Publicado em 23/05/2011 as 12:00am
Dados mostram que economia melhorou em Massachusetts
De olho no que está acontecendo na economia americana, os empresários brasileiros estáo otimistas com o cenário de melhoria que a atual conjuntura está apresentando, e torcem para que a recuperação econômica venha junto com a reforma imigratória
Por Murilo Silva
Nesta semana, o Departamento de Trabalho de Massachusetts anunciou que foram criados quase 20 mil novos empregos no estado no mês de abril de 2011, levando o índice de desemprego para 7.8%, bem abaixo do índice nacional de 8.8%, e representa o sétimo mês consecutivo que o número de funcionários registrados (payroll) aumentou. O aumento do número de pessoas empregadas reflete que a recuperação da economia americana, apesar de lenta, tem sido constante e positiva.
Apesar do empresário brasileiro ainda não ter sentido uma melhora significativa na caixa registradora, pelo menos os ânimos já estão mais otimistas e muitos acreditam que se a recuperação da economia americana vier aliada à uma reforma imigratória, os empresários que persistiram, e conseguiram sustentar seus negócios durante a crise, vão recuperar todo o investimento realizado no período de ‘vacas magras’.
Brasileiros estão otimistas
“Apesar dos números da economia americana ainda não terem refletido no dia-a-dia de meu negócio, pelo menos meus fornecedores americanos tem parado de reclamar da crise”. A afirmação é do empresário Luiz Santos, natural de Goiânia(GO) e proprietário da Santos Garage, oficina mecânica de grande porte localizada em Milford(MA). Há mais de 10 anos no mercado, Luiz destaca que o melhor período para sua oficina foi entre 2006/2007, e que a ida de brasileiros de volta ao Brasil afetou mais o seu negócio do que a própria crise na economia americana. Mais do que a recuperação da economia dos EUA, Luiz Santos torce para uma solução mais rápida para o problema imigratório, o que viria a ajudar muito toda a comunidade brasileira. O empresário lembra ainda que o brasileiro sabe como viver e vencer na crise, e que ele buscou ampliar sua clientela entre os americanos e os hispânicos, e que para quem conseguiu fazer um bom nome no mercado, o sofrimento com a crise foi menor.
Quem concorda com esta afirmação é o comerciante Marcelo Silva, que há 23 anos vive nos EUA e é proprietário do Silva´s Market em Marlborough(MA). Segundo ele, para atender bem o mercado nos EUA é preciso estar aberto para as outras nacionalidades, principalmente para os próprios americanos, mas é preciso melhorar muito a qualidade dos serviços prestados. Ele ressalta que, assim como grandes empresas americanas estão de olho no mercado brasileiro, oferecendo produtos importados do Brasil, os comerciantes brasileiros devem oferecer a mesma ou melhor qualidade destas empresas para se tornarem competitivos. Marcelo salienta que os anos de 2007 e 2008 foram anos de mercado em alta, e que após a crise ele resolveu investir, e no início de 2010, quadruplicou o tamanho de sua loja em Marlborough (MA), afirmando que esse investimento foi fundamental para a sobrevivência do negócio. Ele acredita que foi um conjunto de fatores que prejudicou os lojistas brasileiros, que vão desde a diminuição da oferta de serviços devido à crise na economia americana, passando pela baixa do dólar e culminando com o problema imigratório. Mas o empresário acha que o pior já passou, mesmo com a diminuição do número de brasileiros, e que de agora em diante a tendência é só melhorar, que a melhora na economia americana vai refletir sim, nos negócios brasileiros em Massachusetts.
Para o casal cearense Elias Xavier/Joana Alves, que vive há 15 anos nos EUA e é proprietário da Atittude Fashion, em Framingham(MA), a crise não afetou a boutique, mas eles tiveram que se adaptar aos tempos e contrataram uma funcionária que fala inglês e espanhol, ou seja, o que eles perderam de clientes que voltaram ao Brasil foi reposto com o incremento de clientes hispanos e americanos. Segundo Elias, conviver com a inflação brasileira é que era difícil, aqui tudo é fácil, e a crise é menor do que as pessoas acham, e ilustra com a história de um cliente hispano que chegou falando em crise e saiu da loja com um sapato de 80 dólares. O casal acredita em seu negócio e a bem estocada loja atrai americanos e pessoas de outras nacionalidades pela beleza de suas vitrines. “É preciso investir e trabalhar muito, que o resultado acontece. Muitos brasileiros querem retorno da noite para o dia, isto não existe.” Afirma o cearense, que acredita que com a reforma imigratória toda a economia americana vai ganhar muito, e consequentemente os comerciantes brasileiros.
Enquanto cortava o cabelo de um indiano, a brasiliense Maria Aparecida Oliveira, também conhecida como Cida, do salão ABC Hair Saloon de Marlborough(MA), afirma que desde que assumiu o negócio, o movimento nunca caiu. “A crise fica perto de quem não tem coragem para trabalhar duro”, afirma com simpatia a brasiliense. E cita que sempre estão chegando novos brasileiros, que esta onda de vai e vem nunca vai acabar. Porém, ressalta ela, é preciso estar aberto para atender a todas as nacionalidades, e que ela acredita que ainda vai melhorar muito, e que ninguém deve perder tempo falando de crise.
Com a esperança reanimada pelas boas notícias da economia americana, os empresários brasileiros estão prontos para voltar a crescer, mas o unânime problema da falta de solução para os imigrantes indocumentados,continua a ser uma pedra no caminho daqueles que, com seus negócios ajudaram, ao longo dos anos, a comunidade brasileira se estabelecer de forma definitiva em Massachusetts.
Dicas para quem quer abrir ou manter a empresa no mercado americano:
• Todo negócio tem que ter um investimento inicial para abrir, mas também é preciso investimento para se manter competitivo no mercado (manutenção, estrutura, funcionários bilíngues e publicidade)
• Ter um negócio aberto para todas as nacionalidades, com nome e produtos em mais de uma língua, que possam atrair o máximo de clientes que for possível
• Persistência também é outra chave do sucesso. Todo negócio precisa de um tempo investido para começar a gerar resultados
• Colocar sempre o cliente em primeiro lugar, afinal ele é a razão da empresa existir
Fonte: (da redação)