Publicado em 13/07/2009 as 12:00am
Volta ao Brasil frustra imigrantes brasileiros
Não faz muito tempo, eles viviam o sonho do imigrante. Agora são alguns dos milhares de trabalhadores brasileiros que fugiram da crise econômica nos EUA para voltar ao Brasil e se arrependeram
Gizele Prata tem um ar
triste no rosto enquanto está sentada no palacete que construiu para a mãe
nesta sonolenta cidadezinha no sudeste do Brasil, sem se emocionar com a vista
das colinas verdejantes e do Rio Doce que corre lá embaixo. É a casa dos sonhos que Gizele imaginava enquanto ela e uma irmã
limpavam chãos de prédios em
Ela voltou no ano passado para ficar, mas a
Agora ela tem um novo sonho: voltar para os
Estados Unidos. "Vou voltar", afirma Gizele, naturalizada
Sua frustração é a mesma de outros que
migraram do Estado de Minas Gerais, um dos maiores pontos de partida de
emigrantes rumo ao
Mas, em vez disso, muitos agora lutam com
salários baixos, desemprego e até mesmo com o choque cultural. Em Conselheiro
Pena, uma remota cidadezinha do interior com 21 mil habitantes, um
ex-emigrante, que abriu o Joes American Bar and Grill com grande estardalhaço,
há dois anos, em poucos meses estava falido. A irmã do prefeito voltou para
abrir um supermercado, mas fracassou e voltou para
Um carpinteiro da cidade fala em tom
nostálgico de
A migração para
Cerca de 1,4 milhão de brasileiros vivem
hoje nos Estados Unidos, aproximadamente 336 mil em
Em Conselheiro Pena, os resultados são gritantes: verdadeiros palacetes erguem-se nos morros, um cartaz gigantesco anuncia a bênção da cirurgia plástica, e a concessionária Volkswagen expandiu-se e agora tem um showroom todo de vidro. Um cartaz no seu interior diz: "Os sonhos existem para que possam se tornar realidade".
"Não há uma família nesta cidade que
não tenha um parente nos Estados Unidos", observa o prefeito, Neyval José
de Andrade, cuja irmã é agora uma imigrante ilegal. Mas os ex-imigrantes dizem
que o encanto dos EUA foi diminuindo nos últimos anos, com a crise da economia.
Perderam seus empregos, o dólar vale muito menos no Brasil, e eles não têm
"Estava cansado, queria voltar para
casa", diz José Rodrigues, 46, que trabalhava
Conscientes das dificuldades, as autoridades aqui e lá tentam encontrar maneiras para ajudá-los a vencer, esforço que se estende até a Nova Inglaterra. No mês passado, as autoridades brasileiras e o BID lançaram uma série de seminários em 25 cidades e centros menores, como Conselheiro Pena, que se repetirão em comunidades brasileiras no Massachusetts, no fim do ano. Ali, ensinarão os brasileiros a redigir projetos de empreendimentos, a fazer pesquisa de mercado e a investir com inteligência.
Um estudo realizado em 2006 calcula que 70% dos imigrantes brasileiros que voltaram para casa e abriram negócios fracassaram. "Precisamos criar alguma coisa para que os emigrantes possam voltar", diz Antonio Carlos Linhares, coordenador de um empreendimento sem fins lucrativos que ajuda as famílias dos emigrantes a criar empregos em Governador Valadares, uma cidade de 300 mil habitantes que é um dos principais centros da região. "De outro modo, eles ficarão desempregados lá e desempregados aqui."
Em toda a região, são numerosos os sinais
de uma economia em dificuldades. Em
O emigrante que abriu o Joes American Bar
and Grill trabalhava em um restaurante em
A irmã de Andrade também fracassou. Em 2004, abriu um supermercado depois de ler num programa de computador que o investimento daria lucro. Mas em cidades pequenas, os clientes, em geral sem dinheiro, compram menos, e muitas vezes fiado. Ela tinha um estoque considerável, mas não conseguia vender o suficiente para pagar as contas.
Fonte: (Da redação)