Publicado em 19/10/2009 as 12:00am
Orquestra de SP encanta americanos e emociona brasileiros
Na sexta-feira, 16, a assistente de enfermeira Lucimeire Rosa Freitas ligou no trabalho para dizer que estava doente. Motivo: como trabalha à noite, o turno iria impedi-la de assistir a Orquestra Sinfônica de São Paulo
Por Eduardo de Oliveira
Na
sexta-feira, 16, a assistente de enfermeira Lucimeire Rosa Freitas ligou no
trabalho para dizer que estava doente. Motivo: como trabalha à noite, o turno
iria impedi-la de assistir a Orquestra Sinfônica de São Paulo.
A
apresentação dos 120 membros da orquestra abriu o Festival de Música de
Worcester, evento que brinda os moradores com o melhor da música mundial há 150
anos.
Lucimeire,
de Framingham, se emocionou com a execução do Hino Nacional brasileiro, chorou
pensando no que ficou para trás. Mas orgulho veio mesmo ao ouvir os elogios da
platéia majoritariamente americana. "Pensei que viriam só brasileiros, mas
vi os americanos comentando que gostaram muito. Isso nos dá orgulho como
brasileira”, disse ela.
Já Elson
Ferreira, de Milford, diz que “hoje realizou o sonho de assistir a uma
sinfônica.” A idéia era assistir junto com o pai. Mas ele faleceu há alguns
anos. “Ele tinha uma banda de música. Queria que ele estivesse aqui, mas tenho
certeza que ele estava em espírito,” disse Ferreira.
A
Orquestra de São Paulo foi regida por Kazem Abdullah, um jovem maestro
afro-americano. A cara do Brasil.
Mas quem
roubou a cena no primeiro ato foi a percussionista escocesa Evelyn Glennie.
Vestida com vestido longo azul piscina, ela desliza pelo palco, entre a bateria
e os tambores e pratos. Enquanto executava “Veni, Veni Emmanuel,” peça que o
mestre James MacMillan fez especialmente para ela, Evelyn pisava descalça
como quem sente os acordes nas pontas dos dedos.
Dame tem
problema de surdez parcial, e usa os pés descalços para sentir o tom que dá na
orquestra. E foi um show, como o Brasil tem sido no mundo. Diverso,
multi-influenciado, um espetáculo.
Essa foi a primeira vez que o radialista Weslley Medeiros, de Revere, viu uma
orquestra ao vivo. Para ele, o que chamou a atenção foi a sincronia dos
movimentos dos músicos, como um baile. “Nenhum momento você vê as notas se
distanciado das outras, há harmonia total,” disse Medeiros.
Para ele,
ver que a Orquestra de São Paulo encheu a casa, deu um orgulho imenso, e
confessa: se fosse um show da sinfônica de Berlim ou de Moscou ele talvez não
estivesse ali.
Entre os
olhares leigos da platéia desacostumada à grandiosidade de uma orquestra estava
Maestro Wando Resende. “Essa música mexe com a alma,” disse Wando, lembrando
emocionado o dia em que teve a oportunidade de reger uma vez Orquestra do
Teatro Nacional em Brasília.
Maestro
Wando assistiu a apresentação como quem sabe quantificar o suor derramado por
todos que estão ali no palco do Mechanics Hall. “Gente do mundo inteiro quer tocar
nessa orquestra de São Paulo. Você precisa ter pelo menos 10 anos de música
para conseguir uma vaga nesse time.”
No final,
o maestro Kazem Abdullah saiu do camarim para atender os brasucas. Depois de
tanto entrosamento com os músicos brasileiros, veio como supresa o fato de ele
ser americano.
“Não,
brasileiro não. Não falo português,” disse Abdullah com um sorriso nos lábios,
pronto para posar para as fotos de leigos, mas animados novos fãs.
Fonte: (Blog Brasil com Z)