Publicado em 9/03/2009 as 12:00am
Imigrantes brasileiros processam ICE em caso de negligência
Após serem detidos em barco que tentava travessia ilegal pelos EUA, brasileiros alegam que lhe foram negados os pedidos à assistência médica dentro da detenção
Por Marcelo Zicker
Dois imigrantes brasileiros entraram com um processo contra a U.S. Immigration and Customs Enforcement, ou ICE, acusando o departamento de negar assistência médica- mental por estresse pós-traumático desde detenção de ambos no sul da Flórida em Outubro do ano passado.
Jaime Miranda e Daniel Padilha foram diagnosticados com uma série de distúrbios mentais por um médico particular em dezembro, mas não foram feitas prescrições de medicamentos ou tratamentos enquanto os brasileiros estiveram em Broward Center, um centro de detenção em Pompano Beach – FL, de acordo com processo movido na quarta-feira, dia 4, no Tribunal Federal de Miami. O confinamento de Jaime e Daniel sem cuidados médicos, pode tem agravado os problemas de saúde mental dos dois, afirma relatório.
ICE não se pronuncia
"Seria inapropriado para ICE comentar sobre questões
ainda não apuradas", disse a porta-voz do departamento, Nicole Navas, na
última quinta-feira.
Miranda e Padilha foram ambos detidos quando estavam à bordo de um barco
enferrujado no dia 31 de Outubro do ano passado, próximo a Virginia Key, uma
pequena ilha a leste de Miami. O barco havia partido dias antes da República
Dominicana, onde os dois disseram terem sido mantidos presos por dois meses
contra a sua vontade pelos ‘coyotes’ que ordenou-lhes trabalhar para o condutor
do barco e obrigando-os a estar à bordo de um navio que não estava em condições
de navegar. Os dois homens haviam chegado na República Dominicana depois de
fugirem do Brasil após série de
problemas pessoais
Pelo menos seis pessoas morreram após o barco bater violentamente em um banco
de areia. Miranda e Padilha foram os dois entre os cinco brasileiros e 22 dominicanos detidos pela ICE. Cerca de 10
foram tidos como foragidos ou perdidos, embora não tenha ficado claro se eles morreram afogados ou fugiram. O
homem que pilotou o barco enfrenta processo que pode chegar a até 10 anos de prisão por ser o responsável
pelo esquema ilegal.
De acordo com as ações, Miranda, 27, e Padilha, 24, dizem não parar de reviver
o acidente, tendo pesadelos constantes sobre o incidente. Um médico contratado
por eles e suas famílias, prescreveu
várias medicações para o tratamento de insônia, depressão, ansiedade e
episódios psicóticos. Segundo um funcionário do centro de detenção porém, os
brasileiros não recebiam as medicações adequadamente, fato que levou o advogado
dos dois a fazer um pedido de transferência para os dois.
Pedido de ‘asilo’
Miranda e Padilha estão buscando transferência para uma unidade que possa
fornecer o tratamento da saúde mental. Além disso, eles pedem ‘asilo’ para
escapar à perseguição e tortura no Brasil, onde eles dizem que não teriam
acesso aos serviços psicológicos se deportados. Ambos dizem que são elegíveis
para um visto especial concedido às vítimas de certos crimes mediante
cooperação com os investigadores.
"O governo tem prejudicado Jaime e Daniel por mantê-los sob custódia e sem
tratamento médico, e apesar dos
reiterados pedidos para que cuidados e tratamentos médicos sejam realizados
" disse o advogado dos brasileiros, Jeff Ross. "A decisão de manter
Miranda e Padilha detidos foi uma decisão discriminatória, que deveria ter sido
liberada pelo governo, uma vez que foram testemunhas e colaboraram em um caso
de dimensão federal” completa o advogado em depoimento ao Brazilian Times.
Fonte: (ANBT - Agência de Notícias Brazilian Times )