Publicado em 24/07/2009 as 12:00am
Jornalista explica condenação por plágio em publicação religiosa
O jornalista Roberto Vieira, responsável pelo jornal religioso 'Mensageiro Cristão' à época da publicação de um artigo 'plagiado', afirma que tudo não passou de um 'erro de redação'
Por Marcelo Zicker
Na
semana passada, o Brazilian Times publicou uma matéria expondo o drama da
jornalista paranaense Alessandra Silvério, vítima de plágio, que aguarda há 2
anos o recebimento de uma indenização e de retratação por parte da Igreja do
Avivamento Mundial – Ministério de Boston (World Revival Church Boston
Ministries). Já condenada pela justiça brasileira, a Igreja preferiu não se
manifestar sobre os apelos da jornalista durante a reportagem do BT. Editor -
responsável pelo jornal ‘Mensageiro Cristão’,
na época da publicação do artigo, o
jornalista Roberto Vieira resolveu falar sobre a condenação e justificou o
incidente como um ‘erro de redação’.
‘Foi puro oportunismo’ afirma Roberto Vieira
Em
entrevista ao Brazilian Times, Roberto Vieira, afirmou que toda a polêmica
gerada pelo episódio não passou de puro oportunismo e extorção. “É lamentável
que após 6 anos, um erro de redação, fato corriqueiro nas redações de
milhares de veículos de comunicação mundo afora, venha gerar tanta polêmica, acusações
infundadas e até processo judicial. Um fato como esse só acontece porque
oportunistas e aproveitadores de plantão usam a credibilidade de veículos
sérios como o Brazilian Times, como “plataforma” para tentar denegrir a imagem
de pessoas respeitadas dentro da comunidade e de instituições religiosas ”
justifica.
A explicação
“No ano de 2003, em uma das edições do “Mensageiro Cristão”, foi veiculado paradoxalmente o texto
“Jornalismo, uma questão de ética”, de autoria da senhora Alessandra Silvério. Texto
este, onde fizemos um comentário complementar no final sem alterar ou
descaracterizar o original. Na correria para fechamento da edição que é praxe
em toda redação, equivocadamente não foi dado o referido crédito à senhora
Silvério. A ética jornalística diz que quando ocorre um erro como esse, onde
não houve vantagem financeira e nem perda
moral, se torna passível de uma ‘errata’ na edição seguinte dando o
devido crédito a quem de direito. Acontece que o erro foi tão sem propósito que
o fato passou despercebido por todos na redação” explica.
O jornalista dá a sua versão
Sem a
publicação de uma ‘errata’ e negando-se em fazer uma retratação, a igreja foi
acionada judicialmente por Alessandra Silvério. “ Quase dois anos se passaram, e a ‘senhora’ Silvério
orientada “maldosamente” no Brasil por
algum desafeto do Pr. Ouriel de Jesus, ligou para a redação em tom autoritário
e numa tentativa literal de “extorquir” a igreja, exigiu um acordo financeiro
pelo suposto plágio do texto de sua autoria. Sobre pena de entrar na justiça
contra a igreja caso não atendéssemos seu oportunismo. Naquele momento me dei
conta que estávamos diante de uma tentativa literal de “extorção” diz Roberto,
dando a sua versão dos fatos. “ Depois de detectar o equívoco ocorrido depois
de algum tempo, informamos a senhora Silvério que publicaríamos uma “errata”
corrigindo esse corriqueiro erro de redação. Também informamos que o Mensageiro
Cristão era um veículo sem fins lucrativos, e que se tratava de um informativo
comunitário distribuído gratuitamente com o objetivo de divulgar o Evangelho.
Sendo assim, entendíamos que só se caracteriza plágio intencional quando se
trata de obter vantagens financeiras, o que não era o caso. Como foi um erro de
redação sem intenção de tirar vantagem qualquer, nos desculpamos com a senhora
Silvério dando o caso por encerrado. Mas ela, maldosamente orientada por
“desafetos” da igreja de Boston, e imbuída no propósito de ganhar uma “boa
grana” com a “extorção”, disse que se não fizéssemos um acordo financeiro, ela
iria aos tribunais reinvindicar seus direitos” continua o jornalista, que
afirma ser formado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC
Minas, no ano de 1985.
“ Plágio não é fato corriqueiro” rebate
Alessandra
Procurada
por nossa redação, Alessandra disse que tudo não passa de ‘desculpas
infundadas’. “ Plágio não é fato corriqueiro, e sim questão de ética. Como ele
pode falar que foi erro de redação, se quem fez o texto foi eu, ele só tirou o meu nome e botou o dele como
crédito pela autoria” opina. “ Quando eu fiz o primeiro contato, em 2004, eu
conversei diretamente com essa pessoa que se diz jornalista, o Roberto Vieira,
e apenas reinvidiquei uma retratação e um pedido de desculpas. Mas ele afirmou
que foi apenas um ‘meio –erro’ e que a ‘prática do plágio é comum entre os
jornalistas nos EUA’. Nunca pedi nenhuma acordo financeiro, somente queria que
fosse feita uma retratação. Tenho essa conversa gravada e transcrita, ela foi
inclusive utilizada no processo que me deu ganho de causa” explica Alessandra,
citando o processo contra a Igreja , movido a dois anos e no qual foi
setenciado a seu favor. Na sentença final, foi estipulado que a Igreja do
Avivamento Mundial – Ministério de Boston deveria pagar R$ 42.830,59 de
indenização por crime de direitos autorais, com os devidos ajustes monetários a
partir da publicação do texto, em dezembro de 2003, além do pagamento de juros
legais de 1% ao mês. A sentença determinou também que a igreja deveria publicar
errata em três jornais de boa circulação em Curitiba (PR), cidade em que reside
a jornalista. Os valores de indenização com ajustes monetários e multa, estaria
atualmente em aproximadamente $700.000. “O
que aconteceu comigo é um bom exemplo de que para o exercício da profissão é
preciso sim ter o diploma de jornalista e o mínimo de preparo não somente
técnico, no que se diz respeito às técnicas de redação jornalística, mas,
principalmente, ter noção clara do que é ético e o que não é para informar os
leitores” opinou Alessandra, na matéria veiculada no dia 17 de Julho.
Fonte: (ABTN - Agência Brazilian Times de Notícias)