Publicado em 1/04/2009 as 12:00am
Entrevista com uma Go-Go Girl
Algumas brasileiras quando chegam aos Estados Unidos optam por trabalhar em "serviços fáceis" e trocam a limpeza de um banheiro pela facilidade de tirar a roupa diante das pessoas
Algumas brasileiras quando chegam aos Estados Unidos optam por trabalhar em “serviços fáceis” e trocam a limpeza de um banheiro pela facilidade de tirar a roupa diante das pessoas. Estas mulheres são chamadas de Go-Go Girl e atuam nas casas de streaper espalhadas pelo país. Algumas apenas dançam, mas outras aderem a prostituição para reforçar o orçamento.
Em entrevista com a baiana Nicole (nome fictício para preservar a imagem da brasileira), ficou claro que neste mundo nem tudo é prostituição. Ela mesma citou histórias de amigas que são levadas pelo marido para dançar na casa onde trabalha, na cidade de
Acompanhe a entrevista:
BRAZILIAN TIMES -Quanto tempo você mora nos Estados Unidos?
NICOLE - Eu cheguei neste país em maio de 2003 e já vim para a cidade de Newark, onde tenho dois primos e uma grande amiga.
BRAZILIAN TIMES - Desde que chegou você sempre trabalhou como dançarina em casa de streaper?
NICOLE – Não. No início eu morava com minha amiga e ajudava ela em uma companhia de limpeza de restaurantes. Fiquei com ela durante cinco meses.
BRAZILIAN TIMES - Mas como foi seu primeiro contato com esta sua profissão atual?
NICOLE – Eu estava em uma festa e conheci uma menina que já trabalhava
BRAZILIAN TIMES - Quiz saber como. Você foi até o local onde ela dançava?
NICOLE – Não. Quando falo em curiosidade é no sentido de perguntar sobre o assunto.
BRAZILIAN TIMES - Mas então, quando você teve seu primeiro contato com a profissão?
NICOLE – Foi um mês depois que a conheci. No início eu comecei frequentar a casa dela e conheci outras meninas que também dançavam. Relutei muito, mas aos poucos percebi que ela apenas dançava e que os boatos de que todas são prostitutas não passavam de mentiras.
BRAZILIAN TIMES - Mas você ainda não me disse como foi seu primeiro contato na casa de streaper.
NICOLE – Calma. Estou tentando explicar tudo para que você possa entender que não sou uma prostituta. Sou apenas uma dançarina que tira a roupa, jamais vou fazer sexo por dinheiro.
BRAZILIAN TIMES - Ok. Então continue…
NICOLE –
BRAZILIAN TIMES - E quanto a parte financeira, é rentável?
NICOLE – Quando eu comecei sim, ganhava muito, mas atualmente não está tão bom assim. No primeiro dia eu voltei para casa com $300 no bolso. Isso me deixou muito animada. Aos poucos fui me acostumando e hoje mão me importo mais de tirar a roupa diante de muitas pessoas, desde que seja na casa de dança.
BRAZILIAN TIMES - Você disse que hoje não ganha mais como antes, por que?
NICOLE – Acredito que seja por causa da crise. Antes as pessoas não se importavam em colocar notas de cinco ou dez dólares enquanto eu dançava. Hoje vejo que alguns relutam em colocar um dólar. Mesmo assim preciso dançar porque existem aqueles que colocam mais e estão ali só para me ver.
BRAZILIAN TIMES - Falando em te ver, algum amigo ou parente seu já viu você dançando?
NICOLE – Então… lembra quando eu disse que o primeiro dia que dancei foi um dos piores da minha vida? Eu disse isso porque o pior foi quando eu entrei no palco para dançar e dei de cara com o meu cunhado, marido da minha irmã que mora no Brasil. Nossa! Não sabia o que fazer e do outro lado ele também ficou todo disconcertado. Após a dança, eu fui correndo falar com ele, porque até aquele momento ninguém da minha família pensavam que eu fazia isso. Todos achavam que eu trabalhava com limpeza. Conversamos muito e ele pediu para que eu não contasse nada para minha irmã e ele iria guardar o meu segredo. Mas o tempo passou e eu decidi contar a todos que eu ganhava dinheiro dançando. Mas não contei nada sobre meu cunhado, pois ele cumpriu a parte dele.
BRAZILIAN TIMES - Mas me diz a verdade… Você está satisfeita com esta vida?
NICOLE –
BRAZILIAN TIMES - Se você já conseguiu tudo que sempre sonhou, por que ainda não parou de dançar e voltou para o Brasil?
NICOLE – Eu ainda quero abrir uma lojinha de roupas para mim.
BRAZILIAN TIMES - Você está num meio onde a prostituição é comum. Já recebeu alguma proposta indecente?
NICOLE – Muitas, mas nunca aceitei nenhuma. Apenas uma vez eu sai da casa de dança para dormir com alguém. Mas não rolou dinheiro, eu senti uma forte atração por ele e falei na cara dura que queria transar com ele aquela noite.
BRAZILIAN TIMES – É difícil para vocês, deste ramo, manter um relacionamento amoroso com alguém?
NICOLE – Confesso que é muito complicado, mas às vezes encontramos pessoas que compreendem o que fazemos. Eu mesmo tenho um namorado e ele sabe que danço. Minha única exigência é que ele não aparaceça na casa no dia em que eu estiver dançando. Não tenho ciúmes que ele vá em outro dia, porque sei que esta história de prostituição rola mais fora do estabelecimento do que dentro dele.
BRAZILIAN TIMES - Diante de tudo que você já vivenciou, você se arrepende de alguma coisa?
NICOLE – Não me arrependo de nada. Eu penso que tudo que fazemos por nossa vontade não deve ter espaço para arrependimentos.
Fonte: (ANBT - Agência de Notícias Brazilian Times )