Publicado em 23/10/2009 as 12:00am
Palestra aborda violência nos lares brasileiros
A violência doméstica mata e não acontece só na comunidade brasileira ou na comunidade imigrante. Ligar mais de 20 vezes para você durante o dia não é amor.
“A violência doméstica mata e não acontece só na comunidade brasileira ou
na comunidade imigrante. Ligar mais de 20 vezes para você durante o dia não é amor.
É controle. A insistência não é ciúme, é
assédio e é perigoso. O crime começa com o stalking
(insistência)”. A declaração é da supervisora do
programa de Violência Doméstica da MAPS, Martha Vasconcellos. Ela falou nesta
quarta-feira à noite, dia 21, no Grupo Mulher Brasileira sobre “Relacionamento
e Conflitos Familiares: Como lido com isto?”. A palestra marca o mês da
conscientização da violência doméstica e faz parte do Série Saúde da Mulher que
o Grupo promove anualmente.
“Eu não sou paga para julgar, quem julga é o juiz. Eu
ouço e ajudo porque a pessoa que chega no meu escritório está devastada”, disse
Martha, explicando que a confidencialidade é indispensável. Em noventa por
cento dos casos que ela atende a vítima é mulher, mas os homens também são vitimas
de violência e abuso. A ameaça, a intimidação, o abuso emocional – “você não
presta para nada, se me deixar não arranja outro” -, o isolamento, o abuso
econômico – deixa a mulher sem dinheiro -, o abuso sexual – força o sexo. Estas são algumas das formas pelas quais a
violência doméstica se manifesta. Tem outras, diz Martha, “usam a criança,
ameaçam tirar os filhos se a mulher sair de casa ou denunciar o abuso. Ameaçam
animais de estimação. Ameaçam com deportação”.
Ela continua: “O ciclo da violência começa com o grito
e não é só com a violência física que a gente se preocupa, mas com o emocional.
A violência destroi todas as forças da vítima, a auto estima, a vontade, a
coragem e atinge a todos. Pode ocorrer entre pais e filhos, primos, roomates. Sair
de casa é um passo enorme e difícil. As pesquisas mostram que a mulher volta
para casa oito vezes antes de sair definitivamente. Pode levar até 35 anos para
uma mulher decidir sair do ciclo de violência ou até 10 minutos porque a pessoa
percebe que ‘isso não é o que eu quero para mim”.
Uma coisa que todo mundo precisa saber, alerta Martha,
é que quando a polícia é chamada, ninguém pergunta por documento. Ao contrário,
se a mulher é casada com cidadão americano ou com naturalizado, pode ser
legalizada por um tipo de visto especial: o VAWA - Violence Against Woman Act.
Tem também o U-Visa que beneficia vítimas de violência que testemunhem contra o
abusador.
Martha falou ainda da restraining order ou ordem de
proteção, a qual pode salvar vidas. Esta ordem de proteção é um processo civil
mas se o abusador violar a ordem do juiz, o processo passa a ser criminoso. A
supervisora da MAPS sugeriu ainda que as vítimas de violência tenham um plano
de segurança em caso de emergência. Por exemplo, observe se tem uma porta ou
janela por onde você pode fugir rápido, tenha roupa em uma malinha, avisa a
vizinha para chamar a polícia se ouvir barulho de móveis sendo arrastado, gritos.
Ensine a criança a ligar para 911, combine um código com uma amiga, se ligar
para ela e falar determinada palavra, ela deve chamar a polícia”. Martha
acrescentou ainda que está disponível para ouvir quem quiser procurá-la no
escritório da MAPS, em Cambridge (617-864-7600), “mas não adianta pedir a uma
amiga para me ligar. Não posso fazer nada. Você é quem tem de telefonar para a
MAPS”.
Norma Makiel, que trabalha na MAPS como supervisora de
Programas de Prevenção de Doenças e de Educação da Grande Boston, falou sobre
comportamentos de risco, alertando sobre o crescimento do número de homens
casados que saem para a noite e transam com outras mulheres e com homens
também. “A mulher nunca desconfia, mas está em risco”. Ela também falou sobre a
incidência de violência, muitas vezes estupro, nestas relações e chamou atenção
para a necessidade das pessoas se protegerem usando preservativos. “Se o seu
companheiro se recusa a usar o preservativo, use você a camisinha feminina”.
Norma mostrou como usar os preservtivos e mostrou óleos a base de áqua que facilitam
a relação sexual.
Fonte: (Da redação)