Publicado em 27/04/2009 as 12:00am
Entrevista com o governador de Massachusetts, Deval Patrick
Na última sexta-feira, dia 24 de abril, o governador do estado de Massachusetts, Deval Patrick, recebeu pela primeira vez, representantes da mídia étnica e comunitária para uma coletiva de imprensa
Na última sexta-feira,
dia 24 de abril, o governador do estado de Massachusetts, Deval Patrick,
recebeu pela primeira vez, representantes da mídia étnica e comunitária para
uma coletiva de imprensa, a primeira dessa natureza.
Após fazer questão de
cumprimentar todos os presentes com um forte aperto de mão, o governador saldou
a iniciativa que visa aproximar o governo do estado e as diversas comunidades
de imigrantes no estado.
Ao dar as boas-vindas
aos presentes, ressaltou: “Convido a todos a visitarem a State House como forma
de melhorar a nossa transparência, e o acesso à informação das nossas políticas
a todas as comunidades, a todos os seus leitores, ouvintes e telespectadores.”
A agenda principal da
coletiva de imprensa era esclarecer sobre os tempos difíceis e a crise que o
país atravessa. “Passamos por tempos difíceis, a economia está em recessão,
temos muito desemprego, estresse, ansiedade para todos. Enfrentamos um momento
de desafio precisamos tomar decisões difíceis mas lembro a vocês que nossa
economia é cíclica e apesar das dificuldades de hoje nós daremos a volta por
cima.” Ressaltou otimista o governador.
Ao falar sobre o plano
federal para recuperação da economia, o
Amercian Recovery and Reinvestment act, o governador explicou que embora
o estado tenha entre 6 a 9 bilhões de dólares para reativar a economia, essa
quantia não é remetida diretamente ao estado, mas sim repassada em quantias
menores na forma de incentivos fiscais para indivíduos, recursos a serem
distribuídos às universidades públicas, e que uma grande parte dessa quantia
será utilizada no lado operacional do programa. “Sabemos que esse valor não é
suficiente e tivemos que fazer algumas escolhas difíceis mas acredito que é
tempo para recriarmos uma economia mais ampla e mais forte.”- continuou Deval
Patrick.
Nesse momento, o
governador ressaltou os programas que o estado continua a promover, citando os
investimentos em educação e três principais reformas: a reforma das seguradoras
de automóveis, a reforma ética a reforma dos transportes. “Com esses programas
teremos novos empregos e este momento pode se transformar em uma oportunidade
econômica e social para o estado. Falo em todo o estado não apenas no norte, no
sul, ou oeste. Fui eleito governador de todo o estado. São tempos difíceis de escolhas
indesejáveis, mas temos que trabalhar juntos por tempos melhores.”
Muito pouco dinheiro
do plano para reativar a economia se dedica aos pequenos, médios ou mesmo
grandes empresários diretamente. No entanto,
como explicou o governador, uma porção significativa será aplicada em
programas de treinamento de mão-de-obra. Além disso, parte dos fundos de
recuperação da economia serão aplicados em moradia e educação e dessa forma os
pequenos negócios poderão se beneficiar indiretamente dessas vantagens como,
por exemplo, o refinanciamento de imóveis.
Respondendo sobre a
sua impressão da comunidade latina no estado, o governador disse: “Acredito que
essa comunidade é muito empreendedora. Isso é uma necessidade e é muito
importante para nós. Temos mais empreendedores em MA do que em qualquer outro
estado. Precisamos encontrar uma forma de apoiar isso, apoiar as necessidades
desses empreendedores inclusive apoiando uma maior sensibilidade a respeito de
questões de imigração. Ou seja, precisamos alinhar as nossas políticas e leis
com as nossas maneiras e valores.”
Deval Patrick,
atualmente o único governador afro-americano, respondeu, então, diversas
perguntas sobre vários assuntos desde o seu reconheciento do genocídio dos
armênios em 1915 à importância da eleição do presidente Barack Obama para as
comunidades de afro-descendentes dos Estados Unidos. Mas sobre dois temas de
importância e relevância para a comunidade imigrante brasileira, sejam eles: a
possibilidade de obtenção de carteira de habilitação e o acesso a fundos para
estudantes cursarem o ensino superior nas universidades do estado, o governador
deixou claro primeiro que é da opinião de que todos que usam as estradas
deveriam ser treinados, capacitados e documentados mas que isso não é
suficiente. “Acredito que o presidente está comprometido com uma reforma de
imigração bastante abrangente de forma a criar um caminho para a regularização
dos imigrantes que aqui vivem. Essa reforma estará mais em consonância com os
valores americanos e com a nossa história.”- completou o governador.
“Dito isso, sei da
diferença entre legal e ilegal e as consequências que isso implicam mas a
melhor solução não é apenas o que é legal mas também o que é justo, o que é
humano e o que não é desumano.” Além disso, o governador lembrou a todos que:
“Uma política de imigração abrangente poderia ter um impacto positivo na
economia mas depende de como seja feita. Por exemplo, uma reforma poderia
permitir que economias de várias gerações saíssem das sombras e, sinceramente,
nós faríamos bom uso das novas contribuições fiscais.”
Quanto à educação de
nível superior, o governador foi mais evasivo mencionando que o atualmente o
estado não pode fornecer pagamentos as anuidades universitárias para imigrantes
sem faltar com as leis federais e que isso poderia comprometer um orçamento já
bastante comprimido.
Deval Patrick
continuou sobre a importância da educação e esclareceu sua visão sobre educação
bilingue. “Eu amo este país mas é o único país do mundo que acredita que falar
um só idioma é suficiente. Acredito que um ambiente com múltiplas línguas está
mais em congruência com uma economia global. Precisamos desenvolver as nossas
capacidades multilinguais. Dito isso, me preocupa o fato de que a nossa
capacidade de suprir isso esteja comprometida nas escolas e nossa política não
está alinhada com a nossa visão de futuro.”
Nada foi mencionado
sobre a possível campanha para e reeleição do governador mas no fim da coletiva
de imprensa Deval Patrick brincou ao ser perguntado sobre sua posição sobre se
as urnas e cédulas bilíngue. “Acredito que as cédulas de votação deveriam ser
disponíveis em todas as línguas necessárias e
eu se tivesse que escolher um nome em caracteres chineses escolheria
algo elegante e atraente como -Por favor, vote em mim-”
Fonte: (ABTN - Agência Brazilian Times de Notícias)