Chegou o Classificado do Brazilian Times. Divulgue ou busque produtos e serviços agora mesmo!

Acessar os Classificados

Publicado em 22/03/2010 as 12:00am

Brasileira é legalizada após ajudar a incriminar diretora do ICE

Fabiana Bittencourt trabalhava limpando a casa da agente do ICE, Lorraine Henderson. A americana é acusada de incentivar a brasileira à permanecer no país ilegalmente

 

A housecleaner brasileira Fabiana Bittencourt, que por anos limpou a casa de uma diretora do US Immigration and Customs Enforcement - ICE, e virou informante secreta do Homeland Security numa investigação contra a patroa, foi ao tribunal na última semana testemunhar contra a oficial. Chorando muito, ela disse nunca ter sido perguntada acerca do seu status migratório por Lorraine Henderson, de 52 anos.  Fabiana, que veio pelo México ao país, afirmou ter se legalizado recentemente.

A diretora do US Immigration and Customs Enforcement, que também compareceu à U.S. District Court, disse durante à audiência que planejava demitir a brasileira após descobrir que Fabiana seria indocumentada, mas afirmou que ‘ a própria housecleaner pediu demissão após uma conversa’. “ Após ficar sabendo da sua situação irregular no país, eu planejei dizer para Fabiana que ela não poderia mais trabalhar para mim.  Eu me sentir muito mal por ter que tomar essa decisão” afirmou Lorraine, em seu depoimento.

O primeiro contato com a empregada doméstica foi há 6 anos, quando a diretora do ICE achou um Business Card da brasileira na entrada de seu prédio e a contratou para trabalhar em sua luxuosa casa de 2 quartos em Salem – MA. “ Ela me perguntou se eu gostaria de trabalhar limpando a casa dela. E  eu disse que sim” afirmou a brasileira de 31 anos, que disse já ter se legalizado e que é casada com outro brasileiro que ainda se encontra indocumentado. Ela também confirmou, perante o júri, que não declarava impostos desde que chegou ao país, há 9 anos. Ela admitiu também ter trabalhado como ‘empacotadeira’ de um supermercado, utilizando um Social Security Number falso, segundo informações do jornal The Boston Herald.

Outro momento delicado de seu depoimento foi quando foi perguntada acerca do meio de pagamento pelos seus serviços. Ela afirmou que sempre foi paga em ‘cash’, dinheiro que era sempre deixado na mesa da cozinha. Em contrapartida, ela salientou que nunca pediu para ser paga em dinheiro. “ Eu nunca pedi para nenhum cliente me pagar em dinheiro, isso nunca foi exigido para o trabalho ser feito” estipulou Bittencourt, que trabalha com seu próprio equipamento de limpeza e tem por volta de 10 a 15 clientes fixos, que conseguiu a partir de uma política de ‘boca-a-boca’, e que rende, segundo ela,  entre $300 e $800 por semana. Ela afirma enviar grande parte do dinheiro para sua mãe e irmã no Brasil.

Ao contar de sua história, Fabiana Bittencourt revelou que pagou $10.000 a um Coiote para atravessar a fronteira do México, no verão de 2001. Ela, que mora em Peabody – MA, disse que após conseguir um ‘Social’ falso e adquirir uma carteira de motorista de Maine sem ser questionada acerca de seu status, começou a fazer carreira como limpadora de casas.

Em 2008, após a diretora do ICE comentar com uma colega de trabalho que estava contratando uma ‘ótima’ housecleaner para sua casa, a brasileira foi investigada pelo orgão e aceitou participar como informante secreta acerca da assistência que sua patroa estaria dando a ela, aconselhando-a para tomar cuidado para não ser pega pela Imigração. “ A única coisa que passava pela minha cabeça é que eu tenho uma criança para criar e que eles iriam me botar na cadeia caso eu não ajudasse nas investigações” disse Bittencourt, na quinta – feira (18). Ela então,  aceitou utilizar um equipamento de gravação secreto, afim de selecionar provas que incriminassem a patroa.

Entre as estratégias adotadas pelos agentes federais, a brasileira teria que utilizar um gravador escondido e iniciar uma conversa com a patroa acerca da sua situação migratória. “ Você conhece alguém que pode me ajudar ? perguntou Fabiana, completando que gostaria de se tornar legal no país. Em resposta, Henderson afirmou que pelo fato da brasileira ter um bebê nascido nos EUA, ela teria boas chances, mas que deveria se manter atenta para não ser pega. “ Você deve aplicar para se tornar legal, mas tome cuidado. Não deixe o país e volte, por que se voltar, eles vão te deportar” disse a diretora do ICE, que foi destituída de seu cargo, após ser presa pelas acusações. 

O advogado de defesa de Lorraine, Francis J. DiMento,  justificou que sua cliente só contratou a brasileira para serviços esporádicos, e que isso não se configura um crime. Já a promotora Diane C. Freniere disse que ‘a oficial violou as mesmas leis que ela jurou defender’. Caso seja condenada, ela poderá pegar até 10 anos de cadeia (sendo 3 em liberdade condicional), além de uma multa estipulada em $250.000.

Antes de ser suspensa do cargo,  Lorraine atuava no controle de entrada e saída de pessoas e mercadorias nos estados de Connecticut, Rhode Island e Massachusetts. No cargo desde 2003, ela atuava na supervisão de 220 funcionários, incluindo 190 agentes armados e fardados do ICE, em locais como o Logan International Airport, Black Falcon Cruise Terminal, Conely Terminal, T.F. Green International Airport e Bradley International Airport, entre outros.

O julgamento renderá novas audiências nos próximos dias.

Fonte: (Da redação)

Top News