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Publicado em 6/09/2011 as 12:00am

Entregadores de jornal relatam trabalho nas madrugadas

Brasileiros acordam às 3 da manhã, sete dias por semana e sem direito a nenhum dia de folga

Por Larissa Gomes

Acordar no meio da madrugada todos os dias da semana, sem folga ou férias é, sem dúvida, uma rotina cansativa e que muitos brasileiros encaram diariamente entregando jornais nos Estados Unidos. Embora penoso, o cotidiano desses brasileiros é compensado pelas poucas horas trabalhadas e pelo dinheiro adquirido no fim do ano, com as gorjetas de clientes, que variam entre $5.000 e $10.000.

Sebastião dos Santos, natural de Araguaí (MG), residente há 13 anos em Walton (MA), diz que gostaria de ter, pelo menos, uma folga na semana. "Trabalho há 11 anos entregando jornal de madrugada, sem folga ou férias, não sei o que é acordar tarde. Acordo às 3h da manhã e entrego jornal até às 6h e aos domingos até às 8h. O salário é bom, não posso reclamar, ganho em média U$ 1.800,00 por mês trabalhando três horas por dia, e no fim do ano a gorjeta é boa, chego a receber U$ 5.000,00", diz Sebastião.

Ainda segundo o brasileiro, muitas pessoas escolhem entregar jornal só no fim do ano, por causa das gorjetas. “Em janeiro sobra escala de trabalho, pois muitos saem ou desistem da profissão, por ser uma rotina difícil”, diz. "Não gosto de entregar jornal, mas o salário é ótimo e também tenho mais tempo para ficar com a minha família. O horário é puxado, não é qualquer um que suporta a rotina, mas eu ganho bem, em média U$ 1.900,00, tirando as gorjetas todo mês. Ganhamos por jornais entregues e não por hora, cada entrega custa U$ 0,10", afirma Davi de Souza, residente há nove anos em Woburn (MA) e natural de Tucumã (PA). 

Davi reclama que não é bem tratado pela empresa para a qual trabalha e que muitas vezes é discriminado enquanto enfrenta a fila diária para pegar o jornal. Segundo ele, quem é americano tem preferência e os imigrantes são sempre os últimos a pegar jornal para fazer a entrega. "Gostaria de ser tratado como gente, não é porque sou imigrante que não mereço ser bem tratado, acho injusto, trabalho da mesma forma que os outros e não sou reconhecido” desabafa Davi.

Os entregadores dizem que não compensa tirar folga ou férias, pois eles teriam que pagar alguém para ficar no lugar fazendo as entregas, cerca de U$ 75,00 por dia. Segundo eles, esse valor foi estipulado pelas próprias empresas para as quais prestam serviço. "Entrego os jornais “Boston Globe”, “Wall Street” e “Boston Herald”, faço isso todos os dias da semana há 16 anos e não me sinto cansado, nunca faltei ou fiquei doente. Não gosto de entregar jornal, mas é melhor do que entregar pizza, por exemplo, porque sempre chego cedo em casa e posso curtir minha família. Indico a profissão para quem tem filhos, pois não há coisa melhor do que poder acompanhar o crescimento deles. É por isso que trabalho tanto e, além de entregar jornal, sou jardineiro também", diz Mauro Morais, residente há 16 anos em Walton (MA) e natural de Araguari (MG).

Depois de uma semana de longa jornada, os entregadores se reúnem sempre aos domingos para fazer churrasco. Segundo eles, é nesse momento que a vida vale a pena, pois curtir a companhia dos amigos para eles não tem preço ou recompensa maior.

Fonte: (da redação)

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