Publicado em 17/04/2009 as 12:00am
ENQUETE - Brasileiros estão esperançosos em Obama
A notícia de quem uma reforma de imigração pode sair em breve deixou a comunidade agitada
A notícia divulgada no
jornal New York Times e reproduzida em “alta escala e otimismo” pelos jornais
brasileiros que circulam nos Estados Unidos, de que o presidente do país Barack
Obama falará sobre uma reforma nas leis de Imigração no mês de maio, deixou
toda a comunidade imigrante eufórica. Alguns crentes de que alguma coisa será
feito em prol desta classe e outros que discordam e acreditam que isso não
passa de especulações e jogadas de mídia para vender jornais.
A equipe de reportagem
do jornal Brazilian Times entrevistou alguns brasileiros, em Massachusetts,
para saber qual a opinião de cada um quanto ao projeto e se acreditam nas
palavras de Obama.
Para o mineiro de
Ipatinga, Magno Assis, 27, a reforma de Imigração sairá ainda neste governo,
“porém não tão rápido como se comentam por aí”. Ele, que mora nos Estados
Unidos há 3 anos e seis meses e trabalha na área de restaurante, explica que
existem assuntos prioritários a serem resolvidos, entre eles a crise econômica
e a guerra no Iraque. “Na minha concepção, tanto para o povo quanto para as
lideranças norte-americanas, estes são dois pontos de fundamental importância”,
acrescenta.
Se mostrando um pouco
descrente quanto as palavras do presidente, ele cita “um outro fator que pode
esfriar a reforma que é o atual quadro de desemprego que tende só a aumentar”.
Isso sem falar da influência de vários grupos anti-imigrantes, os quais
atribuem a culpa da crise econômica aos trabalhadores indocumentantos que vivem
neste país, sob alegação de que esta classe não paga impostos de maneira
correta e utiliza os serviços públicos sem custos. “A única coisa que digo é
que se o imigrante quer viver neste país, nunca deve desistir, mas não esperar
algo bom de imediato”, conclui o ipatinguense que está de malas prontas para
voltar ao Brasil.
Natural de Resplendor,
Minas Gerais, Katiuscia Silva, 27, mora neste país há cinco anos e também acredita
que uma nova lei de Imigração acontecerá neste governo. Acho que a grande
quantidade de pais imigrantes que têm filhos nascidos neste país é um grande
peso nesta balança. “Recentemente uma pesquisa divulgou que mais de 4 milhões
de crianças nascidas aqui são filhos de ilegais”, explica salientando que a
história da tia de Obama também será um ponto importante na aprovação desta
nova lei. “Não acredito que ele irá deixar que a deportem”, fala.
A resplendorensce cita
um caso que aconteceu com ela recentemente. Ela conta que se submeteu a uma
cirurgia no coração há dois meses e no hospital onde estava internada, escutou
as enfermeiras comentarem que a Tia de Obama é doente e que deveria ser
legalizada no país. “Ela é uma pessoa que cresceu em um ambiente pobre e penso
que isso faça com que o presidente entenda o motivo pelo qual maioria de nós
está aqui e que precisa nos legalizar”, continua ressaltando que certamente
haverá uma pesquisa na vida dos imigrantes para saber se pagam impostos, se não
são criminosos perigosos e se contribuem para o progresso deste país com o
trabalho.
Outra que se mostra
esperançosa é a paulista de Ribeirão Preto, Francille Archanjo, 19, que vive na
cidade de Everett-Massachusetts e está nos Estados Unidos há quase dois anos.
Mesmo diante de toda empolgação, ela diz que a aprovação de uma reforma que
venha beneficiar os milhões de imigrantes que vivem neste país, não terá um
caminho fácil pela frente. “Somos muitos imigrantes e muitas histórias e
situações diferentes. O projeto deverá ser bastante estudado para não
prejudicar este ou aquele”, comenta. “Sabemos que para acontecer uma reforma
nas leis de Imigração não depende apenas da força de vontade de Obama e sim de
todo um conjunto de opiniões onde surgirão os prós e contras”, continua.
Francille pensa da
mesma maneira que Katiuscia e afirma que o caso da tia de Obama será um fator
primordial para que ele lute pelos direitos dos imigrantes neste país.
Também crente de que
acontecerá uma reforma na lei de Imigração no governo Obama, o baiano de
Ilhéus, Max Willian, 28, diz que ainda é cedo para tocar no assunto. “Pelo
menos este ano nada sairá do papel”, fala ressaltando que o presidente acabou
de ser empossado no cargo e mesmo que tenha parceria no Congresso e no Senado,
qualquer proposta de apoio à legalização dos milhões de imigrantes que vivem
neste país terá pela frente uma forte oposição.
Para o baiano, que
vive há 10 anos nos Estados Unidos, a parte mais conservadora (contrária à
qualquer benefício aos indocumentados) se utiliza de argumentos como o gasto na
assistência médica, despesas com segurança pública e o desemprego para que seus
representantes se oponham à reforma imigratória. Mas ele defende que as lideranças
políticas favoráveis aos imigrantes devem continuar trabalhando em prol da
reforma, para que qualquer proposta apresentada não enfraqueça com a oposição
que encontrará. “O país esta passando por uma fase de dificuldades; empresas
que se relocaram para outros países com mão de obra mais barata, a crise do
setor imobiliário, o alto nível de desemprego, além do dinheiro usado na guerra
do Iraque”, fala citando estes assuntos como prioridades para o governo.
A produtora de eventos
para a comunidade brasileira, Rita de Cássia Mondardo Chyaromont, que vive nos
Estados Unidos há 12 anos, sendo 4 na cidade de Malden-Massachusetts, acredita
que a reforma de Imigração sairá do papel muito antes do que se imagina.
Natural de Criciúma-Santa Catarina e proprietária de uma das maiores produtoras
de eventos dos Estados Unidos – Floripa Produções – ela se diz sabedora de que
existem outros problemas que podem ser proridade para o Governo Obama, “mas a
reforma também se tornou um deles”.
Rita comenta que logo
após a legalização dos milhões de imigrantes neste país, os rumos mudarão.
“Entrará mais dinheiro nos cofres públicos com os impostos pagos por eles, o
mercado automobilístico será impulsionado porque muitos poderão comprar um
carro e dirigir sem medo, além de que caso venha ser cobra uma multa para se
legalizar, certamente será um lucro de muitos bilhões para o governo norte-americano”,
finaliza.
Ela também defende a
tese de que a reforma terá pela frente um grande obstáculo, “mas se tudo fosse
fácil não precisaríamos estar aqui?”.
A imigrante L.Q., de
23 anos, pediu para não ser identificada por ter sido pega pela Imigração
quando engrou neste país pelo México e teme ser encontrada. Ela mora em
Peabody, é natural de São Paulo e está nos Estados Unidos há 3 anos. A paulista
diz que a única saída para resolver o problema da crise é legalizar os
imigrantes e cobrar uma multa de cada um. “Imagine 12 milhões de pessoas
pagando uma taxa de 10 mil dólares, seriam levantados 120 bilhões. Isso certamente
ajudaria em muito na aconomia do país”, explica.
“Mas tenho certeza de
que haverá dois pesos, sendo um aplicado aos imigrantes que entraram pela porta
da frente e outros que vieram pelo México, como é meu caso”, conlui.
Já a esperançosa
mineira de Resplendor, Andressa Morais, disse que não acredita que as
discussões sobre a reforma de imigração aconteçam este ano, mas se diz bastante
esperançosa. “Não devemos perder a esperança”, fala.
Para ela, que mora em
Everett-Massachusetts e está nos Estados Unidos há 5 anos, os diversos
problemas que o país está enfrentando serão cruciais para alongar o debate
sobre as mudanças nas leis migratórias. “Tenho certeza de que os políticos irão
preferir arrumar a casa primeiro para depois abrir as portas para os
imigrantes”, fala em relação à crise econômica.
Outra que se diz
bastante esperançosa é a mineira de Belo Horizonte, Ivanete Santos, 24, que
afirma “É preciso acreditar para manter a esperança viva”. Trabalhando como
autônoma, ela vive neste país há seis anos e se diz sabedora de que grandes
obstáculos irão surgir diante de qualquer proposta para legalizar os milhões de
imigrantes que vivem neste país. “É necessário que as comunidades se unam para
mostrar a sua força e a importância que a mão-de-obra imigrante tem para o
progresso dos Estados Unidos”, acrescenta.
Mesmo assim ela é uma
das otimistas quanto à aprovação de uma reforma que beneficie os trabalhadores
indocumentados deste país. “Obama foi eleito com um forte apoio da classe imigrante.
Acredito que ele não virará as costas para este povo”, continua. “Só que não
será para este ano e não tão rápido, pois existem mais de 12 milhões de ilegais
neste país e para aprovar toda essa gente deve-se realizar um estudo minuscioso
e rigoroso”, fala concluindo que quando se decide legalizar a vida de milhões
de pessoas, isso não é feito da noite para o dia. “Obama ainda nem se
pronunciou quanto à mudanças na lei. Apensas seus assessores estão falando por
ele. Vamos esperar”, conclui.
Comente esta matéria
enviando email para lucianosodre@braziliantimes.com
Fonte: (ABTN - Agência Brazilian Times de Notícias)