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Publicado em 22/01/2010 as 12:00am

Gay brasileiro consegue asilo nos EUA alegando perseguição

O caso do mineiro Augusto Pereira de Souza, de 28 anos, tem se tornado cada vez mais comum nos EUA. Em 2008, 76 casos foram aceitos pela justiça norte-americana , mais que o dobro do ano anterior

 

O brasileiro Augusto Pereira de Souza, de 28 anos, após anos de perseguição e discriminação em razão do seu homossexualismo no Brasil, teve seu pedido para asilo nos EUA aceito pela justiça do país. Com a aprovação do seu processo, ele ganhará uma autorização de trabalho e um número de Social Security, podendo trabalhar e estando apto para aplicar para o Green Card.

O processo foi endossado pela Columbia Law School’s Sexuality and Gender Law Clinic em NY, e em comunicado oficial enviado pela instituição, o brasileiro manifestou o seu sentimento de alívio com a aprovação. “ No Brasil, eu vivia em constante medo, e temia por minha vida. Eu tentava esconder a minha homossexualidade, mas eu enfrentava constantes ataques, espancamentos, e ameaças à minha vida, pelo fato de ser gay. Fui até mesmo atacado por Skinheads e brutalmente agredido por policiais. Depois que até mesmo policiais ameaçam a sua vida por sua homossexualidade, você aprende rapidamente que naquele lugar ninguém vai te proteger. Para mim, vir aos EUA foi uma decisão de vida ou morte” desabafou.

Souza contou ao jornal Folha de São Paulo,  que grande parte dos ataques ocorreram em São Paulo, onde residia desde os 15 anos. O primeiro foi uma agressão verbal protagonizada pela polícia no largo do Arouche,  enquanto ele aguardava entre a saída do trabalho e o início de uma aula de um curso de hotelaria. O segundo episódio foi no parque Trianon, onde o brasileiro contou ter sido obrigado a fugir correndo de um ataque de skinheads, que o perseguiam com tacos de beisebol com prego na ponta e pedaços de vidro. Ele não se machucou, mas afirmou ter cortado o pé em cacos de vidro. Temeroso por sofrer mais agressões,  ele não reportou o caso à policiais, afirmando que não confiava na polícia para prestar queixa. "No Brasil, eu tinha de esconder minha sexualidade. Mas ninguém consegue fingir 100% do tempo ser aquilo que não é. Quando cheguei aqui,  já sabia que não ia voltar" disse Souza, que vive em Newark – NJ e atualmente trabalha em um supermercado da região. O brasileiro ainda afirmou ter conhecido 3 outros brasileiros  que conseguiram asilo baseados na sua homossexualidade e na discriminação sofrida no Brasil.

A concessão,  fornecida pelo Departamento de Segurança Pública dos EUA, acontece num momento em que a discriminação contra gays, lésbicas , bissexuais e transexuais, está cada vez maior no Brasil.  O país tem uma das maiores taxas de crimes contra homossexuais do mundo,  segundo estatísticas  do Grupo Gay da Bahia.  Entre 1980 e 2009, houve mais de 2.998 gays assassinados no Brasil. Somente em 2008, mais de 190 pessoas foram mortas devido à sua homossexualidade, e os atuais números são preocupantes, salientando que muitos desses crimes não são reportados.  “ Infelizmente, a história de Augusto é uma exceção para um gay no Brasil. Os números de ataques e assassinatos baseados na orientação sexual do cidadão tem crescido nos recentes anos” afirma Rena Stern, uma estudante de direito que trabalhou no caso.

O brasileiro teve seu caso encaminhado para a Sexuality and Gender Law Clinic by Immigration Equality, uma organização nacional focada nos direitos migratórios para gays, lésbicas , bissexuais e transexuais (GLBT), que forneceu importante assistência no processo. “ No Brasil, a polícia falha diariamente na investigação de crimes envolvendo homossexuais. Com esse ambiente, Skinheads e outros grupos ficam livres para perseguir, torturar e até mesmo matar indivíduos do grupo GLBT impunemente. O asilo vai permitir que Augusto permaneça nos EUA, onde ele não precisa temer por sua vida” afirma Brian Ward, outro estudante envolvido no processo do brasileiro.

Pedidos de asilo tem crescido no país

Segundo dados de 2008 do US Bureau of Citizenship and Immigration Services, o país aceitou 22.930 pedidos de asilo de cidadãos que alegam sofrer perseguição de raça, religião, nacionalidade, pertencimento a um determinado grupo social (o que inclui a orientação sexual) e opinião política.

A Immigration Equality, organização de apoio à imigração de gays, lésbicas, bissexuais e transgênero, registrou aumento no total de casos aprovados. Em 2007, 30 pedidos foram aceitos. No ano passado, o total subiu para 76.

Segundo o advogado da organização, Aaron Morris,  disse ao jornal Folha de São Paulo,  alguns casos são rejeitados porque é preciso pedir o asilo no máximo um ano após a chegada ao país. O Brasil é o quinto país em número de pedidos na organização. O primeiro é a Jamaica. Atualmente, o grupo trabalha em quatro casos de brasileiros.

Fonte: (Da redação)

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