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Publicado em 13/09/2010 as 12:00am

Imigrantes sofrem dez mil sequestros em seis meses

Imigrantes ilegais sofreram cerca de 10 mil sequestros em apenas seis meses de acordo com dados da Comissão Nacional de Direitos Humanos do México (CNDH).

 

Imigrantes ilegais sofreram cerca de 10 mil sequestros em apenas seis meses de acordo com dados da Comissão Nacional de Direitos Humanos do México (CNDH).

O relatório do organismo autônomo do Estado é relativo a dados de 2009 e afirma ainda que cerca de 1,6 mil pessoas são sequestradas por mês, na maioria dos casos, por grupos do crime organizado.

No entanto, a estimativa é que até este número esteja abaixo da realidade.

"Não há números confiáveis sobre quantos imigrantes foram realmente sequestrados e assassinados no território mexicano", afirmou Pablo Martínez, porta-voz da organização Sem Fronteiras, que defende os direitos dos indocumentados.

O governo mexicano contesta os números e questiona a metodologia usada pela Comissão Nacional de Direitos Humanos.

'Boquiabertos'

A descoberta dos 72 corpos de imigrantes em uma fazenda no Estado de Tamaulipas, região nordeste do México, colocou em destaque o negócio por trás da imigração ilegal, gerenciado pelo crime organizado mexicano e os sequestros que ocorrem nestes casos.

"Se aproveitam do fato de os imigrantes serem pobres, alguns deles com baixa escolaridade, são pessoas boas, camponeses, trabalhadores", disse à repórter da BBC Mundo Inma Gil o padre Alejandro Solalinde, ativista defensor dos direitos dos imigrantes.

O padre, que dirige um abrigo para imigrantes no Estado de Oaxaca, concorda também que os números de sequestrados devem ser bem maiores do que os apurados pela Comissão Nacional de Direitos Humanos, afirmando que "ficaríamos boquiabertos, teríamos calafrios, se soubéssemos dos números verdadeiros".

Solalinde afirma também que muitas das mortes dos indocumentados nunca serão reveladas, pois os grupos criminosos desenvolveram técnicas eficazes para desaparecer com os corpos.

"Estamos falando de desaparecidos cujas famílias jamais voltaram a saber a respeito", disse.

Em entrevista à BBC, o ex-integrante da Unidade Especializada de Combate ao Crime no México Samuel González Ruiz afirmou que "estas vítimas são tão vulneráveis pelo fato de que nem podem apelar para as autoridades, pois seriam deportados".

Os captores destes imigrantes ilegais "os colocam em uma situação de trabalho forçado, de escravidão", segundo Ruiz.

Renda

Segundo o relatório da CNDH, o crime organizado consegue obter cerca de US$ 25 milhões em apenas um semestre de sequestros de imigrantes ilegais.

De acordo com depoimentos recebidos por várias organizações civis, o grupo criminoso que é mais citado como autor dos sequestros é o Cartel Los Zetas, um dos mais violentos e poderosos do México e apontado pelas autoridades como responsável pelas 72 mortes em Tamaulipas.

De acordo com Samuel Gonzáles Ruiz "os Zetas iniciaram suas operações na região de Tamaulipas, mas expandiram suas atividades por todo o México e, nos últimos dois ou três anos, estamos vendo uma unificação do mercado ilícito, expressada por meio do sequestro e transporte de imigrantes".

Para o padre Alejandro Solalinde, os criminosos se aproveitam dos indocumentados extorquindo o dinheiro que eles tem "hoje, ontem e amanhã".

O dinheiro de "hoje", segundo o padre e ativista, é o roubo do dinheiro que os indocumentados levam para pagar o longo trajeto até os Estados Unidos. O dinheiro de "ontem", se refere ao dinheiro do resgate, cobrado dos familiares ou então proveniente das economias dos imigrantes.

 

O dinheiro de "amanhã" se refere às extorsões que os criminosos continuam fazendo durante um tempo, cobrando mensalmente por uma liberação que pode ou não acontecer no futuro.

Colaboração forçada

O outro grande objetivo dos sequestros de indocumentados é o recrutamento forçado para o trabalho junto aos cartéis de tráfico de drogas.

Alguns fazem os trabalhos mais simples para os cartéis, mas outros sequestrados são obrigados a transportar drogas ou conseguir novas vítimas em abrigos para indocumentados.

Em seu relatório de abril de 2010, "As Vítimas Invisíveis: Migrantes em Movimento no México", a Anistia Internacional alertou para os "níveis alarmantes" de abuso, que sofrem "dezenas de milhares" de latino-americanos que cruzam o território mexicano todos os anos em direção aos Estados Unidos.

"São privados de sua liberdade, espancados até quase a morte e muitos são assassinados, como é o caso que estamos vendo agora em San Fernando (Tamaulipas)", afirmou Solalinde.

Segundo Pablo Martínez, porta-voz da organização Sem Fronteiras, não há uma política de atenção às vítimas de sequestros, "não há prevenção do crime, não há absolutamente nada mais do que palavras por parte do Estado mexicano".

Para o padre e ativista Alejandro Solalinde, além dos problemas destacados acima, ainda há o agravante de que nas 52 Casas do Imigrante, abrigos para indocumentados espalhados por todo o país, se registram casos de sequestro quase que diariamente.

O governo do México, por sua vez, afirmou que também está preocupado com o problema dos sequestros de imigrantes ilegais e que já tomou medidas para combater o problema.

No entando, em um relatório publicado em julho, o governo mexicano afirmou que "não garante (a veracidade) e nem compartilha as cifras da CNDH, devido ao fato de a comissão usar uma metodologia cujo propósito não é medir o fenômeno com precisão, mas alertar a respeito de sua existência e possível aumento".

Fonte: (fonte: BBC)

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