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Publicado em 1/03/2010 as 12:00am

Como os imigrantes se encaixam na reforma nacional de saúde?

Aos poucos, os protestos sobre a reforma da saúde, as acusações via blogs e os debates na TV vão virando o silêncio. Entre os imigrantes indocumentados, este silêncio significa dúvida. Porque eles precisam vencer outra reforma, a imigratória.

Aos poucos, os protestos sobre a reforma da saúde, as acusações via blogs e os debates na TV vão virando o silêncio. Entre os imigrantes indocumentados, este silêncio significa dúvida. Porque eles precisam vencer outra reforma, a imigratória.

Quer saber como a reforma da saúde sancionada pelo presidente Barack Obama vai afetar os imigrantes? É só olhar o que aconteceu em Massachusetts. O estado passou a sua reforma de saúde em 2006 e hoje 98% da população tem planos de saúde. Só que milhares de indocumentados continuam dependendo de serviços improvisados.

Nos últimos três anos, Ana Tereza, Alessandra e Alana Barbosa três gerações da mesma família, buscaram tratamento médico na BethEl, um templo judaico em Sudbury, Massachusetts. Todas as terçar-feiras à noite, o templo reúne 15 profissionais de saúde que dão consultas gratuitas.  O serviço voluntário criado para atender 20 pessoas, agora atende mais de 60 por semana.

“Nos sentimos um pouco perdidas, mas sabemos que eles estão querendo o melhor para nós,” disse Alessandra Barbosa. A sua mãe, Ana Tereza, disse que o atendimento no tempo é só um band-aid. “É claro que ter plano de saúde seria muito melhor,” disse ela.

Desde 2006, Massachusetts tem sido considerado um modelo para a reforma de saúde nacional. Só que nem todos os estados americanos estão hoje no patamar que Massachusetts estava antes da sua reforma, quando cerca de 75% da população já tinha seguro.

As reformas de Massachusetts e nacional são idênticas na obrigatoriedade de se obter um plano de saúde e na divisão dos custos entre governo, o paciente e o empregador. Mas, o diretor de pesquisa da ONG Health Care for All, Brian Rosnam, explica as diferenças.

“Em Massachusetts, o empregador só tem que dar plano de saúde se tiver 10 ou mais empregados, e paga, em média, US$ 250 por ano pelo seguro de cada funcionário. A reforma do Obama estabelece o pagamento do seguro em cerca de 8% do salário do funcionário e só obriga o patrão que tem 70 empregados ou mais a cobrirem as suas equipes de trabalho,” disse Rosnam.

Detalhes como esses estão longe da realidade de Elizabeth Barros, uma brasileira que limpa 5 casas por dia, mas ainda está regularizada nos EUA. A única forma que ela encontrou de ver um médico foi indo ao MetroWest Free Medical Program, outro serviços oferecido por médico voluntários em Framingham.

“Eles são todos profissionais americanos oferecendo um ótimo serviço com todo carinho,” disse Elizabeth, que já visitava um médico desde a sua gravidez há dois anos.

Para Fran Green, uma assistente social voluntária no MetroWest Free Medical Program, “a longo a decisão de deixar o imigrante de fora  da reforma vai custar mais caro ao Estado.”

Em Massachusetts, há quem discorde de Fran. A começar do legisdores que passaram uma emenda na em abril de 2009 reforma que tirava da cobertura de saúde cerca de 30 mil imigrantes legais que são portadores de green card por menos de 5 anos. O motivo: um rombo orçamentário de US$ 120 milhões.

Cinco  meses depois, a administração do governador Deval Patrick encontrou um novo parceiro, CeltiCare, seguradora de Michigan, que reestableceu a cobertura desses imigrantes, progressivamente, até dezembro de 2009.

“A solução encontrada pelo governador foi boa, mas não é ainda ideal. Muitas famílias perderam o direito de ver o seu médico porque a nova seguradora (CeltiCare) ainda não tinha uma rede montada no Estado,” disse Katryn Bicego, chefe do helpline da Health Care for All que atende, em média, as ligação de 150 imigrantes por dia no serviço de atendimento ao consumidor.

Outro problema que tem afetado as comunidades imigrantes é a confusão sobre onde procurar informação. De fato, desde o início do seu governo, o presidente Obama extendeu o Children’s Health Insurance Program Reauthorization Act of 2009 (CHIPRA), programa que garante cobertura médica para todas as crianças nos EUA, independente do status imigratório.

Mas, até janeiro de 2010, 32 mil crianças em Massachusetts continuavam sem cobertura por falta de informação dos seus pais.

Depois de perder o emprego, a mãe divorciada Cristina Dias ficou perdida quando a filha de 11 anos engasgou comendo batata frita. Cristina socorreu a filha, que desenvolveu um pânico de ingerir alimentos.

“No momento mais difícil da minha vida eu senti como, de repente, ter plano de saúde é fundamental.  Eu calculo se eu não fosse segurada, gastaria US$ 500 por dia no tratamento da minha filha,” disse ela, que conseguiu segurar a filha graças ao CHIPRA.

Todos essas casos mostra que que estender a cobertura de plano de saúde à população é apenas um aspecto de qualquer reforma de saúde – o país vai aprender isso.

Mas, para Sarah Iselin, presidente da Fundação Blue Cross Blue Shield de Massachusetts, esse é o caminho certo.

“Não podemos pedir que os pacientes esperem encontro encontramos a melhor fórmula para pagar a reforma... temos um certo sucesso em Massachusetts porque conseguimos estimular a competição entre profissionais (seguro) que se importam com os seus pacientes,” disse Iselin num seminário no Regis College.

Um dos resultados dos debates sobre as duas reformas (da saúde e imigratória) é a dúvida. O entregaor de jornais Jorge Azevedo, de 58 anos, estava com suspeita de glicose alta no sangue. Ele buscou o serviço gratuito no templo judaico BethEl, em Sudbury.

“Para que eu preciso de hospital se eu posso ter atendimento aqui mesmo?”, questionou ele.

Fonte: (Eduardo A. de Oliveira - EthnicNewz.org)

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