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Publicado em 24/02/2010 as 12:00am

Brasileiro espancado por americano ganha causa na justiça

O mineiro Israel de Oliveira foi a 4ª vítima do americano xenófobo, que dessa vez não saiu impune e deverá arcar com mais de $20.000 entre indenização e despesas judiciais

Por Marcelo Zicker


No dia 26 de Dezembro de 2008, o brasileiro Israel de Oliveira foi vítima de um episódio que envolveu ódio contra imigrantes, intolerância e terminou com o seu espancamento por um americano na cidade de Bellingham – MA. Após ser internado pelos graves ferimentos e acionar a justiça na busca por seus direitos, ele conseguiu na última semana  após um ano de batalha, a vitória nos tribunais. A decisão vai custar ao americano anti-imigrante quase $20.000 entre indenização e custos judiciais.

Ódio anti-imigrante e violência gratuita

Tudo começou na tarde do dia 26, quando o brasileiro voltava para casa do trabalho que tinha na cidade de Franklin. Ao parar em um sinal de trânsito ele percebeu a presença de uma pickup ao seu lado, com o motorista olhando de forma irônica e suspeita para o brasileiro. Ao arrancar seu carro no sinal verde, Israel foi surpreendido com a tentativa do americano de fechá-lo, tentando impedir que ele continuasse o seu percurso. “ Eu apenas arranquei e já escutei ele ‘cantando pneu’ do meu lado e tentando passar na minha frente. Até que uma hora ele bateu na minha traseira e me fechou de uma forma que tive que parar o meu carro. Quando olhei para trás, ele já  estava saindo do carro com alguém que parecia ser seu filho, em minha direção” relata. O brasileiro foi surpreendido com gritos para sair do carro, entre xingamentos raivosos. “ Dentro do carro mesmo já comecei a receber socos , sendo tirado pra fora do carro, onde apanhei por vários minutos até eles fugirem. Por sorte, algum morador das redondezas chamou a polícia, que não demorou a chegar” continua.  Mesmo com toda a confusão, Israel ainda conseguiu gravar o número da placa do carro, o que facilitou aos policias identificarem os agressores.

Com ferimentos graves, principalmente no rosto, Israel permaneceu no hospital de Milford – MA, onde passou a noite com escolta policial. “ Os policiais da região foram muito atenciosos, e não se preocuparam com a minha situação migratória, não se interessando saber se eu era legal ou ilegal no país. Eu era a vítima de um crime , e isso que era importante para eles” salienta Israel. Após se recuperar, ele tomou a decisão de não deixar o acontecido impune, e entrou com um processo na justiça, que se prolongou ao longo de todo o ano de 2009. “ Tivemos várias audiências, e eles tentaram até mesmo entrar com outro processo , se colocando como vítimas. Isso atrasou a decisão do juiz” afirma. Após uma investigação no histórico do americano, descobriu-se que ele já tinha tido envolvimento em outros episódios de agressão a brasileiros, e que se tratava de uma pessoa com preconceitos e motivações racistas. A tentativa de entrar com um processo sendo uma vítima do brasileiro, foi o estopim para a conclusão do júri, que não se ludibriou com as tentativas do americano. “ Ele inventou uma história baseada em auto-defesa, que eu signifiquei uma ameaça para a família dele, utilizando o meu aspecto físico como argumento, ou seja, o fato de eu ser imigrante e estar dirigindo de forma perigosa. Ele foi ainda mais preconceituoso nessas afirmações, e felizmente o juiz percebeu toda essa mentira” explica o brasileiro. O americano, que não teve seu nome revelado, foi condenado a pagar $12.606 de indenização por danos morais ao brasileiro, mais as despesas de hospital e de Côrte de Israel durante todo o trâmite judicial.

Lição de coragem para os brasileiros

Embora triste, o acontecimento é visto por Israel como uma lição aos imigrantes brasileiros para não se sentirem coibidos de procurarem seus direitos como residentes do país, independentemente  da situação migratória. “ Quando o brasileiro é vítima de um crime como esse, ele normalmente deixa passar e tem medo de acionar a justiça, de buscar justiça.  Nós temos que começar a denunciar agressões como essas, tirar esse medo nos imigrantes de buscar seus direitos. Se você é legal ou ilegal, você não pode ser vítima desse tipo de coisa. O meu caso é um exemplo que esse país sabe diferenciar bem essas duas questões” opina Israel, que há 18 anos saiu de Belo Horizonte para tentar um nova vida nos EUA, onde trabalha entregando jornais, nas madrugadas.

Uma audiência de apelação ao deferimento do caso está marcada para o dia 15 de Março, onde o americano tentará reverter a decisão.

Fonte: (Da redação)

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