinheiro.
O trabalhador que
tiver problemas com essas companhias deve entrar em contato com a Casa do
Trabalhador do MetroWest pelo telefone (508) 532-0575.
Fonte: (Da redação)