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Publicado em 2/12/2009 as 12:00am

Maratonista brasileiro cruza os EUA correndo

Carlos Dias saiu de New York levou 59 dias até a Califórnia. A corrida foi em prol de crianças com câncer

 

Carlos Dias está longe de ter o raciocínio lento, mas seu ritmo e seu fôlego nas pistas com certeza lembram o já clássico personagem-título do filme “Forrest Gump”, interpretado por Tom Hanks. A certa altura do filme, Forrest decide começar a correr sem parar e cruza mais de 5 mil quilômetros de um canto ao outro dos Estados Unidos assim, correndo.

Dias é autor de uma façanha parecida: em menos de dois meses, Dias foi de Nova York à Califórnia, percorrendo 5.130 quilômetros no total, uma média de 84 quilômetros por dia a uma velocidade máxima de 10 km/h para controlar o ritmo, chegando a passar 20 horas sem parar correndo. Foram 59 dias até completar a rota no início deste mês. "Chegamos um dia antes do programado”, contou ao G1.

“As pessoas me lembram do filme a cada minuto. A diferença é que no filme ele não tinha sentido naquilo que fazia, eu tinha um sentido de completar o percurso e de ajudar uma instituição de apoio a crianças com câncer”, disse. Para a empreitada, ele pôs à venda suas milhas, oferecendo parte do arrecadado para o Graac. “Vendemos poucas, mas conseguimos pelo menos puxar um pouco de repercussão, chamando a atenção para o Graac. A intenção era gerar benefícios para outras pessoas, e não buscar nada para mim. Hoje minha sensação é de dever cumprido.” 

Formado em administração, Dias conta que já corre provas de longa distância há 16 anos, já completou mais de 74 maratonas e fez travessias, como em 2007, quando foi do Oiapoque ao Chuí, extremos norte e sul do Brasil, em 100 dias, batendo o recorde. Morador de São Bernardo do Campo, ele hoje vive de realizar provas, dar palestras e organizar corridas, parecendo buscar desafios diferentes de cada vez. “Foi a primeira vez que essa rota de uma ponta a outra dos EUA foi feita por um ultramaratonista”, disse. 

No filme, Forrest Gump corre por três anos, dois meses, 14 dias e 16 horas - se seguisse o mesmo ritmo de Dias, teria feito 20 vezes o percurso de um canto ao outro do país.

De Leste a Oeste

O planejamento do percurso era detalhado e incluiu bateria de exames e treinamento. Toda a rota já estava traçada desde o começo e previa seguir sempre pela rodovia 80. No segundo dia correndo, entretanto, a polícia disse que eles não podiam seguir por ali, a não ser de carro. “Eles nos orientaram e seguimos pelas estradas paralelas da 80. Só no colorado que precisamos dar uma variada por causa das montanhas.”

“A maior dificuldade enfrentada foi a mudança do clima, que é constante. “Deixamos Nova York com muito calor, pegamos chuva na Pensilvânia, vento no Nebraska, neve no Colorado, calor no deserto, mais neve em Nevada e mais calor na Califórnia. Administrar isso, a roupa certa no momento certo para melhorar o desempenho, é bem difícil”, contou.

Encontrar um lugar para dormir, depois da mudança da rota, era um desafio diário, mas também fonte de algumas das experiências que o maratonista considera das mais interessantes. “As pessoas foram entrando no nosso projeto, nos recebendo na casa deles, fomos fazendo amigos, ganhando novas famílias por todo o trajeto até chegar na Califórnia. Viajei achando que o norte-americano era frio e nada solidário, mas vi o oposto, pois eles nos ajudavam. Tivemos só coisas boas. Tinha gente que parava na estrada e convidava para ir à cada deles. Isso foi a coisa mais legal, e foi bem diferente do que há no Brasil.”

Dias afirma que não chegou a pensar em desistir em momento algum, mas logo no início, depois de entrar em Indiana, estava muito cansado e achava que não conseguiria completar a prova dentro do cronograma programado. “É preciso ser paciente o tempo todo, mesmo cansado física e mentalmente. Tentava controlar a ansiedade.”

A concentração era muito grande e ele terminava exausto no final do dia. “Não dava para conhecer as cidades nem nada, mas dava para conhecer pessoas, conversar, melhorar o inglês. Hoje eu conheço os EUA mais de que muitos americanos, pois passamos por mais de 700 cidades, percebemos as mudanças culturais, as paisagens, as comidas, tudo o que muita gente não conhece.”

Dias agora vai fazer treinamento para novas provas a partir de abril, quando pretende correr quatro desertos: na Austrália, depois Nepal, Namíbia e Vietnã. “No segundo semestre quero correr uma maratona por dia por seis meses, girando o Brasil, saindo do Rio de Janeiro e finalizando em São Paulo.” Como o personagem do cinema, ele também não para depois de chegar no ponto final da prova corrida.

Fonte: (G1)

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